BELO HORIZONTE - O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), foi surpreendido nesta quinta-feira com o acolhimento, pela Assembleia Legislativa, de um pedido de impeachment que pode resultar na cassação de seu mandato e da suspensão dos direitos políticos por oito anos.
O pedido, enviado há cerca de um mês pelo advogado Mariel Marra, também autor em 2016 de um requerimento para impedir o presidente Michel Temer, foi lido em plenário pelo vice-presidente da Assembleia, Lafayette Andrada (PRB).
Para ser aprovado, caso comissão especial acate o pedido, o processo precisa de 48 votos dos 77 deputados. Pimentel tem maioria na Assembleia, mas o fiel da balança será o PMDB. Com 13 deputados, a maior bancada, o partido pode abalar a maioria de que dispõe o governador — se os peemedebistas virarem a casaca, a base de Pimentel cai de 53 para 40 deputados.
No documento que pede o impeachment, é considerado crime de responsabilidade de Pimentel, pré-candidato à reeleição, o atraso em repasses do duodécimo para prefeituras mineiras e servidores estaduais do Judiciário e da própria Assembleia. Para a Casa, um calote de cerca de R$ 300 milhões atrasou salários de funcionários e parlamentares.
De acordo com a peça, infringe o artigo 158 da Constituição o fato de o repasse desses duodécimos não ter sido feito no dia 20 de cada mês. O governo, no entanto, afirma, em nota, que o pedido é “inconsistente e sem sustentação jurídica”.
Politicamente, o pedido surpreende pelo fato de o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes (PMDB), ser aliado de Pimentel. Ontem, o deputado não esteve presente na Casa, nem quis se pronunciar.
Adalclever e a bancada do PMDB no Legislativo se mantiveram ao lado do governador mesmo com o rompimento, em 2016, de uma ala do partido, liderada pelo vice-governador Antonio Andrade, que representa um grupo de vereadores e prefeitos do interior que acusam Pimentel de falta de repasses.
PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO
O líder do governo, Durval Ângelo (PT), afirmou ter sigo pego de surpresa, e acredita que a denúncia será arquivada por ser fraca. Ele também não considera que esteja havendo desgaste entre Pimentel e Adalclever.
— O relacionamento entre Adalclever e algumas secretarias do governo não está bom. Não é nada entre ele e o Pimentel. Tem mais a ver com o entorno dos dois do que entre os dois — afirmou Durval.
Para Gustavo Corrêa (DEM), líder da minoria, bloco de oposição na Casa, a gota d'água foi o atraso nos repasses para a própria Assembleia.
— Se não acolhesse o pedido, Adalclever ficaria rotulado como o único presidente que atrasou o salário dos servidores na Casa. Aí, com as eleições chegando, os ânimos ficam mais exaltados mesmo — disse Côrrea, que confirmou que a oposição deverá votar a favor do impeachment.
Segundo Lafayette Andrada, o acolhimento será publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial. A partir daí, contam-se 15 dias para a escolha dos membros da Comissão Especial que analisará o pedido.
O QUE DIZ O GOVERNO DE MINAS
Abaixo, leia a íntegra da nota do governo de Minas Gerais sobre o pedido de impeachment contra o governador Fernando Pimentel.
"O governo de Minas viu com estranheza a aceitação do pedido de impeachment, inconsistente e sem sustentação jurídica , mas reconhece esta como uma prerrogativa dos parlamentares mineiros, que saberão analisar o caso com a prudência necessária, respeitando rito e regras próprios estabelecidos pelo regimento interno da Assembleia Legislativa.
Dadas as graves crises financeira e político-institucional por que passa o país e a proximidade das eleições, não é momento para aventuras políticas que coloquem em risco a estabilidade conquistada em Minas Gerais. A concertação e o diálogo construídos até aqui entre as instituições estaduais continuam sendo o caminho mais seguro para a superação de qualquer divergência". (* Especial para O GLOBO)
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