Pontífice participou dos acordos políticos mais importantes dos últimos anos
ROMA - O papa Francisco estaria trabalhando para mediar a crise entre os EUA e a Coreia do Norte, disse o jornal italiano "La Repubblica" nesta segunda-feira. Segundo "La Repubblica", o Vaticano quer chegar a uma resolução que impeça milhares de mortes e mude o equilíbrio do mundo.Uma das fontes entrevistadas informou que "chamar a atenção sobre o uso nuclear como instrumento de morte e encontrar uma estrada para eliminá-lo é uma das prioridades do Papa".
"O sinal tangível da intervenção papal na crise norte-coreana é a reunião mundial para o desarmamento nuclear, desejada pelo papa Francisco, que ocorre em 10 e 11 de novembro. Está prevista a participação também de 11 Prêmios Nobel da Paz", escreveu o jornal.
Representando o Vaticano, estarão presentes o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, e o prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Tukson. O Pontífice fará o discurso de abertura. Também estarão presentes no encontro representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O delegado da Santa Sé para políticas de desarme nuclear, monsenhor Silvano Tomasi, afirmou que o encontro já estava planejado antes que as manchetes dos jornais fossem sobre a Coreia do Norte, mas que é evidente que agora todos estão perante ao risco do uso de armas atômicas.
O Papa intermediou alguns dos acordos políticos mais importantes dos últimos anos, como a reaproximação diplomática entre os EUA, durante o governo de Barack Obama, e Cuba, pondo fim a mais de 50 anos de crise política. O líder da Igreja Católica também teve papel essencial na resolução entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Com a ajuda de Francisco, foi possível chegar a um acordo que colocou fim a 54 anos de conflitos, na mais longa batalha da América do Sul. Bergoglio também enviou representantes para tentar mediar a crise na Venezuela, mas as primeiras negociações fracassaram no ano passado.
Uma série de testes de armas do regime norte-coreano junto com a troca de farpas verbais entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, aumentaram as tensões entre os dois países. Trump chegou à Casa Branca declarando seu compromisso em resolver a crise norte-coreana e garantindo que teria o êxito que seus antecessores não tiveram. Seu governo já tenta pressionar a Coreia do Norte com sanções no Conselho de Segurança da ONU e outros esforços diplomáticos, mas o regime asiático não recua em seu objetivo de conseguir um arsenal nuclear com mísseis capazes de alcançar o território continental americano.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, afirmou no sábado que a ameaça de um ataque com um míssil nuclear norte-coreano está se acelerando. Em declarações em Seul junto ao ministro de Defesa da Coreia do Sul, Song Young-moo, Mattis acusou o regime de Kim Jong-un de manter programas — nuclear e bélico — ilegais e desnecessários e prometeu derrotar qualquer eventual ataque. A autoridade americana sustentou que a Coreia do Norte ignora a lei, e os Estados Unidos nunca aceitarão que o país asiático se torne uma potência nuclear.
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