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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Assassinados por PMs em Costa Barros são velados no Rio

Policiais atiraram 50 vezes contra carro de jovens no domingo (29).
'Ele praticamente só estudava', diz parente de uma das vítimas.


Dois dos cinco jovens mortos por quatro Pms do 41º BPM (Irajá) na noite de sábado (28) foram velados no início da tarde desta segunda-feira (30) na capela Santo Cristo, do cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. O enterro dos cinco amigos estava marcado para as 16h desta segunda.
Amigos levaram para o cemitério camisas em homenagens aos mortos. Além disso, amigos fizeram um protesto em homenagem aos jovens. Eles levaram uma bandeira do Brasil com o nome e a idade de cada um dos mortos."Esses furos são para cada um dos tiros que foram disparados", disse Antonio Carlos Costa, presidente da ONG.
A ação foi classificada como "homicida e indefensável" pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Amigos levam bandeira do Brasil e fazem protesto no velório (Foto: Henrique Coelho/ G1)Amigos levam bandeira do Brasil e fazem protesto no velório (Foto: Henrique Coelho/ G1)
Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos, e Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20, foram alvejados por cinquenta tiros quando voltavam para casa, na favela da Lagartixa, no Conjunto de favelas da Pedreira, no subúrbio do Rio. As famílias de ambos, que eram irmãos de criação, estavam muito emocionadas. No carro, também estavam os amigos Roberto Silva de Souza e Carlos Eduardo Silva de Souza, de 16 anos, Cleiton Correa de Souza, 18 anos.
Wilton foi velado na manhã desta segunda (30) (Foto: Reprodução/TV Globo)
Wilton foi velado na manhã desta segunda (30)
(Foto: Reprodução/TV Globo)
A família conta que Wilton ia se formar no início de dezembro em um curso de contabilidade e administração, e tinha acabado de comprar uma moto. "Ele era um garoto sério, não tinha nada a ver com nada relacionado à crime, tráfico, nada", disse uma tia de Wilton, que relatou medo de ameaças de policiais: "Eles tanto podem ficar presos como não ficarem. Temos medo de virem cobrar sim. Era para trazerem segurança, mas não acontece", afirma ela.
Uma prima de Wilton que não quis se identificar por questões de segurança diz que ele era muito dedicado. "Na noite do acontecido, vi as fotos dele no Parque Madureira. Ele quase não saía, fiquei feliz de ver ele se divertindo, ele praticamente só estudava", disse.
A mãe dele, Márcia Ferreira de Oliveira, viu os policiais tentando forjar a cena do crime usando uma arma de brinquedo. "Podia vistoriar tudo que eles não iriam encontrar nada. Eu cheguei e um PM disse: 'Eu vou atirar, eu vou atirar'. Eu vi ele se mexendo, pedi socorro", lamenta a mãe de Wilton.
No carro, também estavam com Wilton os amigos Roberto Silva de Souza e Carlos Eduardo Silva de Souza, de 16 anos, Cleiton Correa de Souza, 18 anos, e Wesley Castro Rodrigues, 25 anos. A família confirmou que Wesley, parente de Wilton e que estava no carro, já tinha tido uma passagem pela policia. Ele será velado na mesma capela, por volta das 14h. Todos os amigos moravam no Morro da Lagartixa, no complexo da Pedreira, no subúrbio do Rio.
Segundo testemunhas que estavam no local, uma van e uma moto também foram atingidas pelos tiros dos policiais.
Os PMs do 41º BPM foram presos em flagrante após depoimento ao delegado da 39ª DP (Pavuna), que investiga o caso. O comandante do batalhão foi exonerado. Eles responderão perante as Justiças comum e Militar. Três deles responderão por homicídio doloso e fraude processual e um deles por fraude processual.
Bisavó de vítima chora durante velório (Foto: Henrique Coelho/G1)
Bisavó de vítima chora durante velório
(Foto: Henrique Coelho/G1)
'Filhos de chocadeira'
A bisavó de Wilton, uma das mais emocionadas durante o velório, estava indignada com a morte dos jovens. "Eu acho que esses quatro [policiais] foram gerados não por uma mãe, mas por uma chocadeira", disparou a bisavó de Wilton.

Ela lembra que Wilton conseguiu comprar uma moto com o dinheiro guardado em uma lata de leite em pó. "A família inteirou o resto do valor", lembra.
Wesley, que também estava no carro, era irmão de criação de Wilton, e a senhora só o conheceu no dia 20 de novembro. "Ele me disse que ia me apresentar a filha dele, minha tataraneta, mas não deu tempo", lamenta. A mãe de Wesley diz que quer justiça: "Nenhuma mãe merece passar pelo que eu estou passando. Ver meu filho único, que eu criei sozinha, e ver ele com o rosto todo deformado, cheio de massa, porque acabaram com o rosto dele", disse Rosileia Castro de Andrade, emocionada.
"Ele queria trabalhar, ser um grande homem, pegar o diploma dele. Era um exemplo para a família, queria comprar uma casa para a família. Ia começar o estágio, mas não deu tempo", contou, emocionada, a tia do jovem, Debora Esteves, de 32 anos, supervisora de loja.
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Parentes e amigos comparecem ao velório dos cinco rapazes assassinados pela PM do Rio, na tarde do último domingo (29), no Cemitério de Irajá (Foto: Coelho/Framephoto/Estadão Conteúdo)Parentes e amigos comparecem ao velório dos cinco rapazes assassinados pela PM do Rio, na tarde do último domingo (29), no Cemitério de Irajá (Foto: Coelho/Framephoto/Estadão Conteúdo)

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