Vítima foi espancada por detento durante visita íntima em presídio de Jundiaí (SP). Nicolly Guimarães Sapucci teve afundamento de crânio e morreu no hospital.
A jovem de 22 anos morta pelo ex-namorado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Jundiaí (SP) confidenciou a uma amiga o receio de visitar o detento para resolver um boato. Nicolly Guimarães Sapucci, de Bragança Paulista (SP), foi espancada em uma cela e morreu com traumatismo craniano, no dia 27 de janeiro. Ela deixou um filho de 4 anos.
O G1 teve acesso exclusivo aos áudios de Nicolly. Todo o material foi encaminhado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Jundiaí e é analisado pela delegada Renata Yumi Ono. A mãe da vítima, o diretor do CDP, o agressor e agentes penitenciários já prestaram depoimento.
Segundo a delegada, durante o relato Michael afirmou que a jovem tinha ciúme de um antigo relacionamento dele, mas a polícia não acredita nessa versão.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Nicolly visitava Michael Denis Freitas, de 25 anos, no domingo (27), quando foi atacada. A ação só foi percebida pelos agentes penitenciários ao fim do período de visita, quando houve a contagem dos visitantes.
Na busca, Nicolly foi encontrada desmaiada e com ferimentos graves. O ex-companheiro já cumpre pena por roubo e foi autuado em flagrante por feminicídio. Ele confessou o crime cometido por ciúmes e foi transferido para uma cela de segurança máxima na penitenciária de Presidente Venceslau.
Jovem foi morta pelo ex-namorado no CDP de Jundiaí — Foto: Reprodução/Facebook
'Ele é louco'
Em um dos áudios, Nicolly manda um recado pelo WhatsApp a uma amiga e fala sobre comentários que recebeu depois de ter publicado nas redes sociais fotos em que estaria em uma comemoração. Michael teria ficado sabendo dessas fotos.
“Mal acordei e já veio bomba. A mãe do Michael não foi mandar mensagem para o [conhecido da vítima] falando que era patifaria o que eu estava fazendo? Postando essas fotos no Facebook de biquíni e foto com menino. O menino é meu primo e tinha mais gente lá para comemorar o aniversário”, disse.
Em seguida ela diz que vai no CDP para deixar claro que ela e o detento não estão mais juntos.
“Vou ter que ir na visita porque ela vai falar demais e coisas que eu não fiz ela vai falar. Eu vou junto com ela [ex-sogra] e vai ser onde ela vai falar e o Michael vai falar para ela que nós não temos mais nada. Vou lá porque tenho medo dessas coisas”, completa.
Em outra gravação a vítima afirma que irá visitar o ex-namorado, mas que está com medo de ser agredida.
“Vou ter que ir no CDP, só que agora estou com medo. E se ele tentar me matar lá dentro? Ele é louco. Ele vai vir perguntar, mas ninguém tem prova que a gente ficou. Pode ficar tranquila que eu vou tentar desenrolar, se ele não me matar. Mas você sabe que eu estou indo no CDP, se acontecer qualquer coisa comigo você sabe que foi ele.”
Segundo a polícia, o boato incomodou a jovem, que visitou o ex-namorado com a intenção de esclarecer que estava sozinha.
Polícia vasculha rede social de detento e da companheira espancada em CDP — Foto: Reprodução/Facebook
Fim do namoro
A vítima e o agressor estavam juntos há dois anos - Michael foi preso em 2018 por roubo. Conforme a polícia, a jovem nunca tinha registrado queixa contra o ex-namorado.
Em um perfil do Facebook que os dois mantinham juntos, Nicolly publicava declarações de amor ao ex-namorado preso e chegou a escrever um relato sobre a rotina deles, dizendo que tinha orgulho de cuidar do então namorado e fazer visitas regulares na cadeia. Depois de terminar o namoro, a jovem fez outro perfil, onde publicou que estava solteira.
Ainda segundo a SAP, ela estava cadastrada para visitas desde 23 de março de 2018 e comparecia ao CDP regularmente.
"Ela [Nicolly] falou que estava cansada, queria arrumar emprego e viver a vida dela com o filho, de 4 anos. Como pode ver no Facebook, ela fez outro perfil assim que os dois terminaram, mais ou menos duas semanas antes [do crime]", afirmou ao G1 Daiane Sapucci, tia da vítima.
O corpo da jovem foi enterrado no cemitério municipal de Bragança, no último dia 29.
Investigação
A DDM aguarda laudos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística para finalizar o inquérito.
Outra linha de investigação da polícia é o compartilhamento de fotos do corpo de Nicolly em aplicativos de mensagens, que causou revolta na família da vítima.
A pena prevista para o crime de vilipêndio de cadáver, que é a exposição das imagens, é de prisão de um a três anos, além de multa.
Imagens de Nicolly, morta em Jundiaí, estão sendo compartilhadas — Foto: Reprodução/WhatsApp
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