Foram registradas 1.200 reclamações sobre votos fictícios e outras queixas.
Apesar de problemas 'pontuais', processo foi considerado bem-sucedido.
Os três favoritos à presidência afegã denunciaram neste domingo (6) irregularidades e fraudes nas eleições realizadas na véspera no país, embora tenham saudado o entusiasmo dos eleitores que compareceram em massa às urnas, apesar das ameaças dos talibãs.
De Cabul a Kandahar, os afegãos se mobilizaram no sábado (5) no primeiro turno desta eleição para eleger o sucessor do presidente atual, Hamid Karzai.
Esta primeira transferência de poder de um presidente afegão eleito democraticamente para outro é considerada uma prova decisiva para um país que deverá demonstrar sua estabilidade quando as forças da coalizão abandonarem o país, no fim do ano.
Apesar das ameaças dos talibãs e dos temores de uma forte abstenção, a eleição atraiu um grande número de eleitores.
"Foi um grande dia para a democracia no Afeganistão", declarou no domingo Zalmai Rasul, um dos três favoritos da disputa, em uma coletiva de imprensa em Cabul. Mas "evidentemente, ocorreram problemas em alguns locais", acrescentou este ex-ministro das Relações Exteriores, considerado o candidato do presidente Karzai.
"Estes problemas foram transmitidos à Comissão Eleitoral de Queixas (CEQ) e é seu dever dar uma resposta para que a votação não seja distorcida", declarou, sem fornecer detalhes sobre os problemas levantados. "Um presidente eleito através de fraude não será aceito no Afeganistão", advertiu.
1.200 reclamações
A Comissão Eleitoral de Queixas indicou neste domingo ter recebido mais de 1.200 reclamações sobre votos fictícios, escassez de cédulas e inclusive de eleitores influenciados.
Outro candidato, Ashraf Ghani, ex-ministro das Finanças, enumerou problemas similares. "Recebemos informações de fraudes graves em vários lugares. Tudo foi listado e será transmitido à CEQ para ser investigado", escreveu Ghani no Twitter.
Além disso, Abdullah Abdullah, o terceiro favorito nestas eleições que contam com oito aspirantes, classificou o processo de grande sucesso, embora tenha estimado que não esteve "isento de irregularidades".
A comunidade internacional saudou a mobilização dos afegãos, uma mostra dos progressos realizados desde a queda dos talibãs, em 2001.
O Conselho de Segurança da ONU elogiou a "valentia dos afegãos que votaram, apesar das ameaças e da intimidação dos talibãs e de outros grupos extremistas e terroristas".
As eleições representam outro marco importante "na tomada completa de responsabilidade por parte dos afegãos de seu país", declarou a Casa Branca.
Caminhão que transportava cédulas é atacado
Embora não tenham ocorrido muitos incidentes durante as eleições, ao menos 20 pessoas (quatro civis e 16 membros das forças afegãs) morreram no sábado (5).
"O dia de ontem foi intenso para nós", declarou à AFP Emanuele Nannini, uma funcionária da ONG Emergency, que administra três hospitais no país.
"Cerca de 30 pacientes (...) foram internados em nossos hospitais (...). É um número muito alto para esta época do ano", disse.
As autoridades eleitorais afegãs contavam os votos neste domingo, uma operação delicada que pode ser alvo de múltiplas impugnações.
Um caminhão que transportava cédulas de votação foi destruído neste domingo por uma bomba de fabricação caseira na província de Kunduz (norte), deixando três mortos, segundo a polícia local.
O chefe da seção local da comissão eleitoral independente, Amir Amza Ahmadzai, confirmou o incidente, mas ressaltou que as cédulas já haviam sido contabilizadas.
Os resultados preliminares deste primeiro turno serão divulgados no dia 24 de abril e um eventual segundo turno está previsto para o dia 28 de maio.
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