Ara San Juan partiu de Ushuaia, na Patagônia, com 44 tripulantes a bordo e deveria ir até Mar del Plata, mas último contato foi feito em 15 de novembro de 2017, na metade do caminho. Buscas tiveram colaboração de 13 países, mas nenhum sinal do submarino foi encontrado.
Yolanda Mendiola vai diariamente à base naval de Mar del Plata, atracadouro do submarino argentino San Juan, desaparecido há um ano no Atlântico sul, com esperanças de receber notícias do filho, um de seus 44 tripulantes.
"Somos famílias destruídas. Não podemos ir para nossas casas. Vamos todos os dias à base, de manhã e de tarde. Nossa luta é justa. Precisamos ver o corpo dos nossos filhos, tê-los como for. Pedimos que os resgatem", disse Mendiola à AFP.
Esta mulher de 55 anos é uma das moradoras há 12 meses de um hotel na cidade de Mar del Plata, a 1.900 km de sua casa em Jujuy (norte), à espera de saber o que aconteceu com seu filho, o cabo Leandro Cisneros, de 28 anos.
O contato com o submarino "ARA San Juan" foi perdido em 15 de novembro de 2017, quando navegava no Golfo de San Jorge, a 450 km da costa. Tinha zarpado de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, de volta a Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires.
As buscas começaram 48 horas depois. Colaboraram 13 países, mas a maioria se retirou antes do fim de 2017, sem resultados.
Desânimo que não cessa
Os familiares foram passando da confiança à angústia, da esperança à decepção. Quinze dias depois do último sinal do submarino, a Marinha deixou de buscar sobreviventes.
Eles criticam a Força por suspeitas de ter escondido informação e o que consideram "falta de acompanhamento" do governo de Mauricio Macri.
O investimento nos trabalhos de buscas alcança 920 milhões de pesos (US$ 25,5 milhões), informou na terça-feira ao Parlamento Graciela Villata, alta funcionária do Ministério da Defesa.
A pressão das famílias, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da empresa americana Ocean Infinity para retomar o rastreamento.
A embarcação zarpou em 7 de setembro com quatro familiares a bordo, mas sem resultados. Esta semana anunciou a suspensão da operação até fevereiro.
Mas a juíza encarregada da ação, Martha Yáñez, de Caleta Olivia (sul), ordenou que antes de voltar à terra seja inspecionada uma zona mais longínqua por onde um navio rastreador captou ruídos que poderiam ser compatíveis com pancadas de um casco.
Milagre?
Algumas mães ainda alimentam a ilusão de que o submarino tenha tido outro destino que o fundo do mar e que os 44 tripulantes estejam vivos.
"Completa-se um ano e vamos estar aí esperando que voltem. Seria um milagre imenso se por ali aparecesse o submarino e os víssemos voltar, porque a verdade é que ninguém sabe o que aconteceu", contou à AFP Zulma Sandoval, de 56 anos, mãe do suboficial Celso Vallejos, de 39.
Longe de sua casa em Santiago del Estero (norte), Lourdes Melián, de 21 anos, irmã do cabo David Melián (32), continua ao lado de outros familiares em Mar del Plata, mas desesperançada.
"Sinto que meu irmão não está mais ali. Prefiro isso do que pensar que continua por aí ou que foram sequestrados", afirma, em meio a lágrimas, na base naval.
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