O pai das vítimas, Adriano Ribeiro da Silva e a mulher dele, Maria de Lurdes da Costa Bueno, também morreram na tragédia. A família estava hospedada na pousada engolida pela lama da Vale.
Há cinco meses, Vágner Dinizpasseava com a afilhada no Museu de Arte de São Paulo (Masp) quando recebeu uma mensagem da mulher dizendo que uma barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, havia se rompido.
“A princípio a gente não ficou preocupado. Mas depois mandamos mensagem. Não houve resposta. Aí ligamos. Não houve resposta”, disse Vagner que perdeu cinco pessoas da família na tragédia.
Os enteados dele, Luiz Taliberti Ribeiro da Silva, de 31 anos, e Camila Taliberti da Silva, 33 anos; a nora Fernanda Damian de Almeida, 30 anos, grávida de 5 meses de Lorenzo; o pai de Luiz e Camila, Adriano Ribeiro da Silva, 61 anos; e a mulher dele, Maria de Lurdes da Costa Bueno, de 59 anos, estavam hospedados na Pousada Nova Estância que desapareceu sob a lama no dia 25 de janeiro. A família viajou para a cidade mineira para visitar o Museu Inhotim.
Fernanda Damian de Almeida, 30 anos, grávida de 5 meses, está entre as vítimas de Brumadinho — Foto: Arquivo Pessoal
Vágner está em Brumadinho nesta terça-feira (25) para participar de uma audiência de conciliação com a Vale, mineradora dona da Barragem Córrego do Feijão que se rompeu.
“Além da indenização, nós queremos uma retratação. Queremos um pedido público de desculpas. Um memorial em todas as sedes da Vale com um pedido de desculpas. E minutos de silêncio em homenagem a todas as vítimas”, disse ele.
A família de Vágner pede ainda indenização de R$ 10 milhões por vítima. “Por mais doloroso que seja essa tragédia, ela não pode ser esquecida. Mais que isso, tem que haver punição”, falou.
‘Burocracia da morte’
Vágner considerava Luiz e Camila como filhos.
“Quando você perde tudo é difícil repensar sobre a própria vida. O pior é a burocracia da morte. Ainda tem muito o que resolver. E sempre que eu tenho que apresentar as certidões de óbito, eu mato um pouco meus filhos. Ir aos lugares e dizer, ‘meu filho está morto, minha filha está morta’”, disse ele.
De acordo com o último boletim divulgado pela defesa Civil, 246 corpos já foram identificados. Outras 24 pessoas continuam desaparecidas. Mais de 130 bombeiros participam da operação de resgate em vinte frentes de trabalho.
A Vale foi procurada pelo G1 e ainda não se manifestou sobre o assunto.
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