Artista morreu aos 67 anos em decorrência de um infarto.
Corpo será cremado em cerimônia fechada na Zona Portuária da cidade.
Familiares, amigos e fãs de José Wilker se despedem do ator e diretor desde a noite de sábado (5). O corpo está sendo velado no Teatro Ipanema, na Zona Sul do Rio. O artista morreu aos 67 anos em decorrência de um infarto. A cerimônia que foi aberta ao público às 23h40, terminou às 14h deste domingo (6). O corpo do ator será cremado às 18h no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária, em evento fechado.
A namorada do ator, Cláudia Montenegro, retornou ao local por volta das 7h15. O ator Marcos Oliveira, que interpreta o personagem Beiçola, na "Grande Família", compareceu ao teatro pouco tempo depois carregando uma rosa branca. Ele disse que era um grande admirador de Wilker.
"Eu não tinha relação de amizade com ele. Sou um admirador e nunca tive o prazer de contracenar com ele. Sempre admirei muito seu trabalho. Era inspirador tudo que ele fez na relação de ator, de comportamento e relacionamento. Então, vim fazer a última homenagem, pois acho que ele merece mais que isso", disse Oliveira.
Genézio de Barros afirmou estar chocado com a morte do amigo José Wilker. “Acabamos de fazer ‘Amor à vida’ e fizemos ‘Gabriela’ também. Pra mim foi um choque. O Zé era um cara incrível, brincalhão, mal humorado, engraçado, era um menino! Me assustou a morte dele, pois temos a mesma idade", disse Barros.
O ator Felipe Camargo falou que Wilker era o ‘Jack Nicholson’ brasileiro. "Ele Sempre foi uma referência pra mim. Referência muito forte. Era o nosso Jack Nicholson. Falei com ele há três semanas e estava do mesmo jeito de sempre, ele estava ótimo. Fica o legado dele. Do jeito que ele gostava de trabalhar, já deve está tendo ideias aonde estiver!”, disse Felipe Camargo.
"Ele foi cedo demais. Em pleno voo. Mas, não poderia ser diferente, não poderia ser uma morte anunciada. A morte foi tão surpreendente quanto a forma em que ele viveu. Estreamos juntos na TV, em ‘Bandeira 2’. Comemorei meus 18 anos com ele. Foi uma amizade intensa. O Wilker não parava de pensar e quis ser o protagonista da vida dele. Criava muito e não se contentava em ser somente autor", afirmou Stepan Nercessian.
A atriz Beth Faria esteve no velório e contou que esteve com Wilker há poucos dias. "Era um irmão, amigo, companheiro de trabalho. Tinha um humor delicioso. Fizemos muitos trabalhos juntos na TV e no cinema. Falei com ele semana passada e ele disse que estava de dieta nova, se cuidando, caminhando com a namorada, estava se sentindo saudável. Não entendo como isso aconteceu", lamentou Beth Faria.
Milton Gonçalves, amigo de Wilker há 50 anos, disse que ele era uma pessoa muito verdadeira.
“Ele era tido como rude, às vezes, mas na verdade, ele era verdadeiro numa sociedade de mentira. Minha amizade com o Wilker durou mais de 50 anos. Só posso falar bem e não é porque morreu não. Às vezes era irritado, mas devemos compreender as pessoas. Ele contribuiu de forma muito positiva para a arte".
Stênio Garcia ressaltou o jeito brincaçlhão de Wilker e disse que o amigo era um exemplo de pessoa. “A última vez que estivemos juntos, ele até brincou, dizendo pra nós nos cuidarmos, pois ele estava fazendo alimentação ayurvédica. Ele estava sendo um exemplo de saúde para nós. Vai fazer uma falta incrível! Era sarcástico, mas era brincalhão. Eu já encontrei com ele em diversas partes do mundo", contou Stênio Garcia.
A atriz Vera Holtz disse que o amigo está sempre em sua vida. “O Zé ainda não é lembrança, nem saudade. É uma lembrança constante em nossas vidas. Sempre manteve o humor e sempre foi um homem de opinião. A opinião dele em época de Copa e eleição fará falta”, disse Vera Holtz.
