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terça-feira, 20 de agosto de 2019

Sequestrador de ônibus na Ponte Rio-Niterói é morto; foram três horas e meia de cerco

Ainda não se sabe qual foi a motivação do criminoso, que ameaçava colocar fogo no veículo. Ele fez 37 reféns; todos foram libertados sem ferimentos.


Um criminoso fez 37 reféns dentro de um ônibus por três horas e meia - a maior parte na Ponte Rio-Niterói - nesta terça-feira (20).
Às 9h04, o sequestrador, identificado como Willian Augusto da Silva, foi baleado por um atirador de elite ao descer do coletivo.
Às 9h18, a PM afirmou que o sequestrador estava morto e que todos os reféns passavam bem. A arma que ele portava era de brinquedo.
O bandido anunciara o sequestro às 5h25. Meia hora depois, já na Ponte, ele ordenou ao condutor para atravessar o veículo na pista sentido Rio. Seis pessoas foram libertadas ao longo das negociações.
O trânsito para o Rio ficou fechado desde as 6h. Às 7h20, também foi interditada a pista oposta.
Não se sabe a motivação do sequestrador, mas a PM considera que a ação foi premeditada.

Resumo

  • O sequestro foi anunciado às 5h26; pouco antes das 6h, o ônibus foi atravessado na pista sentido Rio da Ponte;
  • O criminoso ameaçava incendiar o veículo;
  • Seis pessoas foram liberadas, quatro mulheres - uma delas desmaiada - e dois homens;
  • Às 9h04, o atirador desceu do ônibus e foi morto por um atirador de elite.
"Temos um homem que se identificou como policial militar. Ele está ameaçando jogar gasolina no ônibus, colocando os passageiros em perigo. Não sabemos qual o real propósito dele", explicou Sheila Sena, porta-voz da PRF, ainda no início do caso.
Veja 9 momentos do cerco ao ônibus na Ponte Rio-Niterói
G1 RJ
00:00/02:28
Veja 9 momentos do cerco ao ônibus na Ponte Rio-Niterói

Especialista diz que ação foi 'perfeita'

O especialista em gerenciamento de crise, José Ricardo Bandeira, disse que a ação da polícia diante do sequestro na Ponte Rio-Niterói foi ‘perfeita’.
“Pela ótica da ação tática e operacional foi perfeito. Eles agiram da forma correta desde o começo”, destacou o especialista.
“Até então, a gente acreditava que ele iria se render, mas, ao retornar para o coletivo, ele pode ter mudado de ideia. O gestor de crise ou o próprio sniper pode ter decidido alvejar porque, ao retornar para o coletivo, ele coloca de novo os reféns em risco. Ele estava fora do coletivo e a polícia jamais iria permitir que ele voltasse. Ele teria que ter se rendido naquele momento”, explicou José Ricardo Bandeira.

Sequestrador parecia desorientado

O porta-voz da PM, Coronel Mauro Fliess, afirmou que considera a hipótese de o sequestro do veículo ter sido premeditado. Segundo informações dos policiais militares que estavam no local, o homem parecia desorientado.
O criminoso se identificou como PM, mas ele não pertencia à corporação.
Esta linha sai do Jardim Alcântara, em São Gonçalo, na Região Metropolitana, e vai até o Estácio, na região central do Rio. Ela é a única linha que cobre os bairros do Rocha, Columbandê, Lindo Parque e Galo Branco em direção ao Rio.

Mulher de refém relatou drama

A esposa de um dos reféns contou ao vivo no Bom Dia Rio que o marido lhe avisou do sequestro.
“Sempre roubam carteira e celular, mas esse tipo de coisa nunca aconteceu”, destacou Eliziane Terra.
“Ele saiu para trabalhar 4h30. Quando foi por volta de 5h26 ele me mandou uma mensagem dizendo que o ônibus estava sendo sequestrado, ‘estamos indo para a ponte’. A princípio eu pensei que era um assalto. Eu levantei, acordei o meu filho e disse: ‘seu pai está sendo assaltado’”, revelou.

Linha do tempo

  • Às 6h19, a primeira refém foi liberada.
  • Às 6h31, um homem com uma máscara jogou algo pegando fogo para fora.
  • Às 6h38, a segunda passageira foi liberada do veículo. Mais cedo, outra mulher havia saído do veículo.
  • Às 6h53, negociadores do Batalhão de Operações Especiais (Bope) chegaram ao local para ajudar no diálogo com o sequestrador do ônibus, segundo informações de Mauro Fliess, porta-voz da Polícia Militar.
  • Às 7h04, um homem saiu de dentro do veículo e chegou a ser revistado.
  • Às 7h20, a terceira mulher foi solta.
  • Às 7h45, o sequestrador desceu do ônibus, disse algo aos negociadores e voltou ao coletivo.
  • Às 7h50, o Batalhão de Operações Especiais assumiu as negociações.
  • Às 7h58, um segundo homem foi libertado.
  • Às 8h06, o sequestrador jogou uma caixa para fora do ônibus.
  • Às 8h20, a quarta mulher foi liberada. Ela estava desmaiada.
  • Às 8h30, uma reversível foi montada para quem estava preso na Ponte 
  • pudesse retornar.
  • Às 8h42, o governador Wilson Witzel escreveu nas redes sociais: "Estou em contato direto com o comando da Polícia Militar, que trabalha para encerrar o caso da melhor maneira possível. A prioridade absoluta é a proteção dos reféns."
  • Às 9h04, um atirador de precisão neutralizou o criminoso.

Aumento no número de roubos

O número de assaltos a ônibus cresceu 21,6% no Estado do Rio de Janeiro. Do início ano a abril, houve mais de 5,8 mil casos. Em média, o resultado significa um assalto a cada 30 minutos.
No Município do Rio, foram mais de 3,8 mil roubos em ônibus no período, um aumento de 40% em comparação aos quatro primeiros meses de 2018.
No Centro da cidade, na área coberta pela delegacia da Rua Mem de Sá, o número subiu de 32, de janeiro a abril do ano passado, para 161, no mesmo período deste ano, o que representa um aumento de 400% nas ocorrências.
Na área da Praça Mauá, o aumento foi de mais de 300% no mesmo período. E na região da Penha, na Zona Norte do Rio, de 250%.



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