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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Tiro disparado para o alto pode ter matado menina no Rio, diz polícia

Após reconstituição do crime, delegado disse que bala caiu sobre a menina.
Imagens de câmeras de vigilância poderão ajudar a descobrir origem do tiro.


Um tiro disparado para o alto pode ter atingido a menina Larissa Carvalho, de 4 anos, na saída de uma pizzaria em Bangu no fim de semana. Conforme mostrou o RJTV, esta é a hipótese levantada pela polícia, que fez uma reconstituição do caso no começo da tarde desta terça-feira (20). Horas antes, pela manhã, o corpo da menina, que teve morte cerebral, foi enterrado.
Parentes da menina ajudaram na reconstituição. O primo do padrasto de Larissa, que segurava a mão dela na saída da pizzaria, mostrou o local exato onde ela foi atingida. A hipótese de um tiro de fuzil ou de arma de grosso calibre foi descartada pelos os investigadores, que estão com a bala que atingiu a criança.
Parentes ajudam policiais a fazer a reconstituição da morte de Larissa (Foto: Alba Valéria Mandonça / G1)
Parentes ajudam policiais a fazer a reconstituição
da morte de Larissa
(Foto: Alba Valéria Mandonça / G1)
Segundo a polícia, o laudo pericial do corpo de Larissa revelou que a bala veio de cima, porquê atingiu a parte superior do crânio da menina. O delegado Rivaldo Barbosa, responsável pela investigação, acredita que o tiro foi disparado para o alto, e que a bala acertou Larissa quando caía. A reconstituição poderá ajudar os policiais a identificar pelo menos de onde foi feito o disparo.
“Nós estamos tentando pegar as câmeras daqui e de outras localidades, bem como das testemunhas, e queria fazer um apelo, se alguem viu essa pessoa atirando para o alto nessas proximidades, que entre em contato com a Sivisão de Homicidios, que entre em contato com as emissoras de televisão, de rádio que estão aqui ou até mesmo com o Disque Denúncia, para que nos passe informações para que a gente possa colocar um ponto final neste caso”, disse o delegado Rivaldo Barbosa.
Avó chora e lamenta a morte de Larissa, de 4 anos (Foto: Alba Valéria Mandonça / G1)Avó chora e lamenta a morte de Larissa, de 4 anos (Foto: Alba Valéria Mandonça / G1)
O corpo de Larissa Carvalho foi enterrado pela manhã, no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência. A avó da menina passou mal e teve que ser amparada. Logo em seguida, ela fez um desabafo.
“Eu, Tânia, avó de Larissa, tenho um desejo: que descubram o mais rápido possível quem foi que fez isso com a minha neta e que seja punido. Tem que ser punido de forma correta”, disse a avó Tânia Maria Pereira
"Estamos todos destruídos. Faltam 10 dias pro meu aniversário mas prefiro esquecer essa data. Meu presente está sendo enterrado aqui. A polícia não pode ter medo de enfrentar a bandidagem. Meu desejo é que eles descubram quem matou minha netinha o mais rapidamente possível e que o culpado seja punido da forma correta, sem pagar propina pra ninguém e ser solto. Se a polícia não der jeito, faço justiça com as próprias mãos. Não tenho medo de ser presa. Vou feliz se tiver acabado com quem matou minha netinha", acrescentou, revoltada, a avó da menina.
A prima Gisele Borges lembrou que Larissa passou o sábado na casa dela. "Ela era a menina muito alegre e carinhosa. Sabia todos os cantos de louvor. Uma vez pediu pra orar o Pai Nosso e no dia seguinte contou que não tevê pesadelos. Era uma criança muito especial e vai deixar saudades", garantiu a prima.
Parentes de Larissa, que teve a morte cerebral e os pais decidiram doar os órgãos da criança. A cirurgia para retirada dos rins e das córneas da menina durou quatro horas.
Mãe de Larissa chora a perda da filha (Foto: Reprodução / GloboNews)
Mãe de Larissa chora a perda da filha
(Foto: Reprodução / GloboNews)
O programa de transplante não divulgou o nome dos pacientes que vão receber a doação, segundo eles o sigilo é previsto na legislação. Eles disseram também que há uma parceria com o Hospital Pedro II, onde Larissa estava internada e que por isso a equipe do hospital cedeu o anestesista, para o acompanhamento do procedimento. No domingo (18), após saber da morte da única filha, Mileni de Carvalho pediu pelo fim da "guerra" no Rio.
"Nada vai fazer a minha filha voltar para mim. Mas alguém faz alguma coisa para acabar com a guerra, para acabar com a violência, só isso", pediu a mãe, muito abalada. "A gente estava indo embora. Eu nem vi nada, nem escutei barulho. A minha filha estava caída e a gente achou ela tinha tropeçado. Aí viu que tinha saído sangue da cabecinha dela. Ela tinha só quatro aninhos".
A família andava com a criança na esquina das Ruas Boiobi e Rio da Prata, após sair de um restaurante onde foram pela primeira vez, quando ouviu um disparo. Logo em seguida, a criança foi atingida de cima para baixo pela bala perdida.
Primo na reconstituição
De acordo com Vagner Borges, primo do padrasto de Larissa, que ajudou a polícia  na reconstituição do caso, a menina atravessava a rua de mãos dadas com ele e o padrasto quando foi atingida.

"Ela caiu como se tivesse desmaiado. Até achei qu era brincadeira dela. Mas logo vi que ela estava revirando os olhos como estivesse em convulsão. Aí meu primo pegou ela no colo e percebeu que ela estava sangrando. Eu olhei na cabecinha dela e vi um furinho. Ele começou a gritar que ela tinha sido atingida por bala perdida. Mas ninguém ouviu disparo nenhum. A rua estava cheia com todos os bares movimentados. Éramos de dez a 12 pessoas, todos da família. A gente se reúne na casa de alguém. Esta foi a primeira vez que viemos para um bar porque o marido de uma amiga ia tocar no bar em frente", contou Vagner que ainda nesta terça vai prestar depoimento na DH.
Garoto em estado gravíssimo
A outra criança vítima de uma bala perdida no fim de semana permanece internada em estado grave. Segundo os médicos do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, Asafe William Costa Ibraim, de 9 anos, passou por uma cirurgia e a bala está alojada no olho direito. O menino estava no Sesi de Honório Gurgel quando tiros foram ouvidos.

Três casos em dois dias
A polícia confirmou que houve um terceiro caso de bala perdida no fim de semana. Carlos Eduardo Rodrigues de Paula, de 33 anos, foi atingido também em Bangu e socorrido no Hospital Albert Schwtzer. Nesta terça-feira (20) ele foi transferido para o Hospital Alberto Torres.

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