Após 30 horas de buscas, suspeitos foram liberados depois que juiz de plantão alegou falta de urgência no pedido de prisão em Petrópolis, afirma a polícia.
A pós 30 horas de buscas, um casal suspeito de assaltar e matar a facadas a comerciante Maria das Graças de Carvalho Bravo, de 54 anos, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, foi liberado pela Justiça depois que o juiz de plantão alegou falta de urgência no pedido de prisão, segundo a polícia.
De acordo com a Polícia Civil, os dois suspeitos foram localizados no sábado (1º) em Paty do Alferes, no Sul Fluminense, e confessaram o crime. O caso aconteceu em uma padaria em Côrreas na sexta-feira (31).
Claudio Batista, delegado titular da 105ª DP, postou um depoimento na rede social da delegacia relatando que o juiz de plantão alegou que não havia "justificada urgência" para representar o pedido de prisão contra os suspeitos de latrocínio (roubo seguido de morte).
Ainda de acordo com o delegado, o Ministério Público já havia pedido a prisão temporária de 30 dias contra os suspeitos no sábado (1º). Na decisão, o órgão reúne informações de testemunhas que viram o casal fugir.
Segundo as investigações, o homem levou cerca de R$ 300 da vítima, a agrediu com várias facadas e fugiu em seu próprio carro com a ajuda de sua companheira, que era vizinha da vítima.
"Após horas de espera, manifestação favorável do Ministério Público, em dois parágrafos, o excelentíssimo senhor juiz citava resolução do Conselho Nacional de Justiça para dizer que sequer iria apreciar a representação por não haver urgência", lamentou o delegado.
Claudio disse ainda que, enquanto aguardavam a decisão, os suspeitos confessaram o crime na delegacia.
"A decepção dos policiais envolvidos só não era maior do que a felicidade do casal com a notícia de que sairiam pela porta da frente da delegacia depois de terem entrado pelos fundos", contou.
O caso também chamou a atenção do chefe do Departamento Geral de Polícia do Interior, o delegado Alexandre Ziehe.
Ao G1, ele falou sobre o assunto.
"Houve latrocínio, ele (delegado titular) fez a representação e mandou para o juiz de plantão que não viu urgência na prisão dos latrocidas confessos. Saíram rindo pela porta da frente. É preciso dar visibilidade a isso para mostrar que há juízes totalmente descomprometidos com a causa pública. Se um latrocínio em Petrópolis, com dois autores presos e confessos não é grave, eu não sei mais o que é grave", questionou.
Sobre a possibilidade de fazer um novo pedido de prisão contra os suspeitos, Claudio Batista explicou que a representação "será feita sobre outro crivo".
"Vai ficar uma sensação de impunidade, isso é inevitável. A prisão é uma medida cautelar que pode acontecer em flagrante ou em virtude de uma ordem judicial. Agora, vamos dar continuidade às investigações e, ao final do inquérito, poderemos decidir", afirmou.
O G1 também entrou em contato com o Tribunal de Justiça e aguarda um posicionamento sobre o assunto.
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