Sessão gratuita começa às 19h30, no Sesc Thermas. Longa-metragem abre a mostra ‘Tropicália’ na unidade.
Nesta terça-feira (5), o Sesc Thermas de Presidente Prudente exibe o filme Terra em Transe, às 19h30, com entrada gratuita. O longa-metragem, listado entre os cinco melhores filmes nacionais pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema e vencedor de prêmios em Cannes e Havana, abre a mostra Tropicália na unidade.
O filme pode ser considerado um espetáculo poético sobre o transe político pelo qual passam países da América Latina. É considerado o mais importante e polêmico filme de Glauber Rocha e um dos precursores do movimento tropicalista.
O herói da trama é o poeta e jornalista Paulo Martins, vivido por Jardel Filho, especializado em trabalhar para políticos. Na fictícia república de Eldorado, campanhas políticas são polarizadas e confusas.
Dois líderes populistas disputam a Presidência: o religioso Porfírio Diaz (Paulo Autran) e o ex-sindicalista Felipe Vieira (José Lewgoy). Paulo é assessor de Diaz, mas se cansa com falsas promessas e passa a apoiar o opositor. Erra de novo. Como o rival, Vieira jura combater a fome e governar “para todos”. Mas faz um pacto com políticos e empresários desonestos, entre eles, Júlio Fontes (Paulo Gracindo), o magnata da TV.
Ao estrear em 19 de maio de 1967 no Rio de Janeiro e ganhar o mundo, o longa de 105 minutos alcançou repercussões controversas. Trazia a visão de um Brasil caótico e urbano, inédito aos olhos dos estrangeiros. No Brasil, a recepção foi outra.
Primeiro, a censura vetou a exibição, mas constatou que se tratava de uma sátira às esquerdas, liberando-a. Os jovens militantes detestaram a história porque ela revelava as insolúveis divisões da esquerda. Só perceberiam muito tarde que o filme antevia a luta armada que os dizimaria nos anos 1970.
O roteiro final, fruto de dois anos de pesquisa com quase 700 páginas escritas, foi só um resumo da ideia original do autor. No rascunho datado de 1965, temas como homossexualidade, religiões de matriz africana, críticas à Petrobras e trabalho escravo integravam o projeto.
O diretor Glauber Rocha (1939-1981) enfurecia tanto a esquerda como a direita. Além de satirizar ambas, valia-se dos então detestados políticos liberais para patrocinar seus filmes. Seu legado está em tentar compreender o caos do Brasil para salvá-lo do atraso. Da crítica social de “Barravento” (1962) à confusão de “Idade da Terra” (1980), passando pela alegoria “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), deixou nove longas-metragens de ficção e oito documentários.
Mostra Tropicália
Em junho, o especial Tropicália apresenta filmes representativos do movimento cultural que revolucionou a produção artística no Brasil, misturando manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais.
Os tropicalistas sacudiram a cultura brasileira e deram um passo à frente no meio musical tupiniquim. A música brasileira pós-Bossa Nova e a definição da “qualidade musical” no País estavam cada vez mais dominadas pelas posições tradicionais ou nacionalistas de movimentos ligados à esquerda.
Contra essas tendências, os tropicalistas universalizaram a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica. Ao unir o popular e o experimentalismo estético, as ideias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional.
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