Artesanatos e alimentos variados estão divididos em 20 barracas.
Produtores relatam sua rotina e atividades nos assentamentos.
A Feira Paulista de Assentamentos e Quilombos (Fepaq), em Presidente Prudente, já começou e reúne 20 barracas com produtos variados. Os assentados afirmaram ao G1 que aproveitam a oportunidade para conseguir uma renda extra no fim de ano. De acordo com o supervisor de formação da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), Odjalma Beltramello, além da comercialização, a feira proporciona aprendizado aos assentados.
Morador no assentamento Harondina, em Mirante do Paranapanema, Jonas Ramos da Silva, de 46 anos, se dedica à plantação e artesanatos de buchas naturais. Silva relatou aoG1 que os vegetais recebem cuidados especiais para que cheguem aos clientes “branquinhos”. “Não utilizamos produtos tóxicos. Usamos leite de vaca para expulsar as borboletas que furam a bucha. Elas [buchas] também precisam ficar em um local escuro”, disse. “Nós fazemos a plantação junto com mais nove famílias e após a colheita, parte é separada e enviada para quatro mulheres que fazem artesanato”, afirmou.
Segundo Silva, as artistas transformam os vegetais em materiais diversos, como apoio de panela, porta coisas, guirlandas e Papais Noéis. O produto tem uma grande demanda e é vendido até para fora do Brasil. “Os artesanatos são exportados para os Estados Unidos, só não colocamos no comércio local, porque a produção ainda está baixa”, comentou.
Mas a mão de obra não fica só para o sexo feminino. Silva afirmou que quando “a coisa aperta", os homens também ajudam no artesanato. “Serviços como abrir a bucha, colocar no cilindro e enviar para a forma são feitos pelos homens, mas eu ajudo na costura quando precisa, mas até a hora de fechar a bucha”, alegou o produtor. No momento dos bordados, “mulher tem mais jeito". "Deixamos com elas”, brincou o produtor.
Silva nasceu em Presidente Prudente, morou em outras cidades, mas foi em 1999 que adquiriu as terras no assentamento e começou a se dedicar à produção de buchas, além de leite, hortaliças e pequenas lavouras.
Já no assentamento Lagoinha, em Presidente Epitácio, mora o produtor de mel Gilberto Helmet Knop, de 49 anos. Casado há 18 anos e pai de duas filhas, Knop conta com aproximadamente 40 colmeias que rendem cerca de 75 kg de mel por ano. Ele contou que no início, era apenas um hobby e quando começou a vender seus produtos, percebeu que a renda seria de grande ajuda e manteve a produção.
Descendente de alemão, Knop nasceu em Presidente Venceslau e foi para o assentamento há 15 anos, quando começou a produção. Os produtos finais são o mel silvestre ou cipó uva, produzidos em terras de Anaurilândia (MS), e o mel de eucalipto, recolhidos em Brasilândia (MS). Mas o foco de Knop não está apenas no mel. Sua dedicação também é voltada para a produção de diversos tipos de verduras. Junto com a esposa, Knop também faz conservas de jurubeba, jiló e quiabo, além de doces de leite e de jaca. "São uma delícia", afirmou aoG1.
Para quem não resiste ao pão feito em casa, a barraca de Claudete Soares Brandão Santos, de 48 anos, é uma boa opção. A assentada assou cerca de 30 pães para vender durante os três dias da Fepaq. Moradora no assentamento Nova Pontal, em Rosana, Santos relatou que “mexe com pão desde os 10 anos eu mexo com pão, quando cozinhava com a mãe”. A tradição foi mantida e a dedicação conta com uma produção especial. “Tiro uma noite para fazer. Primeiro reformo o fermento caseiro, no outro dia amasso o pão e no terceiro dia coloco no cilindro e asso”, detalhou Santos.
No entanto, a ocupação da produtora não fica apenas na produção de pães. Santos também retira cerca de 200 kg de café por colheita. Com o auxílio do marido, também faz licores e ainda sobra um tempo para se dedicar a artesanatos e bordar toalhas, fraldas e guardanapos com a “sócia” Ana Santa de Sá Lima, de 63 anos. “É gratificante fazer artesanato”, pontuou Lima.





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