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terça-feira, 19 de março de 2019

Polícia apreende adolescente suspeito de ajudar a planejar massacre a escola em Suzano

Justiça manteve internação provisória de 45 dias na Fundação Casa. Durante a investigação foram analisados os celulares dele e dos dois assassinos e, de acordo com a polícia, os três aparelhos têm conversas claras sobre o planejamento das mortes.


Policiais civis apreenderam, na manhã desta terça-feira (19), o adolescente suspeito de ajudar a planejar o massacre que terminou com dez mortos na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. O jovem de 17 anos foi apreendido em casa e levado ao Instituto Médico Legal (IML) da cidade, onde foi submetido a exame de corpo de delito. De lá, seguiu para o fórum.
O adolescente foi acompanhado dos pais e do advogado Marcelo Feller do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD). Segundo o Tribunal de Justiça (TJ), na audiência foi mantida sua internação provisória, por 45 dias, na Fundação Casa. A unidade em que ele ficará internado não foi divulgada. Ele deixou o fórum em um carro da Polícia Civil por volta das 12h50.
A Fundação Casa esclarece que a vaga de internação provisória para o adolescente envolvido no caso de Suzano, solicitada pela juíza da cidade, foi liberada imediatamente pela Instituição por volta das 11h40 da manhã desta terça-feira (19).
Se terminado o prazo e não houver sentença judicial de internação definitiva, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina a sua liberação. Em caso de sentença de internação definitiva, o prazo máximo é de 3 anos.
Feller afirmou que o adolescente negou ter ajudado a planejar o massacre na escola de Suzano.
“Ele me pareceu um garoto extremamente sincero. Ele foi muito amigo do atirador, depois tiveram um período brigados e voltaram a se falar há poucos meses”, disse Feller. “Para mim, ele negou qualquer participação nesse ato. O que me parece bastante crível pela mensagem que ele manda para o próprio atirador informando o que está acontecendo”.
Apesar disso, o advogado afirmou que essa declaração foi dada a ele e não à Justiça, pois pediu que o adolescente e seus pais ficassem em silêncio e não respondessem às perguntas na audiência de apresentação no fórum. O motivo, segundo Feller, é que ele ainda não teve acesso aos autos do processo.
Feller foi indicado pelo IDDD depois de a Defensoria Pública informar que não poderia defender o adolescente, visto que já está defendendo os interesses das vítimas.
“O que ocorreu hoje aqui foi um teatro processual”, criticou Feller sobre a audiência de apresentação do caso realizada no fórum de Suzano.
O advogado falou que não teve tempo para ter acesso às provas do inquérito e, por isso, foi contra a internação do adolescente. Ele sugeriu que o adolescente ficasse detido em casa com tornozeleira eletrônica, mas a juíza não aceitou.
A audiência de instrução deve ocorrer no dia 26 de março quando as testemunhas serão ouvidas.

Novas evidências

Na quinta-feira (14), o adolescente chegou a se apresentar à Justiça, mas negou a participação e foi liberado. Durante a investigação, porém, foram analisados os celulares dele e dos dois assassinos e, de acordo com a polícia, os três aparelhos têm conversas claras sobre o planejamento das mortes.
Nesta segunda-feira (18), a polícia apresentou ao Ministério Público um relatório com os resultados das buscas feitas na casa do menor. Além disso, a Polícia Civil apresentou à Justiça um documento com 13 tópicos que reforçam a participação do adolescente no planejamento do crime.
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Polícia apreende menor suspeito de envolvimento no massacre de Suzano (SP)
Entre as evidências estão depoimentos como o de uma professora que afirma que, no início do mês, durante uma dinâmica de grupo sobre expectativa de futuro, o adolescente "de forma fria, sem expressar qualquer sentimento, respondeu que seu maior sonho era entrar em uma escola, armado, e atirar em várias pessoas aleatoriamente".
Em outro depoimento, um amigo dele disse que o menor havia dito que tinha planejado o crime com um dos assassinos, mas que não sabia quando seria executado.
Além disso, uma testemunha disse ter visto o menor com a dupla que executou o crime numa locadora de veículos no dia em que eles alugaram o carro usado no crime. Outra evidência foi a apreensão na casa dele de "uma bota estilo coturno, em estado de conservação novo, muito similar às utilizadas pelos autores do crime".
Com base nessas novas evidências e num parecer do promotor Rafael do Val, a juíza Erica Marcelina Cruz, da 1ª Vara de Suzano, determinou a apreensão do adolescente nesta manhã.
Flores em homenagem às vítimas do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano — Foto: Glauco Araújo/G1Flores em homenagem às vítimas do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano — Foto: Glauco Araújo/G1
Flores em homenagem às vítimas do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano — Foto: Glauco Araújo/G1

O ataque

Os assassinos de 17 e 25 anos eram ex-alunos da Escola Estadual Raul Brasil. Na manhã de quarta-feira (13), eles invadiram o colégio e mataram sete pessoas. Antes do massacre, um deles baleou e matou o próprio tio em uma loja de automóveis também em Suzano.
A investigação aponta que, depois do ataque na escola, um dos assassinos matou o comparsa e, em seguida, se suicidou. A polícia diz que os dois tinham um "pacto" segundo o qual cometeriam o crime e depois se suicidariam. Ainda não se sabe a motivação do massacre.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso é investigado pela Delegacia de Suzano, com o apoio do Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa da Seccional de Mogi das Cruzes. Até esta terça, 31 testemunhas foram ouvidas. Elas poderão ser chamadas novamente para prestar depoimento ao longo das investigações.
Ataque em escola de Suzano (atualizada dia 15/3) — Foto: Juliane Monteiro/G1Ataque em escola de Suzano (atualizada dia 15/3) — Foto: Juliane Monteiro/G1
Ataque em escola de Suzano (atualizada dia 15/3) — Foto: Juliane Monteiro/G1

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