Surge nas redes sociais mais um relato de uma vítima da ação da polícia durante os protestos contra as reformas trabalhista e da previdência, na Cinelândia, no Centro do Rio, na última sexta-feira. Uma bibliotecária do Ministério Público Federal (MPF) precisou ser internada após ser ferida gravemente por uma bala de borracha quando chegava para a manifestação. Em um desabafo que chocou internautas, nesta segunda-feira, Lucia Santos contou que foi atingida no maxilar depois que policiais militares tentaram dispersar os manifestantes "jogando bombas".
De acordo com a bibliotecária, ela andava em direção à Cinelândia, quando, na rua Evaristo da Veiga, viu a aproximação de policiais, que tentaram impedir o avanço dos manifestantes. Ela não viu quando foi acertada pelo disparo.
"Vi à esquerda veículos blindados da polícia, e do nada começaram a atacar, jogando bombas na direção do povo. Nem consegui chegar na praça. O pessoal começou a correr para todos os lados, e muitos que estavam também na 13 de Maio foram correndo de volta para o Largo da Carioca. Algumas pessoas disseram que não adiantava ir para lá pois a polícia estava vindo dessa direção também, então isso significava que estávamos encurralados. Nem corri, apenas fui recuando para me encostar num prédio, olhando para meu lado direito (a praça), de onde eu via os ataques mais fortes. Do meu lado esquerdo (a Carioca) eu não estava ouvindo bombas, então achei que a polícia ainda estaria mais longe, mas de repente senti um impacto muito forte no maxilar esquerdo. (Isso ocorreu 17:20h, apenas 15 minutos depois que saí do prédio do MP)", contou.
Segundo Lucia, no momento em que foi ferida, ela se sentiu "tonta e confusa", só então percebeu a "sangria desatada". "Falei alto que estava ferida, várias pessoas vieram me acudir (somente civis, nenhum policial/bombeiro/guarda)", lembrou ela, afirmando que as pessoas pediam à polícia para "parar": "Gritaram para a polícia parar porque eu tinha sido atingida por bala de borracha (só nesse momento entendi o que era!). Uma pessoa me deu um lenço com a bandeira do Brasil para estancar o sangue, outra me deu meia garrafa d'água, outra fez um curativo improvisado, outro que se disse médico falou que eu tive sorte de não ter sido estilhaço".
A bibliotecária conta ainda que foi socorrida no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, onde também encontrou outros manifestantes feridos e acabou sendo operada.
"O ferimento da bala foi mais de impacto do que de extensão, mas com a cirurgia exploradora o corte ficou bem grande, levei 21 pontos no pescoço", conta ela, que teve alta no último domingo, mas ainda não consegue mastigar.
Em sua publicação, Lucia diz que ainda vai registrar a ocorrência e "buscar os desdobramentos legais".
A funcionária do MPF, que divulgou seu desabafo nesta segunda-feira, Dia do trabalhador, ainda comentou: "Por coincidência, publico esse post no início da madrugada do dia 1º de maio, data que simboliza a luta dos trabalhadores. A luta continua!". Lucia comenta ainda a ação da polícia durante o ato: "Houve uma excessiva, violenta e descabida repressão policial no Rio de Janeiro".
Leia a publicação na íntegra: (IMAGENS FORTES)
Além de Lúcia, ao menos outras oito pessoas foram feridas durante os protestos no Centro do Rio. Entre eles está o homem atingido por uma bala de borracha no rosto. Ele corre o risco de perder a visão de um dos olhos.
Polícia diz que agiu contra 'vândalos infiltrados'
A Polícia Militar, em nota divulgada nesta sexta-feira, afirmou que "agiu em vários distúrbios, reagindo à ação de vândalos que, infiltrados entre os legítimos manifestantes, promoveram atos de violência e baderna pelo centro da cidade."
Leia a nota na íntegra:
"Desde o início da manhã desta sexta-feira (28/04), a Polícia Militar está realizando um patrulhamento intensivo por todo o estado do Rio de Janeiro, trabalhando para garantir que as manifestações reivindicatórias fossem realizadas em segurança e não impedissem o ir e vir da população.
No centro do Rio, policiais do 5ºBPM (Harmonia), do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) e o Grupamento Tático de Motociclistas (GTM) do BPChq, estão desde a manhã com as equipes na ALERJ e na Cinelândia.
A Corporação agiu em vários distúrbios, reagindo à ação de vândalos que, infiltrados entre os legítimos manifestantes, promoveram atos de violência e baderna pelo centro da cidade. Até o momento, há notícias de saques e depredação de lojas, estações do Metrô e do VLT, ônibus e carros apedrejados e incendiados. A Polícia Militar continua nas ruas, buscando neutralizar a ação de vândalos que se passam falsamente como manifestantes."
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