Operação Zaragata cumpre 10 mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão. Investigações da PF com a CGU, MPF e MPRR revelaram fraudes em licitações e cobrança de propinas.
A deputada estadual eleita Ione Pedroso (Solidariedade) foi presa nesta sexta-feira (14) em operação da Polícia Federal contra desvio no transporte escolar em Roraima. A ação, batizada de Zaragata, cumpre 10 mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão em Boa Vista.
A deputada foi presa em casa, no bairro Paraviana, área nobre da cidade, por volta das 7h (9h de Brasília) e levada à sede da PF. Ela teria ligação com uma das empresas investigadas. A defesa diz que "não tem nada a declarar". Esta é a segunda prisão de deputado eleito em ação da PF e ocorre no dia em que haverá diplomação dos políticos eleitos no estado.
Outro alvo da ação foi o ex-secretário adjunto da Fazenda Shiská Pereira. Como já estava preso em razão de outra operação da PF que investigou desvio na merenda escolar o mandado foi cumprido no Comando de Policiamento da Capital (CPC), onde ele está detido. O advogado dele informou que que só vai se manifestar quando tiver acesso aos autos.
De acordo com a polícia, os envolvidos no esquema de desvio falsificavam documentos de prestação de serviços e licitações. Em só um dos contratos investigados, orçado em R$ 78 milhões, os pagamentos irregulares chegavam a R$ 50 milhões. Entre os envolvidos há servidores públicos e empresários.
"Em alguns casos, certa empresa era contratada para fazer rotas de transporte já prestadas por outra empresa, a qual efetivamente prestava o serviço. Ou ainda, uma mesma empresa era contratada várias vezes para a mesma rota, recebendo vários pagamentos por uma mesma prestação", detalhou a PF.
Por telefone, o advogado da governadora afastada Suely Campos (PP), informou que não vai se manifestar porque sua cliente não é alvo da operação. O governo de intervenção foi procurado e o G1 aguarda retorno.
Segundo as investigações, empresas resposáveis pelo transporte também eram obrigadas a repassar até 15% do valor das faturas em propina para conseguirem ser pagas pelo governo.
As investigações começaram em agosto para apurar contratações emergenciais do governo por meio de dispensa de licitação com recursos do Fundeb.
PF cumpre mandados de busca e apreensão em ação de combate a desvio em recursos do transporte escolar — Foto: Divulgação/PF
O Ministério Público Federal, a Controladoria-Geral da União e o Ministério Público Estadual de Roraima atuam em conjunto. O nome da operação faz alusão ao estado de desordem em que se encontra tanto a prestação dos serviços de transporte quanto os próprios contratos públicos.
Neste ano, uma paralisação de terceirizadas de transporte escolarafetou mais de 30 mil alunos, segundo a Cooperativa do Transporte Escolar de Roraima, levando em alguns casos até mesmo ao adiamento do ano letivo de 2018 para o ano que vem.
*Colaborou Alexandre Hisayasu da Rede Amazônica.
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