André Martins contou detalhes do crime bárbaro contra Débora Bessa, de 19 anos. Ele afirma que não recebeu ordem de facção para matar a vítima: 'não era santa'.
De forma fria, o homem acusado de decapitar a jovem Débora Bessa, de 19 anos, contou detalhes do crime na Delegacia de Homicídios de Rio Branco nesta terça-feira (30) . Ele afirmou que matou a jovem por vingança e chegou a perdir perdão à sociedade.
André de Souza Martins, de 28 anos, foi preso no final da tarde de segunda-feira (29) na Estrada de Porto Acre, interior do estado. Ele afirma que a vítima foi morta porque tinha envolvimento no assassinato do irmão dele, em 2013, e não por ordem de facção.
"Não recebi ordens. Foi porque ela matou meu irmão. Em 2013 armou com os irmãos dela e levaram meu irmão, esquartejaram. Não fiz isso com ela [esquartejar], fiz só isso que viram no vídeo", o suspeito de matar Débora durante apresentação nesta terça.
Débora estava desaparecida desde o último dia 9 de janeiro e foi encontrada pela família no sábado (13) em uma região de mata no bairro Caladinho, em Rio Branco. A irmã da vítima, a secretária Sarah Freitas Bessa, de 21 anos, e outros parentes faziam buscas por conta própria e acabaram encontrando o corpo da jovem.
A polícia anunciou, na sexta (26), que utilizava um vídeo da decapitação para identificar os autores do crime. Nas imagens, Débora aparece de joelhos e diz que não fez nada de mal. Mas, um dos homens, que estava com um facão, manda ela olhar para a câmera e fala que ela “estava matando os irmãos” dele.
Como a vítima foi atraída
Martins explicou que soube que Débora tinha se desligado de uma facção rival e a encontrou em um grupo de WhatsApp.
Para atrair a jovem, o suspeito a chamou em uma conversa privada e perguntou se ela precisava de algo. Débora disse que queria drogas e uma arma, então, Martins a convidou para buscar a droga na casa dele, no bairro Caladinho.
A versão do acusado contraria a da irmã de Débora, que garantiu que a jovem ia visitar o filho no dia do crime.
“Ela disse ‘mano, estou precisando de drogas e arma’. Falei que arma não tinha, mas droga sim. Ajeitei um papel com plástico e mostrei para ela vim buscar. Quando chegou lá, levei para o lugar que era para acontecer. Matei ela por vingança, jamais ia fazer isso por causa de mandado, até porque tenho sete filhos para criar e não ia fazer isso porque alguém mandou. Acabou com minha vida, minha mãe hoje toma remédio controlado porque viu o filho sendo esquartejado", afirmou.
Sobre a participação de outras pessoas no crime, inclusive um menor de 17 anos que se entregou na sexta (26), Martins alegou que convidou os demais envolvidos apenas para filmar, mas o adolescente de 17 anos resolveu também furar a vítima com uma faca. Questionado sobre a forma bárbara como matou Débora, o suspeito disse que está arrependido por causa dos filhos.
“O outro irmão [menor] que se equivocou e furou ela. Foi só eu. Tenho noção do crime que pratiquei. Que vocês me perdoem. O que fiz não é certo, mas ela acabou com minha vida, com a vida da minha mãe e de muitas outras pessoas. Todo mundo sabe que ela não era santa. Era uma mulher, mas muito perigosa. Sei que o que fiz não é certo e quero que Deus me perdoe”, disse.
Débora participou de execuções, diz secretário
O delegado responsável pelas investigações, Cristiano Bastos, explicou que a polícia encontrou o vídeo da decapitação em um celular apreendido. Os suspeitos foram indentificados pelas imagens e a polícia pediu a prisão deles ao Judiciário. Bastos falou que cerca de cinco pessoas participaram do crime - duas na execução e outras três filmando.
“Conseguimos fortes elementos probatórios confirmando a autoria, apreendemos o celular que possivelmente fez a filmagem, as roupas utilizadas no momento do crime e uma arma de fogo que aparece no momento [vídeo]”, acrescentou.
O secretário de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias, afirmou ainda que há indícios de que Débora tenha participado de execuções em membros da facção rival, inclusive com filmagens.
“A Débora era de facção rival e há indícios de que tenha participado de crimes contra a facção que ela foi executada. Inclusive, em situação de filmagens idênticasa a que ocorreu", afirma.
Ele garantiu que vai pedir que André Martins seja instalado no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no presídio.
"Um crime como esse causa uma repulsa e passa a ruir a paz social e tínhamos que prendê-los. Quem pratica esse tipo de crime tem logo que alcançar as barras da cadeia e o Estado tem que agir rapidamente. Vamos conversar ainda com o Judiciário e Ministério Público para que não tenha nenhuma visita íntima por, pelo menos, uns dois anos", concluiu.
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