Mãe é condenada a 45 anos de prisão por morte da filha de 4 meses em Ribeirão Preto, SP

Heloísa Clarinda da Silva foi acusada por homicídio qualificado após menina, vítima de espancamento, ser encontrada morta em casa. MP diz que criança foi atingida por socos desferidos pelo pai contra a mulher, antes de casal deixar imóvel.

A Justiça condenou a 45 anos e quatro meses de prisão a dona de casa Heloísa Clarinda da Silva, acusada por homicídio qualificado após a filha de quatro meses ser encontrada morta dentro de casa, em abril de 2017, em Ribeirão Preto (SP).

A sentença do júri popular, que acatou a tese de que a mãe abandonou em casa a menina Ana Laura Rodrigues da Silva Dias, foi dada por volta das 18h30 desta terça-feira (26) após serem obtidos depoimentos de cinco testemunhas de acusação e quatro de defesa.

A defesa de Heloísa não quis se manifestar sobre a decisão.

A dona de casa está presa preventivamente na Penitenciária de Tremembé (SP) desde a morte da criança. O pai de Ana Laura, Felipe Rodrigues de Souza Dias, também foi preso pelo assassinato. No entanto, como o processo foi desmembrado, será levado a julgamento em data ainda a ser definida.

Bebê foi achado morto dentro de casa em Ribeirão Preto, SP — Foto: Antônio Luiz/EPTV

Agressões

Ana Laura foi achada morta em 9 de abril de 2017, dentro da casa onde a família morava no bairro Ipiranga, Zona Norte de Ribeirão. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a menina sofreu traumatismo craniano.

Segundo o Ministério Público, o ferimento foi causado por socosdesferidos pelo pai contra a mãe, durante uma briga, e que acabaram atingindo a criança. O irmão mais velho da menina, de 11 anos, saiu da casa durante a confusão e passou a noite com vizinhos.

O menino pediu ajuda pela manhã, ao voltar ao imóvel e achar a bebê morta. De acordo com a Polícia Civil, Ana Laura foi deixada sozinha com outros dois irmãos, de 2 e 3 anos, e apresentava uma lesão extensa na cabeça.

Horas após a polícia registrar a ocorrência, Heloísa foi presa em flagrante por abandono de incapaz. Em depoimento, ela afirmou que deixou a residência depois de ser agredida pelo companheiro e que passou a noite em um motel com duas pessoas.

A dona de casa chegou a ser solta, mas voltou a ser presa dois dias depois a mando da Justiça. O marido de Heloísa se apresentou à polícia no dia em que Ana Laura foi achada morta. Felipe Rodrigues negou o crime, afirmando que estava trabalhando.

Na época, o patrão dele confirmou a versão e o pai foi liberado. Em junho de 2017, a Justiça decretou a prisão preventiva de Felipe, indiciado pela morte da filha. Ele foi preso em 2017 e aguarda julgamento em um presídio em Varginha (MG).

O Ministério Público sustenta a tese de que a dona de casa foi omissaao não denunciar a agressão contra a filha. O advogado de Heloísa, Marcos Donizete Ivo, nega que ela tenha abandonado os filhos em casa.

De acordo com o defensor, as crianças foram deixadas sob os cuidados do pai, após ela ser agredida. O advogado diz que Heloísa deverá manter a versão de que os golpes desferidos por Felipe contra ela feriram a bebê e culminaram com a morte da filha.

• RIBEIRÃO PRETO