Familiares, amigos e professores prestaram últimas homenagens à criança.
Garota, que ficou cinco dias desaparecida, foi encontrada morta em mata.
O corpo da menina Ana Clara Pires Camargo, de 7 anos, que foi encontrada morta após ficar cinco dias desaparecida, foi enterrado às 9h33 desta quinta-feira (22), no Cemitério Vale do Cerrado, em Goiânia. Muito emocionados, familiares, amigos e professores prestaram as últimas homenagens à criança.
Minutos antes do sepultamento, a mãe de Ana Clara, a cabeleireira Glauciane Pires Silva, parou ao lado do caixão, onde colocou uma foto da filha. A mulher estava com uma camiseta da criança em volta do pescoço que, segundo ela, foi a última que a menina usou antes do sumiço.
“Não foi da melhor forma, mas agora ela está com o papai do céu. [Espero] esquecer tudo e só ter lembranças boas da minha filha. A mais bonita é a alegria dela. Ela era um amor, um anjo, sonho de consumo de qualquer mãe", afirmou Glauciane, muito emocionada.
A cabeleireira estava acompanhada pelo marido, o padrasto da criança, o vidraceiro Cesarino Epaminondas Filho, e precisou ser consolada pelos presentes. Após uma breve prece, o corpo da menina foi levado para o local onde foi enterrado.
Antes do enterro, a população acompanhou emocionada o cortejo que levou o corpo da menina da Escola Municipal Orlando de Moraes, onde a garota estudava e foi realizado o velório, até o cemitério.
Durante o trajeto de 23 quilômetros, que partiu do bairro em que ela morava, o Residencial Antônio Carlos Pires, passou por setores como o Balneário Meia Ponte, Jardim Nova Esperança, Vila Regina, e seguiu até a GO-060, onde fica o cemitério, muitas pessoas eram vistas às margens de ruas e avenidas para ver o cortejo. Muitos aplaudiam, outros estavam visivelmente com os olhos marejados.
Os bombeiros que acompanharam o caixão em cima do carro da corporação levantaram uma bandeira branca. Ao ver a cena, um grupo de trabalhadores que consertava uma calçada fez questão de parar o serviço para prestar homenagem à menina.
No trânsito e nos pontos de ônibus, as pessoas também identificaram que se trata do cortejo de Ana Clara e bateram palmas.
Velório
O velório começou por volta das 23h20 de quarta-feira (22). Na escola, amigos de Ana Clara montaram um mural com várias mensagens. Segundo eles, a intenção era entregar esse material para a menina quando ela fosse encontrada, mas todos tinham a expectativa de que ela estaria viva.
Nesta manhã, um padre fez uma oração e cantou a música "Segura na Mão de Deus", momento em que todos os presentes ficaram muito emocionados.
A mãe da criança passou a noite toda ao lado do caixão da filha e, nesta manhã, precisou ser amparada por amigos. A mulher seguiu o cortejo em um carro.
O pai de Ana Clara, o subtenente do Corpo de Bombeiros Arlindo Sebastião Camargo. voltou a lamentar o crime e disse que espera que “agora ela esteja bem”.
“A gente esperava que ela fosse achada com saúde, não imaginava que isso pudesse acontecer com ela. Foi realmente muito chocante. Batalhamos muito, 24 horas por dia atrás dela, mas terminou nessa tragédia. Quero agradecer a todos que se empenharam nas buscas, quem ajudou com as orações. Mas também peço a Deus que agora ela esteja bem, em um bom lugar”, disse.
Desaparecimento
Ana Clara desapareceu no início da tarde da última sexta-feira (17), no Residencial Antônio de Carlos Pires, em Goiânia, onde morava. Segundo familiares, ela saiu para comprar um refrigerante, foi vista conversando com alguém em um carro prata, voltou para casa e almoçou.
