Fani Pacheco não tem dúvidas sobre sua sensualidade e não importa qual é o número que aparece na balança. Com sua postura nas redes sociais, tem ajudado diversas mulheres a se sentirem melhores com seus próprios corpos.
"Eu me toquei que elas sofriam por serem gordas, eu quis mostrar que o gordo pode ser sexy e bonito", contou a ex-BBB que fez um ensaio nu este ano, em entrevista exclusiva para a Glamour. "Eu era refém desse padrão imposto. Agora, se eu quiser ficar do jeito que eu quiser é porque eu tô afim de ficar, é diferente. Então, eu quis mostrar que elas podem ser sexy", completou.
Ao se transformar em modelo plus size, Fani contou que chegou a recusar trabalhos por conta dos cachês baixo. “Teve aquele período de ficar de seis a sete meses sem trabalhar, eu negava os cachês, porque eram baixos, parecia que estavam desvalorizando o trabalho. A sensação que eu tinha era que eu desvalorizei porque eu tinha engordado, não era a minha imagem, o meu nome. Aquilo me deixou revoltada, aí eu me neguei a trabalhar”, explicou.
Com a ascensão como modelo, ela se sustenta e ainda paga a faculdade de medicina, a qual frequenta há cerca de um ano, em Angra dos Reis. Fani sonha em ser psiquiatra. Uma ideia bem antiga, que surgiu por conta da mãe, que era esquizofrênica.
"Por minha mãe ser esquizofrênica, passei muitos anos da minha vida em manicômio. Minha mãe foi internada por sete anos seguidos, em crises de período sazonal, duas vezes por ano, durante um ou dois meses. E eu ia diariamente lá. Então, eu era menor de idade, depois eu cresci e eu acompanhava todos os tratamentos. E eu gostava do tema", contou.
Fani disse que já nessa época, quando tinha cerca de 20 anos, procurava estudar o assunto e ajudar a mãe. “Eu não tinha dinheiro para computador, não tinha dinheiro para informação, mas eu ia no sebo, comprava tudo quanto é tipo de livro, eu tentava me inteirar. Eu amava tudo o que vinha da mente, do cérebro. Inclusive, neurologia. Eu era apaixonada pelo tema. Eu estudava por contra própria e chegou um ponto que eu, com uns 20 anos, nem precisava internar minha mãe. Eu mesma, em casa, já sabia como o médico agia e aí eu já sabia como manipular a medicação para tirar ela da crise em internar”, explicou.
Confira alguns trechos do nosso papo com Fani Pacheco:
SOBRE SE ACEITAR COMO É
"O ser humano nunca está satisfeito com nada na vida, nem com seu próprio corpo. O ser humano tem uma casa linda, uma família perfeita e olha para a grama do vizinho. Sempre procura problema. Parece que o ser humano procura defeito, infelicidade. No lado físico, tem que tomar muito cuidado para não virar doença, porque eu me analisando quando eu era magra, fit, mesmo não sendo neurótica, eu sempre me achava gorda, mesmo usando 38.
Na capa da Playboy, eu estava encolhendo a minha barriga sem respirar, achando que eu estava gorda. Tomava diurético, ficava sem comer no dia. Como se isso fosse funcionar! Como se isso fosse mudar. É uma insatisfação mesmo. Quando não é insatisfação física, é insatisfação psicológica. Eu lembro de uma época saradíssima, novinha, antes de ser famosa, fiz todo o tratamento, meu melhor corpo, sem ter o que reclamar. E eu estava infeliz! E já aconteceu também de eu estar pesando 85 kg, tendo que comprar roupa 46 ou 48, e estar com a autoestima altíssima, me achando linda. É muito um estado emocional, psicológico."
SEX SYMBOL
"Essa coisa de ser sex symbol vejo claramente que quem construiu fui eu. Eu engordei e, como eu sou positivista, eu vi que tudo tem seu lado bom. Eu me senti útil em ajudar outras mulheres. O empoderamento para mim não veio por uma questão de marketing. Existe muito mais por trás disso. Eu só me tornei um sex symbol sendo plus size, porque eu explorei meu lado sensual sendo plus size, porque eu quis mostrar para as mulheres que elas eram sensuais. Porque quando eu me toquei que elas sofriam por serem gordas, eu quis mostrar que o gordo pode ser sexy e bonito. [...] Aprendi a respeitar meu momento plus size e ser feliz assim. Eu era refém desse padrão imposto. Agora, se eu quiser ficar do jeito que eu quiser é porque eu tô afim de ficar, é diferente. Então, eu quis mostrar que as plus sizes podem ser sexys sim, para outras mulheres se sentirem assim."
