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domingo, 30 de dezembro de 2012

Corpo de jovem vítima de estupro coletivo é cremado na Índia


Estudante morreu por complicações causadas pela agressão em um ônibus.
Cerimônia foi reservada para parentes da vítima
.


O corpo da jovem que morreu após ser estuprada por seis homens em um ônibus na Índia foi cremado neste domingo (30) na capital do país horas após sua chegada nesta madrugada de Cingapura, onde ela morreu em um hospital.
A cremação aconteceu em uma cerimônia privada. Após chegar ao país, o corpo foi levado para a casa da família da jovem, onde passou por rituais religiosos, e depois foi escoltado pela polícia até o crematório.
Um comboio levando o caixão dourado e os pais da vítima deixou o aeroporto em direção ao distrito de Janakpuri, em Nova Délhi, onde a jovem viveu enquanto estudava para se formar em Medicina.
A segurança foi reforçada e nem a imprensa nem o público tiveram acesso ao local.
O primeiro-ministro Manmohan Singh estava no aeroporto internacional Indira Gandhi acompanhando a chegada do avião fretado pelo governo que pousou às 4h15 locais (20h45 de Brasília), de acordo com fontes de segurança.
Mobilização
morte da jovem mobilizou manifestações no país neste sábado (29). Artistas de Bollywood, a indústria cinematográfica indiana, participaram de protestos. Neste domingo (30), as manifestações seguiram no país.
Mulheres e crianças indianas fazem protesto por vítimas de estupro coletivo na Índia (Foto: AFP)Mulheres e crianças indianas fazem protesto por vítimas de estupro coletivo na Índia (Foto: AFP)
Os líderes indianos multiplicaram os apelos feitos à população para que mantenha a calma. A polícia isolou partes do centro da capital.
O primeiro-ministro Manmohan Singh afirmou em um comunicado que estava "profundamente triste" com a notícia da morte da jovem e que considera compreensíveis as manifestações.
A estudante chegou a ser levada para um hospital em Cingapura para ser tratada, mas morreu na sexta (28). "A jovem morreu em decorrência dos graves ferimentos que sofreu. Lutou com valentia por sua vida, mas as lesões eram graves demais", indicou o diretor do hospital, Kelvin Loh.
Seis homens acusados de agredir a jovem estão presos. Além de estuprar a estudante, eles a teriam agredido com uma barra de ferro e a jogado para fora do ônibus. Eles deverão responder por assassinato e podem ser condenados à pena de morte.
A atriz Deepika Padukone e o ator Ranbir Singh participam de um protesto em Mumbai contra a morte de uma estudante vítima de estupro coletivo (Foto: AFP)A atriz Deepika Padukone e o ator Ranbir Singh
participam de protesto em Mumbai (Foto: AFP)
Pais agradecem
O governo teve que se defender das denúncias de que a vítima teria sido levada para um hospital em Cingapura para impedir que morresse em território indiano e, com isso, evitar o aumento das tensões.
O embaixador T.C.A. Raghavan disse que a decisão foi tomada por razões médicas depois de consultas entre a equipe médica que atendeu a vítima e cirurgiões e médicos de Cingapura.
Raghavan também falou em uma entrevista coletiva à imprensa da terrível experiência vivida pelos familiares da vítima, provenientes de uma zona rural de Uttar Pradesh.
'Eles me pediram em várias ocasiões que dissesse que estão gratos pelas inúmeras mensagens de apoio e pelas condolências que receberam. Isto reforça a sua ideia de que a morte de sua filha levará a um futuro melhor para todas as mulheres da Índia e em Nova Délhi', acrescentou.
Realidade violenta
Os estupros coletivos ocorrem quase diariamente na Índia e muitos deles não são denunciados pelas vítimas, que não confiam na justiça e temem a reação dos policiais do sexo masculino.
No entanto, a natureza particularmente selvagem deste ataque desencadeou a revolta da população e levou o governo a prometer mais segurança para as mulheres e penas mais severas para os crimes sexuais.
Jaya Bachchan e Hema Malini, atrizes de Bollywood, participam de protesto em Mumbai (Foto: AFP)Jaya Bachchan e Hema Malini, atrizes de Bollywood,
participam de protesto em Mumbai (Foto: AFP)
"Já vimos as emoções e as energias que este incidente tem causado. São reações perfeitamente compreensíveis de uma Índia jovem e que, genuinamente, deseja a mudança', indicou Singh.
'Como mulher e mãe, entendo a dor. Sua luta não será em vão', disse Sonia Gandhi, líder do Partido do Congresso, que governa o país.
A polícia tem sido muito criticada por suas táticas para sufocar os protestos, que incluíram o uso frequente de gás lacrimogêneo e canhões de água.
Neeraj Kumar, chefe da Polícia de Nova Délhi, pediu em um comunicado que as pessoas mantenham a calma na cidade, e anunciou que a área do monumento Porta da Índia, assim como dez estações de metrô, serão fechadas ao público.
A líder política Sheila Dikshit disse que em breve serão dados 'passos sólidos' para proteger as mulheres na capital indiana. 'Por favor, mantenham a calma e tenham certeza de que ação necessária será adotada para que as mulheres tenham segurança em nossa cidade', disse Dikshit.

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