Em seguida, saiu mais uma vez para entregar um dinheiro a uma vizinha. De acordo com a polícia, a menina esteve no local, mas não deixou o dinheiro. Ela desapareceu quando retornava para casa.
O corpo dela foi localizado na quarta-feira em uma área de mata de Santo Antônio de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. No local, que fica a cerca de 10 quilômetros de onde a criança sumiu, os policiais também acharam um VW Gol prata, que pertence ao vendedor ambulante Luis Carlos Costa Gonçalves, de 35 anos. Ele é o principal suspeito do crime e foi morto em confronto com policiais.
A perícia no veículo, que durou cerca de uma hora, encontrou um pacote contendo um composto químico ácido, não especificado, e um vidro de álcool.
A provável causa da morte da menina, segundo o IML, foi traumatismo craniano. Conforme o diretor órgão, Marco Egberto, pela situação em que o corpo foi localizado, a suspeita é que ela tenha morrido na sexta-feira (17), dia em que desapareceu. "Provavelmente, foi uma pancada na cabeça, mas o médico ainda vai estudar as lesões", disse ao G1.
Egberto destacou ainda que não há como confirmar se a vítima sofreu algum tipo de violência sexual. A família já reconheceu o corpo no local onde ele foi localizado, mas será preciso coletar material genético para a confirmação oficial, o que deve ocorrer em uma semana. Por isso, o corpo será liberado como ignorado e depois a certidão de óbito é corrigida.
Morte do suspeito
Luis Carlos morreu após ser baleado durante um confronto com policiais, no Setor Carolina Park, em Goiânia, na tarde de quarta-feira.
Segundo o assessor de comunicação da PM de Goiás, tenente-coronel Ricardo Mendes, Luis tinha uma relação íntima com os parentes da vítima e chegou até mesmo a ajudar nas buscas da garota. Ele também prestou depoimento na terça-feira (21), mas foi liberado por não haver nenhum indício que o ligasse ao crime.
Ainda de acordo com Mendes, a PM chegou até Luis Carlos após um caseiro encontrar o carro dele abandonado, no início desta manhã. “A testemunha nos disse que viu o veículo abandonado e uma pessoa correndo e ligou para a PM. Os policiais foram ao local e, com a placa do carro, descobriram o endereço do suspeito. Na casa, tinha um anúncio de aluga-se com os números de telefone dele”, explicou Mendes.
O assessor da PM completou que, quando a polícia ligou e se identificou como militares, o homem demonstrou muito nervosismo. “Ele se identificou como Luis e depois disse que ‘não queria ter feito aquilo com ela’ e que iria se entregar. Na sequência, desligou”, disse. Os policiais desconfiaram da atitude do homem, voltaram ao carro e, durante buscas, encontraram o corpo da menina a 30 metros do carro.
A corporação conseguiu identificar a namorada do suspeito, que denunciou onde ele podia estar escondido. Ainda segundo a polícia, ele estava armado.
"Nós a localizamos e ela disse que era ameaçada por ele. Também contou que o suspeito poderia estar na casa do irmão dela, no Setor Carollina Park. Quando a PM chegou ao local, adentrou e foi recebida a tiros. Ele estava sozinho e morreu no confronto", disse Mendes.
De acordo com o assessor da Polícia Civil, Luis foi ouvido como suspeito do desaparecimento da garota na manhã de terça-feira (21). "Durante os trabalhos de buscas, fizemos um mapeamento de pessoas que seriam suspeitas de abuso infantil na região e essas pessoas citaram o nome do Luis. Apesar de não ter nenhuma passagem pela polícia, as testemunhas disseram que ele ficava na porta de escolas oferecendo dinheiro e balas para as crianças", destacou o delegado Gylson Ferreira, assessor de comunicação da Polícia Civil de Goiás.
Após o depoimento, cujo teor não foi informado pela Polícia Civil, Luis foi liberado por não existir situação de flagrante ou qualquer elemento suficiente para determinar sua prisão.
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