Caso aconteceu em 2013. Josenilde Lopes de Mendonça é acusada de deixar o filho sozinho para ir comprar drogas.
Foi marcado para o dia 28 de fevereiro, em Natal, o juri popular da dona de casa Josenilde Lopes de Mendonça, acusada de homicídio. Ela é apontada como responsável pela morte do próprio filho, um bebê de oito meses, que morreu ao cair da cama. Segundo a acusação, a mãe deixou o filho sozinho para ir comprar drogas.
O julgamento foi marcado pelo juiz Geomar Brito Medeiros, da 2ª Vara Criminal de Natal, e deve acontecer no Tribunal do Júri do Fórum Desembargador Miguel Seabra Fagundes, no bairro de Lagoa Nova.
De início, acreditava-se que o bebê havia sido espancado. Contudo, perícia técnica diz que a morte de Ramon Ramalho dos Reis Segundo pode ter sido causada pela queda. Após a apresentação dos laudos e da discussão entre o Ministério Público e a defesa da acusada, o juiz entendeu que Josenilde não agrediu o filho, mas que ela é responsável por tê-lo deixado sozinho por várias horas.
"Quanto a isso, é importante consignar que os fatos sob apuração são incontroversos, concordando expressamente o Ministério Público e a defesa com o fato de que a acusada, viciada em drogas, e objetivando sair de casa para se entorpecer, deixou seu filho menor, de apenas 9 meses de idade, por várias horas sozinho em sua casa, em cima de uma cama, da qual provavelmente veio o mesmo a cair, queda essa que teria provocado a lesão que lhe ceifou a vida, situação essa que se amolda, em meu sentir, às conclusões consignadas no Laudo de Exame Necroscópico", afirmou o magistrado na decisão.
Quarto onde o corpo do bebê foi encontrado — Foto: Fernanda Zauli/G1
20 anos de dependência
Atualmente, Josenilde responde à Justiça em liberdade. Ela chegou a cumprir medida cautelar por ser viciada em crack há mais de 20 anos e por essa dependência estar diretamente relacionada ao crime.
Segundo a polícia, o corpo de Ramon foi encontrado sobre a cama da mãe, enrolado em um lençol, e tinha um grande hematoma no lado direito do rosto. À época, o laudo do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) apontou que a causa da morte do bebê foi traumatismo crânio-encefálico. O delegado Sílvio Fernando, responsável pela investigação do caso, considerou que o traumatismo tinha sido causado por um soco.
Em depoimento à época da prisão, Josenilde admitiu que era usuária de drogas desde os 14 anos e que já havia sido internada 31 vezes para tratamento de dependência química em casas de recuperação em Fortaleza (CE), Recife (PE), João Pessoa (PB) e São Paulo (SP).
Josenilde chegou a confessar que cometeu o crime à reportagem da Inter TV Cabugi. “Estou arrependida e espero o perdão de Deus”, disse ela. No entanto, a defesa da acusada negou que ela tivesse matado o filho.
Ramon foi encontrado morto em um sábado de Carnaval — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Entenda o caso
O filho de Josenilde foi encontrado morto no dia 9 de fevereiro de 2013. Era sábado de carnaval. O pai da criança, Ramon Ramalho, que na época estava em Limeira, no interior de São Paulo, cobrou justiça para a morte do filho. "A droga e a negligência acabaram com a vida do meu filho", disse ele ao G1.
Ramon contou que conheceu Josenilde em Limeira, em 2011, ocasião em que ela frequentava uma clínica de tratamento para dependentes de drogas. Assim que iniciaram o relacionamento, ela ficou grávida e os dois se mudaram para Natal, onde viveram juntos por pouco mais de um ano. "Sempre soube do vício. Até pensei que o fato de ficar grávida e de ter um filho faria com que ela deixasse as drogas, mas infelizmente isso não aconteceu", acrescentou.
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