Marcos Paulo da Cruz, que também é PM, falou pela primeira vez após a morte da mulher dele, a soldado Caroline Pletsch, de 32 anos. O casal passava férias em Natal quando foi baleado por assaltantes em uma pizzaria.
Natal. O que me levou a ir a Natal? As paisagens, as belezas naturais. Minha esposa era apaixonada por natureza. Tudo isso me levou a Natal. Realmente tem uma natureza bela, mas tem uma parte de Natal que não está na internet nem nas redes sociais, que é a onda de criminalidade, onde o policial está sendo caçado e morto. Eu só fui vítima de tudo isso porque aquele vagabundo achou que eu era policial, deduziu que eu era policial. Nada mais do que isso. Se não ele ia roubar dois celulares que estavam na mesa, mais umas coisinhas, e ia embora. Mas tudo isso aconteceu porque ele deduziu que eu era policial. E no momento que ele deduziu que eu era policial, ele berrava e gritava: eu vou te matar. Polícia tem que morrer”.
O relato (ouça áudio acima), em tom de desabafo, foi enviado com exclusividade à Inter TV Cabugi pelo sargento da PM de Santa Catarina Marcos Paulo da Cruz, de 43 anos. Esta é a primeira vez, à imprensa, que ele fala sobre a morte da mulher dele, a também policial militar Caroline Pletsch, de 32 anos. No dia 26 de março, de férias na capital potiguar, o casal foi surpreendido por assaltantes em uma pizzaria na Zona Norte da cidade. Ambos foram baleados e socorridos, mas ela não resistiu.
A morte de Caroline foi o 8º caso envolvendo um policial militar no Rio Grande do Norte em 2018. Menos de dois meses depois, o estado já soma 14 PMs assassinados. “Então, que sociedade, que lugar é esse onde o policial é caçado? Você não pode dizer que é policial que você vai ser morto. Isso, nenhuma rede social, nenhum lugar diz. Não venha a Natal. Em Natal, policial é caçado”, diz o sargento.
“Se você é policial, você vai ser caçado. Se você se veste como policial, se você tem cara de policial, se o seu cabelo é raspado como o de um policial, você vai ser condenado à morte. Desde que entrou na pizzaria e me olhou na cara, ele disse: vou te matar, você é polícia”.
“Não sei como é a segurança pública de Natal. Não sei como é que funciona, não sei como é que estão as coisas. Só sei que é horrível você estar em um lugar e não se sentir seguro, se sentir caçado. É esse o sentimento que eu tenho”, afirmou Marcos.
No relato, o sargento também tratou de agradecer o apoio que recebeu dos policiais potiguares. “Me salvaram, me carregaram, deram toda a tenção do mundo. Não tenho nada que reclamar. A polícia fez tudo por mim. Mas, é triste ver que num lugar desses, tão belo, com uma natureza tão exuberante, policiais e turistas não têm segurança nenhuma. Nenhuma”, ressaltou.
O sargento também destaca o sentimento do ser humano que existe além do profissional de segurança. Disse que policial não é máquina e que dentro da casa farde existem pessoas que defendem outras pessoas. “Atrás da Caroline, atrás do Marcos, existem filhos, mães, existem famílias, existe sofrimento, existe dor”.
Investigação concluída
Nesta segunda (14), a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Natal concluiu as investigações e indiciou três adultos e dois adolescentes por latrocínio consumado e latrocínio tentado.
O homem que atirou nos policias, um jovem de 18 anos, confessou o crime
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