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quinta-feira, 4 de abril de 2019

Com 'grana curta e medo do futuro' cresce procura por carros usados em MS, diz economista

Instabilidade profissional também é motivo de receio na hora de financiar um veículo a longo prazo.


A venda de veículos usados registrou leve alta de 0,76% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (2) pela Fenauto, a associação das revendedoras.
Em Mato Grosso do Sul, a preferência por modelos semi-novos também cresceu, segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Sérgio Torres: "Hoje a população está tão bem informada sobre a necessidade de controlar gastos domésticos e pessoais, que os negócios a longo prazo não são mais uma aposta. A grana curta e o medo do futuro, da instabilidade econômica e trabalhista, faz com que a ideia de comprar um semi-novo à vista ou com parcelas que caibam no bolso seja mais segura do que financiar um carro zero a prazo", explica.
Após bater o carro há 1 mês, o técnico em tecnologia da informação Matheus Silva não tem condições de investir em outro. Com um bebê de 1 ano e a esposa desempregada, ele busca opções entre carros usados: "Só conseguimos levantar dinheiro suficiente para um carro a partir de 2010, que possa servir para fazer um extra como motorista de aplicativo. O financiamento não é uma opção porque já temos outras dívidas, precisamos de algo que caiba no bolso", explica.
Nesta sexta-feira começa em Campo Grande um feirão com mais de mil carros usados disponíveis para venda, evento aguardado pelo policial militar Rafael Reis. Casado e com 3 filhos, ele usa o carro 2005 para trabalhar e passear com a família aos finais de semana. Rafael está juntando dinheiro há um ano para comprar um veículo mais novo, a partir de 2010, que espera encontrar no Feirão.
“Eu tenho procurado bastante na internet, mas não encontrei bem o que carro que estou atrás. Fiquei sabendo do Feirão e vou lá com a minha esposa para ver se finalmente encontro. Faço questão de levar ela, porque é ela que ‘bate o martelo’, comentou o PM.
O arquiteto Ângelo Facioni também quer trocar de carro, e para isso, apelou para a criatividade. Ele colocou o carro 2010/11 da família à venda com um anúncio que anda chamando atenção pelas ruas da capital. Os tradicionais “vende-se” ou “vende”, deu lugar ao “me compre”.

“Todo mundo coloca os mesmos anúncios, aí eu resolvi inovar. Tem chamado bastante atenção. As pessoas passam e ficam olhando e algumas já me pararam nas ruas para perguntar do anúncio”, disse o arquiteto.
Ângelo pretende levar o carro ao Feirão para negociar em algum do mesmo modelo, mais novo, ano 2015 ou 2016. A diferença de valores poderá ser financiada, segundo ele.
O economista aponta que o Feirão é uma boa oportunidade, já que hoje é possível que o consumidor pesquise a procedência do veículo e da empresa com quem está negociando, tendo a certeza de fazer uma transação segura: "Um ponto importante para quem está com pouco poder de compra é calcular os juros reais do veículo, para ter certeza de que a parcela não vai apertar demais o orçamento, e se puder comprar à vista, é sempre a melhor opção", afirma.
O Feirão acontece no Albano Franco nesta sexta, das 8h às 20h, e no domingo até as 14h. Os interessados podem conferir as ofertas com antecedência pela internet.

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