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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Casal que confessou matar comerciante no RJ é solto e delegado desabafa em rede social: 'saíram pela porta da frente'

Após 30 horas de buscas, suspeitos foram liberados depois que juiz de plantão alegou falta de urgência no pedido de prisão em Petrópolis, afirma a polícia.


A pós 30 horas de buscas, um casal suspeito de assaltar e matar a facadas a comerciante Maria das Graças de Carvalho Bravo, de 54 anos, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, foi liberado pela Justiça depois que o juiz de plantão alegou falta de urgência no pedido de prisão, segundo a polícia.
De acordo com a Polícia Civil, os dois suspeitos foram localizados no sábado (1º) em Paty do Alferes, no Sul Fluminense, e confessaram o crime. O caso aconteceu em uma padaria em Côrreas na sexta-feira (31).
Claudio Batista, delegado titular da 105ª DP, postou um depoimento na rede social da delegacia relatando que o juiz de plantão alegou que não havia "justificada urgência" para representar o pedido de prisão contra os suspeitos de latrocínio (roubo seguido de morte).

Ainda de acordo com o delegado, o Ministério Público já havia pedido a prisão temporária de 30 dias contra os suspeitos no sábado (1º). Na decisão, o órgão reúne informações de testemunhas que viram o casal fugir.
Segundo as investigações, o homem levou cerca de R$ 300 da vítima, a agrediu com várias facadas e fugiu em seu próprio carro com a ajuda de sua companheira, que era vizinha da vítima.

"Após horas de espera, manifestação favorável do Ministério Público, em dois parágrafos, o excelentíssimo senhor juiz citava resolução do Conselho Nacional de Justiça para dizer que sequer iria apreciar a representação por não haver urgência", lamentou o delegado.
Claudio disse ainda que, enquanto aguardavam a decisão, os suspeitos confessaram o crime na delegacia.
"A decepção dos policiais envolvidos só não era maior do que a felicidade do casal com a notícia de que sairiam pela porta da frente da delegacia depois de terem entrado pelos fundos", contou.
O caso também chamou a atenção do chefe do Departamento Geral de Polícia do Interior, o delegado Alexandre Ziehe.
Ao G1, ele falou sobre o assunto.
"Houve latrocínio, ele (delegado titular) fez a representação e mandou para o juiz de plantão que não viu urgência na prisão dos latrocidas confessos. Saíram rindo pela porta da frente. É preciso dar visibilidade a isso para mostrar que há juízes totalmente descomprometidos com a causa pública. Se um latrocínio em Petrópolis, com dois autores presos e confessos não é grave, eu não sei mais o que é grave", questionou.
Sobre a possibilidade de fazer um novo pedido de prisão contra os suspeitos, Claudio Batista explicou que a representação "será feita sobre outro crivo".
"Vai ficar uma sensação de impunidade, isso é inevitável. A prisão é uma medida cautelar que pode acontecer em flagrante ou em virtude de uma ordem judicial. Agora, vamos dar continuidade às investigações e, ao final do inquérito, poderemos decidir", afirmou.
G1 também entrou em contato com o Tribunal de Justiça e aguarda um posicionamento sobre o assunto.




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