Beth Goulart estava muito emocionada quando chegou ao velório do ator. “Wilker era um homem que representava a arte brasileira para o mundo. Ele tinha muitas frentes de trabalho. É muito difícil estar aqui, mas a Mariana [filha de Wilker] me enviou um e-mail tão lindo quando perdi meu pai, que eu tinha que estar aqui para dar um abraço nela”, contou a atriz.
Rafael Infante trabalhou com José Wilker na peça “Remember” e falou com carinho do ator. “Ele tinha noção do jeito de falar, a sutileza da comédia. Ele tinha respeito por cada palavra. Era um gênio. O Roque Santeiro foi muito marcante com aquele deboche. Ele deixa a seriedade de encarar a profissão para todos nós atores”, afirmou Infante.
"Perdemos um colega, um amigo, um homem elegante, um homem culto de quem a gente se orgulhava. Ele cumpriu a missão dele lindamente. Dizem que a missão de um homem é profissão dele. Ele cumpriu a dele e teve a partida eleita pelos deuses. Ele partiu tranquilo", falou Arlete Sales.
Gracindo Júnior definiu Wilker como um "orgulho" para os profissionais da área. "É a perda de um grande amigo. Era da minha geração de atores, um mestre. Ele deixou uma história bonita. Pessoa assim é um orgulho que eu tenho pela minha profissão e que todos atores devem se orgulhar", afirmou Gracindo Júnior.
Muitos colegas de profissão já passaram pelo local desde sábado. Entre eles, os atores Tony Ramos, Renata Sorrah, Ary Fontoura, Giulia Gam, Marieta Severo, Eriberto Leão, Vera Holtz, Natália do Vale, Susana Vieira, Malu Mader, Glória Pires e Marcelo Serrado.
“Eu sou a maior viúva de todas as atrizes. Que me desculpem os outros atores, mas o Wilker era especial”, disse Susana Vieira, que lembrou o personagem Giovane Improta, da novela ‘Senhora do destino’, que sempre dizia “Se precisar, estou aqui”. “Como pessoa ele sempre foi assim. Sempre disponível para os amigos. Vou aproveitar vocês [jornalistas] para mandar um recadinho para ele. Zé, fica aí, bem bonitinho, com sua meinha colorida, seu tênis cor de rosa. Não sei onde você está, mas fica aí, bem bonitinho”, disse a atriz, que prometeu escrever uma crônica sobre o amigo.
Fã viaja 700 quilômetros para se despedir
A primeira fã a chegar no velório neste domingo foi a arquiteta Ana Buarque. Vizinha ao teatro, ela disse que ficou emocionada quando soube da notícia. "Eu o admirava muito pelo talento e voz. Como moro ao lado e vi que ontem havia fila, então desci para prestar minha homenagem assim que acordei", contou Ana Buarque.
A primeira fã a chegar no velório neste domingo foi a arquiteta Ana Buarque. Vizinha ao teatro, ela disse que ficou emocionada quando soube da notícia. "Eu o admirava muito pelo talento e voz. Como moro ao lado e vi que ontem havia fila, então desci para prestar minha homenagem assim que acordei", contou Ana Buarque.
A dona de casa Rosana Aparecida da Silva, de 53 anos, e a filha contaram que viajaram 700 quilômetros para acompanhar o velório de Wilker. Elas moram em São Roque, no interior de São Paulo.
"Há pessoas que fazem tanto pela gente e José Wilker era uma dessas pessoas. Ele transmitia ser bom caráter e seus papéis sempre me emocionavam ou divertiam, como o Vadinho e JK", contou Rosana Silva.
Rosana contou que em sua família Wilker era chamado por todos de "rouba-cena". "Tudo que ele fazia era perfeito", opinou. Ela lamentou não ter visto o artista pessoalmente ainda em vida. "Eu sempre dizia que iria a São Paulo ver uma peça dele. A gente fica adiando até que um dia não tem mais o depois"
O teatro, segundo familiares, foi escolhido porque lá Wilker deu início à carreira de ator, na peça "O arquiteto e o imperador da Assíria", em 1970 — o artista foi premiado pela sua interpretação.
