Criança era fruto de relação extraconjugal. Defesa alega que ela sofria de transtorno psicológico; MP defende condenação por homicídio.
A professora Márcia Zacarelli Bersaneti, de 37 anos, acusada de matar a filha recém-nascida e guardar o corpo em um escaninho por cinco anos, enfrenta o júri popular nesta quarta-feira (1) no Fórum Cível de Goiânia. A defesa alega que, no momento do crime, ela sofria de um transtorno psicológico. Já o Ministério Público defende que ela é totalmente apta para responder por seus atos e pede a condenação dela pelo homicídio.
"O que aconteceu foi um infanticídio. Ela sofria de uma psicose neural, muito abalada porque sofria agressões do marido e do amante, então não tinha estrutura financeira, psicológica e emocional", disse o advogado dela, Paulo Roberto Borges da Silva.
A professora foi presa no dia 9 de agosto de 2016, quando o ex-marido dela encontrou o corpo do bebê no escaninho do prédio em que a mulher morava. Após ser detida, a mulher confessou que a matou e escondeu o cadáver no local.
Ela deu à luz uma menina no dia 15 de março de 2011. Segundo as investigações, ela ligou para um amigo que a levou para o hospital quando começou a sentir contrações. Esse amigo ainda deu R$ 3 mil para que a professora fizesse o parto cesárea.
A criança nasceu saudável e, um dia após o parto, realizado em uma maternidade particular da capital, a professora recebeu alta.
Ela foi denunciada por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Porém, a defesa quer mudança no tipo de crime. Caso haja a mudança na tipificação penal, a pena será menor. Por homicídio, ela pode ser condenada a até 30 anos. Já por infanticídio, a pena máxima é de 6 anos.
O Ministério Público discorda da alegação do advogado. "Um laudo da junta médica aponta que ela era perfeitamente capaz de responder pelos atos na época do crime. E ela não apresenta uma única versão para os fatos, já mudou algumas vezes. Mas temos provas suficientes para pedir a condenação pelo homicídio", disse o promotor José Eduardo Veiga Braga Filho.
Márcia chegou ao fórum acompanhada de advogados e abraçada à filha, de 12 anos, que será ouvida como testemunha. A adolescente chorava muito e foi amparada pela mãe na entrada do tribunal.
O juiz Jesseir Coelho disse que o caso chama a atenção pela forma como aconteceu. "Dos oito anos em que presido o tribunal do júri, essa é a primeira vez que vejo um caso como esse. É uma situação atípica uma mãe matar um recém-nascido é guardar o corpo por tanto tempo", disse.
Jesseir disse ainda que, mesmo se condenada hoje, ela terá o direito de recorrer da sentença em liberdade.
Confissão em vídeo
Um vídeo feito pela Polícia Civil mostra o depoimento da professora após a prisão. Na gravação, ela deu detalhes de como cometeu o crime e diz que não queria fazer mal à criança. No entanto, descreveu como asfixiou o bebê.
"Na rua, andando, eu não sabia mais o que fazer. Ela começou a chorar. Estava começando a chover. Eu olhava para ela, depois ela dormiu de novo [respira fundo]. Apertei o narizinho dela", disse na ocasião.
No registro, a mulher chora por diversas vezes. Quando deixou a maternidade com a filha nos braços, a mulher contou que pegou um táxi e parou em uma praça "sem saber o que fazer".
Nesse momento, alegou que não tinha intenção de matar a filha, mas diz que ficou com "medo".
Logo em seguida, a mulher afirmou que tem consciência do que fez, mas que é uma boa pessoa. "Eu sei que feri alguém, mas o senhor pode me perguntar, sou uma excelente mãe e sempre fui", comentou.
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