Daniel Hubscher Ávilla afirmou que trabalhava em condições 'sobre-humanas'.
Ele saiu de Porto Primavera, passou por Cesário Lange e está em Tatuí.
O policial civil Daniel Hubscher Ávilla, de 29 anos, foi transferido para a Delegacia de Defesa da Mulher de Tatuí (SP). Em janeiro deste ano, ele registrou um Boletim de Ocorrência contra o Estado de São Paulo para denunciar as condições de trabalho na corporação. Ele relatou que sofreu abalos psicológicos e que era submetido a uma situação "sobre-humana" na Delegacia da Polícia Civil localizada no distrito de Porto Primavera, em Rosana.
Na época do registro do BO, ele afirmou que estava chegando ao seu limite, após sofrer um acidente de trânsito durante uma viagem de trabalho. O agente salientou que era submetido a "escalas exaustivas" e que trabalhava em "condição escrava", sem ter o direito a folgas.
Ainda conforme a publicação, a transferência foi feita com base no artigo 37, inciso I, da Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, ou seja, a pedido do policial. Ele afirmou ao G1 que saiu de Porto Primavera há cerca de três semanas e foi para Cesário Lange, onde ficou somente dois dias. “Troquei com um escrivão que era de Cesário [Lange], mas tinha família em Presidente Epitácio”, falou.A remoção foi publicada no Diário Oficial do Estado na semana passada. Na publicação, consta que o agente policial de 3ª classe, padrão I, foi removido para a Delegacia de Polícia Civil de Defesa da Mulher de Tatuí e que, anteriormente, ele estava em exercício na delegacia de Cesário Lange (SP), área pertencente ao Departamento de Polícia Judiciária (Deinter-7) de Sorocaba (SP).
"Na segunda transferência, ofereceram se eu queria ir para Tatuí, pois estava precisando de policiais nesta cidade. Por ser mais perto da Rodovia Castelo Branco, achei que seria uma boa, pois viajo aos fins de semana para São Bernardo do Campo [SP] para visitar minha esposa. De segunda a quinta-feira, eu durmo na delegacia", explicou Ávilla.
O policial salientou que foi "super bem recebido" em Tatuí e que optou por morar na delegacia para economizar. "É uma forma de apoio que ganhei aqui, pois teria de pagar um hotel ou alugar algo", destacou ao G1.
Ele também pontuou que agora atua como escrivão e que a situação está complicada. "Está difícil também, pois tenho o perfil operacional. Assumi 160 inquéritos", frisou.
Com a mudança, Ávilla comentou que tem folga, mas sua rotina está mais pesada do que em Rosana. "Lá eu fazia o trabalho de investigador, do qual eu gostava, aqui estou fazendo o serviço de escrivão. Só optei em fazer o serviço porque não tinha opção, mas não é meu perfil. Porém, estou mais perto de casa", enfatizou ao G1.
Ele disse que ainda não está satisfeito com as mudanças e que pretende continuar denunciando a situação de trabalho dentro da Polícia Civil. "Agora estou num serviço totalmente burocrático. Não era o que eu esperava quando queria entrar na polícia, mas foi o melhor que consegui para sair de Rosana. Saí de lá com um clima pesado, mas aqui na região de Tatuí fui bem recebido. Após a minha denúncia, os sindicatos se movimentaram", disse.
Na época da denúncia, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) afirmou que o caso de Ávilla foi encaminhado à Corregedoria para a apuração dos fatos. Além disso, haveria um possível encaminhamento do agente para tratamento psicológico.
"Fui uma vez só na psicóloga da Polícia Civil e foi aberta somente uma apuração preliminar, mas nada foi instaurado ainda. Tiraram a minha arma após a denúncia e depois que eu vim pra cá a seccional devolveu. Vou sofrer um pouco para chegar onde eu quero", finalizou Ávilla ao G1.
Outro lado
O G1 solicitou um posicionamento oficial da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo sobre as investigações das denúncias de Ávilla e a respeito da transferência do agente. Contudo, nenhuma resposta foi enviada até o momento desta publicação.
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