Aos 70 anos, atriz e apresentadora conta como a morte de José Wilker influenciou seus rumos na carreira e fala da volta ao teatro com a peça 'Casa de Bonecas – parte 2'
Marília Gabriela foi entrevistada por Pedro Bial para o programa Conversa com Bial, que será exibido na sexta-feira (7), e QUEM teve acesso a trechos da entrevista. No bate-papo, ela conta que, assim como a vida profissional, a vida pessoal também foi mudando ao longo do tempo.
“Quando me casei, sabia que aquilo não era bom pra mim. Casei porque eu gostava demais, queria estar junto em tempo integral”, afirma. “Mas eu virei um animal solitário mesmo. Leio, vejo série, fico em silêncio. Meu celular não toca mais. Fui afunilando as minhas amizades frequentes, os encontros, fui ficando sozinha e descobri que o trabalho era a minha vida social. Voltar para casa era minha hora de ficar sozinha.”
Aos 70 anos, ela interpreta uma figura ousada na peça Casa de Bonecas – parte 2 e se compara com a personagem. “Me identifico muito com ela, com os sonhos, os discursos, nas ideias, nas vontades. Sou de família com papéis bastante estabelecidos e fui invadindo espaços sem me aperceber disso. Eu nunca parei pra pensar se estava bem, se estava aceita, se estava adequada. Fui metendo o pé na porta”, afirma.
Reconhecida como uma grande entrevistadora, ela decidiu encerrar seu programa quando o ator José Wilker, seu amigo, morreu em 2014. “Depois da morte do Wilker, conversei com o meu psicanalista na época, Contardo Calligaris, e disse a ele: ‘Se eu morrer em um fim de semana, em casa, só vão me descobrir na segunda-feira à tarde (por estar sempre sozinha). A não ser quando faço teatro’. E ele falou ‘ótimo, vão te descobrir na própria sexta!’”
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