POSAR NUA COM 85 KG
"Na primeira vez da Playboy, eu morri de vergonha. Não sabia fazer pose. O maquiador que fazia poses que eu tinha que copiar. Eu não tinha ideia. Era muito novo. Já a segunda vez, eu já estava tirando de letra. Na Sexy, também. Nesse meu ensaio de 85 kg, é como se eu já tivesse acostumada a ficar pelada na frente de produção. Já sei que é uma equipe, que é trabalho. Então, eu não me sinto mais constrangida. Foi mais libertador na intenção. Os outros foram por dinheiro e esse não foi por dinheiro. Foi porque eu queria que as mulheres se sentissem libertas. Na verdade, quis passar uma mensagem de liberdade, de mostrar que mulher gordinha também é sexy."
MERCADO DE MODA PLUS SIZE
Tenho opinião de um ano e meio para cá, que eu passei a participar dele. Quando eu passei a ser plus size, quando eu comecei a vestir 44, eu já não conseguia comprar nas lojas que eu comprava antes. Comecei a ir para lojas de departamento, não tinha também. Era muito difícil achar algo bonito, na moda. Ou tinha uma peça só. O caimento era diferente. Então, eu tive muita dificuldade no início. Depois, eu comecei a ver que existem muitas marcar plus. E cada vez mais o mercado, mesmo o magro, está abrindo esse espaço. Acho que o mercado plus size está em expansão muito grande e muito rápida.
CACHÊS MENORES
"Teve aquele período de ficar de seis a sete meses sem trabalhar, eu negava os cachês, porque eram baixos, parecia que estavam desvalorizando o trabalho. A sensação que eu tinha era que eu desvalorizei porque eu tinha engordado, não era a minha imagem, o meu nome. Aquilo me deixou revoltada, aí eu me neguei a trabalhar. Chegavam as cotações e eu só dava não. Meu preço era o mesmo preço de quando eu era magra. Então, até as empresas entenderem o quanto eu valia, eu fiquei sem trabalhar. Sorte que eu tinha reservas e tal. Mas as modelos plus size que eu conheço e que não são tão famosas, que estão no mercado faz algum tempo, elas reclamam que o cachê é baixo. Isso eu acho um absurdo. Acho que as modelos plus size tem que ganhar o mesmo que as modelo magras. Ponto."
FEMINISMO
"Sou feminista, mas não aquelas feministas que brigam. Sou feminista pelos direitos iguais, mesmo, literalmente. O básico. Não correntes que se desenvolveram com o tempo. Sou feminista desde a minha adolescência, desde os meus 14 anos, já na minha cidade Nova Iguaçu. Sofria um certo preconceito por eu querer ter o mesmo espaço dos meninos. Queria beijar um menino e na festa seguinte, se eu quisesse, beijar outro. Eles queriam me rotular de piranha. Enquanto se o menino que beijasse uma em cada festa era garanhão. Então, eu falava: “Não sou piranha, não. Então, você é piranho. Eu também posso beijar um em cada festa, só porque eu sou menina?”. Eu já exercia esse feminismo, esse direito e brigava por isso. Quem chamasse ou falasse qualquer coisa, eu falava: deixa falar, eu sei que eu não sou. Isso é um preconceito da sociedade, da cultura machista e eu tenho os mesmos direitos. Era militante no meu espaço, entre as minhas amigas, em momentos de conversa, que eu tinha que ser, ou no momento de uma sogra preconceituosa, mas fora isso, não."
MEDICINA: O SONHO
"O sonho surgiu aos 22 anos, mais ou menos. Eu me formei em Direito aos 22. No meio da faculdade, eu já tinha sacado que Direito não era a minha parada. Eu fiz Direito, tinha escolhido com 17, muito nova, e que era uma coisa burocrática, para eu ter emprego, uma estabilidade e fazer um concurso público. Mas eu já tinha, na minha cabeça, que eu ia passar em um concurso público, para garantir uma estabilidade minha e da minha mãe, porque a gente tinha uma vida muito humilde, não tinha casa própria, essas coisas. E eu ia fazer faculdade de Psicologia, porque era o que o meu dinheiro poderia pagar. Nunca pensei que eu teria a oportunidade de fazer Medicina."
INFLUÊNCIA DA DOENÇA DA MÃE
"Pela minha mãe ser esquizofrênica, passei muitos anos da minha vida em manicômios. Minha mãe foi internada por sete anos seguidos, em crises de período sazonal, duas vezes por ano, durante um ou dois meses. E eu ia diariamente lá. Então, eu era menor de idade, depois eu cresci e eu acompanhava todos os tratamentos. Gostava do tema. Eu não tinha dinheiro para computador, não tinha dinheiro para informação, mas eu ia no sebo, comprava tudo quanto é tipo de livro, eu tentava me inteirar. Amava tudo o que vinha da mente, do cérebro. Inclusive, neurologia. Estudava por conta própria e chegou um ponto que eu, com uns 20 anos, que nem precisava internar minha mãe. Eu mesma, em casa, já sabia como o médico agia e aí eu já sabia como manipular a medicação para tirar ela da crise em internar."
