Soldados iraquianos têm ajuda de milícias xiitas e de bombardeios aéreos.
Coalizão lançou 22 ataques no Iraque e na Síria desde sexta-feira.
Um comboio de tropas do exército do Iraque e de milícias muçulmanas xiitas partiram de uma base perto da cidade de Ramadi neste sábado (23) para avançar em direção às áreas controladas pelo grupo Estado Islâmico (EI), disse um porta-voz xiita. A contra-ofensiva foi lançada para reverter as impressionantes conquistas dos insurgentes jiahdistas na região.
A tomada de Ramadi pelo EI, em 17 de maio, poderá ser um golpe devastador para o fraco governo central de Bagdá. Os jihadistas muçulmanos sunitas do grupo agora controlam grande parte da província de Anbar, da qual Ramadi é capital, e podem ameaçar as aproximações do Ocidente sobre Bagdá, que fica a 100 km de Ramadi, ou até mesmo avançar pelo sul, rumo ao coração do reduto xiita do Iraque. O grupo também tomou controle de um posto de fronteira entre o Iraque e a Síria, o que permitiria a ele ampliar sua área de influência.
O contra-ataque do Exército conta com a ajuda de grupos paramilitares xiitas, enviados pelo premiê iraquiano, Haider al-Abadi, um xiita, em desvantagem devido à moral e coesão baixas entre suas forças de segurança. A medida, no entanto, tem risco de aumentar a tensão com a população de Anbar, província predominantemente sunita.
Jaffar Husseini, porta-voz do grupo paramilitar xiita Kataib Hezbollah, disse que enviou mais de 2 mil reforços que haviam conseguido proteger Khalidia e a estrada que a liga à Habbaniya.
"Hoje vamos testemunhar o lançamento de algumas operações táticas que preparam o terreno para uma eventual libertação de Ramadi", disse à agência Reuters, por telefone.
Azzal Obaid, membro do Conselho Provincial de Anbar, disse que centenas de combatentes xiitas, que chegaram à base aérea de Habbaniya na semana passada, depois que o EI tomou Ramadi, se posicionaram em Khalidiya e estavam se aproximando de Siddiqiya e Madiq, cidades no território disputado perto de Ramadi.
Comandantes da operação disseram à France Presse que as tropas iraquianas conseguiram reconquistar posições do EI. Um coronel da polícia iraquiana que pediu anonimato citou a libertação da delegacia de Husaybah, sete quilômetros ao leste de Ramadi, e de seus arredores. Segundo ele, também apoiam a operação a polícia local e a federal, assim como a força de intervenção rápida do ministério do Interior e combatentes tribais.
Bombardeios aéreos
Os soldados iraquianos também contam com a ajuda da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que desde sexta-feira realizou 22 ataques aéreos contra alvos do Estado Islâmico desde sexta-feira, incluindo quatro perto de Ramadi.
Os ataques próximos de Ramadi atingiram unidades táticas, veículos armados e uma posição de luta em territórios controlados por militantes.
Forças de coalizão atacaram ainda cinco locais em poder do Estado Islâmico na Síria entre sexta e sábado, segundo um comunicado da Força Tarefa Conjunta Combinada emitido neste sábado.
A perda de Ramadi é o mais grave revés para as tropas iraquianas em quase um ano e lançou dúvidas sobre a eficácia da estratégia dos Estados Unidos, de fazer ataques aéreos para ajudar Bagdá a parar o Estado Islâmico, que controla um terço do Iraque e da vizinha Síria.
Fuga de moradores
A tomada de Ramadi pelo EI provocou a fuga de quase 25 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). A mioria delas foi para a capital Bagdá. Muitos tiveram que escapar do grupo extremista pela segunda vez, já que 130 mil deixaram a cidade iraquiana em abril.
"Nada é mais importante agora do que ajudar as pessoas que fogem de Ramadi. Elas estão em apuros e precisamos fazer todo o possível para ajudá-las", disse a coordenadora humanitária da ONU no Iraque, Lise Grande.
Agências da ONU e outras organizações de ajuda estão dando assistência a mais de 2,5 milhões de pessoas deslocadas e refugiadas no Iraque, mas os recursos estão quase acabando e 56 programas de saúde terão de fechar em junho, acrescentou o comunicado.
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