JOANESBURGO — O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse há pouco que as informações prestadas pelo governo da Nicarágua sobre a morte da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima no conflito interno daquele país “até agora são extremamente insuficientes”. Segundo a polícia nicaraguense, a jovem pernambucana teria sido atingida por um “guarda de segurança privada”, e não pelos grupos paramilitares pró-governo que dominam o bairro de classe média alta de Manágua onde ela foi baleada.
— A notícia que dá o governo da Nicarágua é que foi um guarda de segurança particular. Quem foi? Qual é o calibre da arma? Em que circunstância isso ocorreu? Não houve até agora um esclarecimento desse episódio e nós vamos insistir porque isso nos parece uma coisa absolutamente inaceitável — afirmou em entrevista coletiva após participar da cúpula dos Brics.
Ele lembrou que o governo chamou o embaixador da Nicarágua no Brasil para que fossem dadas explicações sobre o caso. Na quinta-feira, o Itamaraty disse que a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Del Carmen Martinez, repetiu a versão da polícia sobre o crime.
— Esse é um gesto diplomático que marca o profundo inconformismo do Brasil com a violência na Nicarágua, que acabou por vitimar uma brasileira. Fizemos apelos já na Organização dos Estados Americanos (OEA) para que houvesse um diálogo que pusesse fim à violência. Não apenas a violência das forças policiais, mas também talvez a violência mais ultrajante, que é a violência das forças paramilitares contra movimentos que buscam a reforma política nesse país. E vamos continuar trabalhando nesse sentido.
Questionado se o governo da Nicarágua teria credibilidade para dar informações, Aloysio disse que "depende das explicações que nos derem. Nós estamos insistindo para que nos deem as informações e, conforme as informações que derem, vamos continuar insistindo e vamos tomar outras medidas no âmbito multilateral”.
Além do Itamaraty, defensores de direitos humanos pressionam o governo de Daniel Ortega a explicar, sobretudo, qual modelo de arma foi usado para matar a estudante de Medicina e onde está o seu carro, desaparecido desde segunda-feira. Críticos acusam autoridades de deliberadamente eliminar provas que possam contrariar a versão oferecida por Manágua.
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