Começo
José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1946 e se mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino, caixeiro viajante.
José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1946 e se mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino, caixeiro viajante.
O primeiro trabalho de Wilker foi com apenas 13 anos, como figurante no teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife. "Ficava por ali aguardando alguma ponta", lembrou ele em depoimento ao site Memória Globo. A aparição inicial foi como cobrador de jornal na peça "Um bonde chamado desejo", de Tennessee Williams.
Sua carreira no teatro começou no Movimento de Cultura Popular (MCP) do Partido Comunista, onde dirigiu espetáculos pelo sertão e realizou documentários sobre cultura popular. Em 1967, Wilker se mudou para o Rio para estudar Sociologia na PUC, mas abandonou o curso para se dedicar exclusivamente ao teatro.
Em 1970, após ganhar o prêmio Molière de Melhor Ator pela peça "O arquiteto e o imperador da Assíria", foi convidado pelo escritor Dias Gomes o para o elenco de "Bandeira 2" (1971), sua primeira novela. Seu personagem foi Zelito, um dos filhos do bicheiro Tucão (Paulo Gracindo).
"Eu fazia teatro há dez anos, não tinha nada. Uma semana depois de estar no ar, eu era um cara com uma conta no banco, identidade, residência fixa e reconhecimento na rua. A resposta era muito imediata, intensa. Acabei gostando", afirmou Wilker ao Memória Globo.
Ele interpretou o seu primeiro papel principal na TV em 1975: foi Mundinho Falcão em "Gabriela", adaptação de Walter George Durst do romance de Jorge Amado, um marco na história da teledramaturgia brasileira.
Personagens conhecidos
Wilker tem em seu currículo personagens memoráveis, como o jovem Rodrigo, protagonista da novela "Anjo mau" (1976), de Cassiano Gabus Mendes.
Wilker tem em seu currículo personagens memoráveis, como o jovem Rodrigo, protagonista da novela "Anjo mau" (1976), de Cassiano Gabus Mendes.
Em 1985, viveu Roque Santeiro, personagem central da trama homônima escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Em 2004 interpretou o ex-bicheiro Giovanni Improtta, de "Senhora do destino", de Aguinaldo Silva, um personagem com diversos bordões como “felomenal” e “o tempo ruge, e a Sapucaí é grande”.
O artista dirigiu o humorístico "Sai de baixo" (1996) e as novelas "Louco amor" (1983), de Gilberto Braga, e "Transas e caretas" (1984), de Lauro César Muniz. Durante uma rápida passagem pela extinta TV Manchete, acumulou direção e atuação em duas novelas: "Carmem" (1987), de Gloria Perez, e "Corpo santo" (1987), de José Louzeiro.
Apaixonado pelo cinema, o ator participou de filmes como "Xica da Silva" (1976) e "Bye bye Brasil" (1979), ambos de Cacá Diegues, "Dona Flor e seus dois maridos" (1976) e "O homem da capa preta" (1985). Fez ainda o personagem Antônio Conselheiro em "Guerra de Canudos" (1997), de Sérgio Rezende. Além disso, foi diretor-presidente da Riofilme.
Wilker também se destacou em minisséries como "Anos rebeldes" (1992), de Gilberto Braga; "Agosto" (1993), adaptada da obra de Rubem Fonseca; e "A muralha" (2000), escrita por Maria Adelaide Amaral e João Emanuel Carneiro.
Em 2006, interpretou o presidente Juscelino Kubitschek na minissérie "JK", de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira. O artista ainda escreveu textos para revistas e jornais e comentou a cerimônia do Oscar durante vários anos, para a TV Globo e para a GloboNews.
José Wilker deixa duas filhas. Mariana, com a atriz Renée de Vielmond, e Isabel, com a também atriz Mônica Torres. No Facebook, Isabel escreveu uma declaração para o pai e agradeceu as mensagens de apoio: "Só tenho amor, muito amor, e agora saudades, sempre. Obrigada a todos pelo carinho", postou, junto com uma foto.
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