Ascensão do Oeste Paulista Esporte Clube da Segundona para a A3 do Paulista completa uma década, e só 2 jogadores se mantêm em atividade; alguns se tornaram PM, bombeiro, professor de inglês...
Ai, você aí, Oeste vai subir, Oeste vai subir! Ei, você aí, Oeste vai subir, Oeste vai subir!". Há 10 anos, em um domingo de manhã, esse grito era entoado nas arquibancadas do Prudentão. Bastava uma vitória contra o Ecus, de Suzano, para que o acesso à Série A3 do Campeonato Paulista fosse garantido, e a torcida empurrava o Oeste Paulista Esporte Clube desde o início da partida. O grito ficou mais forte com o gol de Thiago Lobó, aos 32 minutos do primeiro tempo. Naquele momento, o acesso estava ficando em Presidente Prudente. Porém, a tensão deu lugar à euforia após o empate, quatro minutos depois. Na segunda etapa, à medida que a igualdade no placar persistia e tirava o sonho dos prudentinos, o nervosismo aumentava. Mas aquele 28 de outubro de 2007 não era dia de frustração. Tarabai, de cabeça, trouxe alívio ao torcedor, fez o grito voltar a ser escutado na arquibancada e deu números finais ao jogo que garantiu a ascensão da Laranja Mecânica.
A comemoração tomou conta do Prudentão e segue viva na memória de quem presenciou ou foi responsável pelo feito. Neste sábado (28), o acesso do Opec completa uma década. Muita coisa mudou desde então... A maioria daqueles atletas, por exemplo, não joga mais profissionalmente. Porém, uma situação segue inalterada: esta foi a última vez que uma equipe prudentina alcançou um acesso no futebol.
O GloboEsporte.com foi atrás dos 11 jogadores que atuaram naquela partida memorável e do técnico Juliano Gerlin, além dos atletas que tiveram grande participação durante a campanha, para saber o que eles fazem atualmente.
Uns se tornaram policial militar, bombeiro, bancário e até professor de inglês, e outros ainda trabalham dentro do esporte. Apenas dois continuam em atividade no futebol profissional: Tarabai e Camilo. Veja abaixo o que aconteceu com os heróis do último acesso do futebol prudentino:
Michael
Era o goleiro daquele esquadrão, e como diz o velho ditado, o bom time do Opec começava por um bom goleiro. Michael encerrou a carreira no Penapolense, alguns anos depois de conseguir a conquista pela Laranja Mecânica. Até tentou se manter no meio e chegou a ser treinador de goleiros do Presidente Prudente Futebol Clube e do Grêmio Prudente. Atualmente, é proprietário de uma empresa de uniformes, em Prudente.
Jaime
Vice artilheiro do Opec naquela campanha, com 10 gols, o meio-campista atuou improvisado na lateral-direita no jogo que deu o acesso ao time prudentino. Jaime se tornou o dono da posição em meio à temporada, agradou ao treinador e não saiu mais.
Foi titular em grande parte dos jogos até o fim do campeonato, sendo responsável, inclusive, pelo gol do título daquele Paulista da Segunda Divisão – quarto patamar estadual –, duas semanas depois do acesso, contra a Itapirense, no Prudentão, de pênalti.
Depois do caneco, saiu para jogar no futebol catarinense e encerrou a carreira em 2010, no Bandeirante, de Birigui, por conta de uma lesão no púbis. Atualmente trabalha em uma empresa metalúrgica, em Prudente.
Thiago Lobó
O lateral-esquerdo Thiago Lobó foi um dos que mais jogou pelo clube, extinto em 2009. Ele ainda permaneceu para disputar a Série A3 no ano seguinte, que quase culminou com o segundo acesso seguido do Opec. Depois, se transferiu para o Batatais e rodou bastante até encerrar a carreira em 2010, no Brasil de Farroupilha, do Rio Grande do Sul. Atualmente, é funcionário público, em Presidente Epitácio.
Nuno
O zagueiro entrou na reta final do campeonato, depois da lesão que tirou o titular Lucas dos jogos decisivos. Após o acesso, Nuno não teve mais grandes chances no futebol e encerrou a carreira em 2008, no Oeste Paulista. Atualmente, o ex-zagueiro está desempregado e mora em Nova Friburgo (RJ).
Ramón
Um dos pilares do time comandado por Juliano Gerlin, Ramón chamava a atenção pela segurança que dava ao setor e pela vasta cabeleira. Encerrou a carreira no futebol do Laos (país asiático), no Lanexang United FC, e hoje, com o cabelo mais curto, é professor de inglês em uma escola de idiomas, em Lucas do Rio Verde (MT).
