Sambista foi diretor da escola da Zona Norte do Rio. Enterro acontecerá domingo, no Cemitério de Inhaúma.
O corpo do cantor Almir Guineto é velado na quadra do Salgueiro, na Tijuca, Zona Norte do Rio, desde às 15h deste sábado (6). Coroas de flores de amigos e da família foram colocadas no espaço. Além disso, o velório tem fundo musical com composições de Almir Guineto.
Até o início da tarde de domingo o sambista recebe homenagens de amigos e parentes quando o corpo será levado para o Cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte. O enterro acontecerá às 15h. A viúva do cantor, Regina Caetano, também está na quadra do Salgueiro
Os cantores Zeca Pagodinho e Jorge Aragão chegaram ao Salgueiro no início do velório e prestaram condolências à família. Eles se reuniram com Almirzinho, filho de Almir Guineto.
Emocionado, Almirzinho disse ao G1 que o pai já não está presente fisicamente, mas estará sempre espiritualmente. Ele disse que esse é um momento doloroso, mas sabe que vai passar.
" Meu pai foi um mestre. Ajudou muita gente. Ele estará presente sempre. Ele está vendo tudo. Ele conseguiu fazer com que sua obra se eternizasse. Toda vez que você ouvir um samba de Almir Guineto, você estará com ele", disse.
Zeca Pagodinho relembrou os encontros com o amigo Almir Guineto, sempre com muita música.
"Parceiros, amigos companheiros de bar, de noitada. E sempre uma alegria. Uma história muito grande. Ele vai com Deus, é uma pena, mas a vida é assim."
A viúva do cantor, Regina Caetano, também está na quadra do Salgueiro para as despedidas do marido. No espaço reservado para as despedidas foi colocado um quadro que retrata o cantor tocando banjo. Junto ao caixão, a bandeira da sua amada escola.
O sambista morreu, aos 70 anos, na manhã desta sexta-feira (5) no Rio após complicações de problemas renais crônicos e diabetes. Um dos fundadores do Fundo de Quintal, ele estava em tratamento no Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A família do cantor agradeceu pelas orações e o carinho de todos os fãs e admiradores através de uma rede social.
Nos últimos 15 meses, Almir Guineto lutava contra problemas renais crônicos, o que o impossibilitou de assumir compromissos em shows e apresentações.
Durante a edição desta sexta-feira do programa Estúdio I, da GloboNews, Ubirany, amigo, antigo parceiro de samba e integrante do Fundo de Quintal, lamentou a morte de Almir Guineto.
"É um momento de muita tristeza para todos nós. Uma perda grande demais para o mundo do samba. O Almir nos deixou um legado imenso de composições. De certa forma, acho que agora ele pôde descansar. Os últimos meses foram de muito sofrimento".
Biografia
Nascido e criado no Morro do Salgueiro, na Zona Norte do Rio, Almir Guineto teve contato direto com o samba desde a infância, já que havia vários músicos em sua família. Seu pai Iraci de Souza Serra era violonista e integrava o grupo Fina Flor do Samba; sua mãe Nair de Souza, conhecida como "Dona Fia", era costureira e uma das principais figuras da Acadêmicos do Salgueiro; seu irmão Francisco de Souza Serra, conhecido como Chiquinho, foi um dos fundadores dos "Originais do Samba".
Na década de 1970, Almir já era mestre de bateria e um dos diretores da Salgueiro e fazia parte do grupo de compositores que freqüentavam o Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos. Nessa época, Almir inovou o samba ao introduzir o banjo adaptado com um braço de cavaquinho. O instrumento híbrido foi adotado por vários grupos de samba.
Em 1979, Almir mudou-se para a cidade de São Paulo para se tornar o cavaquinista dos Originais do Samba. Lá fez "Bebedeira do Zé", sua primeira composição gravada pelo grupo, onde a voz do Sambista aparece puxa o verso "Mas dá um tempo na cachaça, Zé/ Para prolongar o seu viver" e a sambista Beth Carvalho gravou algumas composições de Guineto, como "Coisinha do Pai", "Pedi ao Céu" e "Tem Nada Não".
No início dos anos 80, ele ajudou a fundar o grupo Fundo de Quintal junto com os sambistas Bira, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany. Mas ele deixou o grupo logo após a gravação de "Samba é no Fundo de Quintal", primeiro LP do conjunto, e seguiu para carreira solo. O músico é autor de músicas como "Caxambu", "Meiguice Descarada" e "Conselho".
Sua notoriedade como compositor e intérprete aumentaria ao longo daquela década. Beth Carvalho gravou "É, Pois, É" em 1981, "À Luta, Vai-Vai!" e "Não Quero Saber Mais Dela" em 1984, "Da Melhor Qualidade" com Arlindo Cruz e outros sucessos.
Em 1986, foi lançado o LP "Almir Guineto", que teve grande sucesso comercial. Nesse disco, Almir Guineto gravou algumas de suas parcerias com Adalto Magalha, Beto Sem Braço, Guará da Empresa, Luverci Ernesto e Zeca Pagodinho. Entre os grandes destaques, estão "Caxambu", "Mel na Boca", "Lama nas Ruas" e "Conselho".
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