"Foram muitos anos assim, nunca mais tive que internar ela no IPUB (Instituto de Psiquiatria da UFRJ). Não era um lugar horrível para mim, era um lugar que eu já era familiarizada, que eu já me sentia bem. Eu não tinha medo. Era um lugar que eu entendia tudo, as pessoas, queria ajudar e participar. Eu vi que aquelas pessoas estavam à margem da sociedade e que elas precisavam de cuidados. Dava para ver o que faltava no serviço, que faltava humanização nos médicos. Do tipo: é maluco? Vamos tratar todo mundo igual. Faltava uma humanização da medicação para que aquele “maluco” tivesse uma vida melhor, era possível dar uma farmacologia para que tivesse uma vida melhor, mas eles não faziam questão. Ela sempre foi bem tratada, mas eles não fazem questão em melhorar a vida do paciente com outros farmacológicos que vão dar mais qualidade de vida para ele. Só dar aquele basicão para tirar ele da loucura e era isso. Eu me sentia meio impotente, porque eu já entendia tudo isso."
COMO FOI ENTRAR NA FACULDADE
"Uma dificuldade muito grande! Comecei a fazer cursinho na época do TV Fama. Me dediquei, comecei a fazer provas no Brasil inteiro. Comecei até nem muito mal colocada, não. Ficava em 200 e pouco. Mas normalmente são 50 vagas. São 100 por vaga. E aí eu nunca passava! Foram 3 anos tentando. Até que uma hora eu falei: não vou conseguir passar, eu não tô bem para estudar mais, não consigo. Acho que vou fazer Psicologia ano que vem. Aí, uma amiga contou que abriu Estácio em angra. Vai ser o primeiro vestibular, porque você não tenta. Aí eu fiz a inscrição. Um dia antes, estava com meu noivo, tomei uma garrafa de vinho, estava de porre, acordei super atrasada, a prova era uma e meia. Meu noivo insistiu para eu ir, ele dirigiu e eu fui dormindo. Cheguei perto de fechar o portão. Fiz a prova, tirei as notas de sempre. Pensei que não tinha passado. Só que eu não contava que o número de inscritos foi muito menor do que para as outras faculdades. Era uma faculdade que tinha aberto Medicina pela primeira vez. Eu fiquei em 12º lugar. Eu nasci para essa profissão, eu nasci para cuidar."
FANI ESTUDANTE
"Eu viro noite estudando, é dedicação, é sofrido. Mas é algo que eu estou fazendo por um sonho. É desgastante, tem que se superar, superar o tempo inteiro. Acordar e ter aula as 7h, ter cinco horas seguidas da mesma matéria, é bem desgastante. Você lida com ser humano, com a vida, você se cobra muito. É muita responsabilidade. É uma superação a cada dia, mas é uma superação que vale a pena. É o que eu quero."
PAIXÃO PELA PSIQUIATRIA
"Eu entrei na Medicina para fazer psiquiatria, meu foco é esse. Eu estou gostando muito de neurologia também. Mas gosto muito de tudo o que tem a ver como cérebro. A minha ideia é fazer uma especialização em psiquiatria, psicoterapia e fazer um trabalho completo. Principalmente, nesses pacientes que não são tratados como pessoas, mas sim como loucos. Eles são loucos e são pessoas. A esquizofrenia alterna entre a loucura e a sanidade. Você tratar uma pessoa que tem consciência do que ela é só como louco, é uma covardia. Quero ser uma médica humana, quero fazer diferença. Mas os professores falam: cuidado! É muito cedo, eu vou ver muita coisa, posso me apaixonar por outras coisas. Tenho amigos médicos que mudaram de especialidade várias vezes, enfim. O motivo pelo qual eu entrei para fazer Medicina, foi a psiquiatria. Então, eu não sei se eu vou mudar, não. Acredito que essa seja a minha especialidade mesmo."
VONTADE DE FAZER A DIFERENÇA
"Eu queria fazer mais pela minha mãe e não sabia. Eles (médicos) sabiam e não queriam fazer. Medicavam, mas o médico humanizado, preocupado pelo paciente individual, isso tem que existir. E dentro do meio psiquiátrico isso é muito difícil até hoje, até particular. Sei porque eu sou também paciente psiquiátrico, pela depressão e ansiedade, e demorou muito até encontrar um psiquiatra que eu me sentisse tratada como pessoa e não uma doença."
PRÓXIMOS SONHOS
Quero casar na hora certa! Eu estou noiva, mas não é o momento de eu casar agora. Por diversas coisas. Tem a faculdade nesse momento, meu noivo perdeu a mãe muito recentemente, tem quatro meses. Não há motivos para festa no momento. Quero ter filhos, uma família linda, igual do comercial. Pelo menos dois! Também penso em dar segmento no meu canal, tive que dar uma parada por causa da faculdade. Não perder essa minha essência, que eu quero passar para as pessoas, seja magra ou gorda ou musculosa, o que for. E acho que me realizar profissionalmente, me formar. Fazer a minha especialização, tratar dos meus pacientes. Fazer um serviço social de tratar os pacientes sem grana, como era o meu caso e minha mãe. Tratar de forma humana, viabilizar isso. Continuar na fama, como modelo, para pagar minha faculdade, meus custos de vida. E é isso!
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