Jordy Guerreiro
O apelido já diz tudo! A vontade demonstrada dentro de campo contagiava a torcida. Após ficar marcado na campanha do acesso e do título, Jordy Guerreiro voltou a vestir a camisa de um time de Prudente, em 2013, o Grêmio.
Outro clube que o atleta defendeu após o sucesso na Laranja Mecânica foi o XV de Piracicaba, inclusive na A1 do Paulista. Largou o futebol recentemente, em 2016, no São José dos Campos. Atualmente, trabalha em uma loja de materiais escolares, em Dracena, mas mora em Tupi Paulista.
Juninho
Ao lado de Itamar, Juninho era outro atleta fundamental no meio de campo armado por Juliano Gerlin, com a missão de proteger a zaga e fazer a bola chegar ao ataque. Encerrou a carreira no próprio Opec, e atualmente ainda mora em Prudente, onde é policial militar.
Itamar
Um dos homens de qualidade na saída de bola era o volante Itamar. O ex-atleta não atua mais e não tem nenhum vínculo com o futebol. Trabalha em uma loja de uma operadora de telefonia em Prudente. Seu último time foi o Bandeirante.
Outros volantes daquele grupo foram Rodriguinho e Magrão. Rodrigo César, como hoje prefere ser chamado, trabalha atualmente na base do Grêmio Prudente, após comandar o time profissional neste ano. No duelo com o Ecus, ele não atuou, pois estava machucado.
Já Magrão, que também jogava como lateral, ficou como opção no banco de reservas naquele duelo do dia 28 de outubro. Hoje, é técnico de produção e presta serviços em uma empresa, de forma autônoma. Também ajuda o amigo Tarabai a resolver algumas situações no Brasil.
Victor
Com muita habilidade, Victor tinha a missão de pensar o jogo naquele esquadrão. Balançou as redes oito vezes na campanha do acesso/título, sendo que um dos gols garantiu o importante empate em 2 a 2 na estreia da última fase daquela Segundona, fora de casa.
Mesmo sendo um dos destaques, o meio-campo permaneceu por pouco tempo no futebol após 2007. Defendeu o Bandeirante e o Presidente Prudente Futebol Clube e, logo em seguida, se aposentou dos gramados. Há cerca de oito anos, trabalha em uma empresa de produção de móveis, onde é inspetor de qualidade, em Dracena.
Adriano Gerlin
Presidente, camisa 10, cobrador de pênaltis e dono de um currículo invejável. Adriano já tinha conquistado vários títulos antes de defender o Opec, mas tem o acesso como uma das principais alegrias da sua carreira. Depois de ser campeão, jogou com a equipe na Série A3 e, mais tarde, por conta de dívidas, encerrou as atividades do clube.
Antes de terminar a carreira, Adriano ainda jogou em 2012 no Grêmio Prudente, time que adquiriu o registro do Opec. Atualmente, é responsável por um projeto social junto com seu irmão Juliano: uma rede de escolinhas de futebol na Nova Alta Paulista.
Tarabai
Único titular daquela equipe que se mantém em atividade no futebol profissional atualmente, Tarabai foi o artilheiro da Segundona 2007, com 22 gols. Exímio goleador, o atacante fez gol de cabeça, de voleio, com o pé, do acesso, no jogo do título...
Apos a campanha, não continuou no elenco para disputar a terceira divisão. Transferiu-se para o futebol paranaense, onde ficou duas temporadas e atuou pelo Galo Maringá e pelo Sport Club Campo Mourão. Em seguida, começou a carreira internacional. Atualmente joga na Arábia Saudita, no Al Baten, mas já passou por Malta, Hungria e Coreia do Sul.
Juliano Gerlin
O treinador da equipe campeã era o irmão do presidente. O time era tocado em família, mas se engana quem pensa que essa questão era o suficiente para bancar Adriano entre os 11 titulares. Juliano o fez adquirir forma física durante 40 dias, para provar que estava apto para disputar a competição. Conforme o combinado, o meia se preparou e, então, pôde atuar e colaborar na campanha.
Juliano nunca foi técnico fora do Opec. Segundo ele mesmo diz, na caminhada de seu irmão, teve a oportunidade de observar profissionais como Carlos Alberto Parreira e Oswaldo de Oliveira darem treinos e, a partir disso, criou sua uma maneira de trabalhar. Foi o único treinador que o Opec teve em seus quatro anos de história. Tinha como auxiliar e fiel escudeiro Marcelo Guimarães, que atualmente mantém os estudos e busca se firmar como treinador.
Com o fim do Opec, Juliano esteve envolvido com as categorias de base do Grêmio Prudente. Atualmente, mora em Dracena e trabalha ao lado do irmão no projeto social para jovens atletas.
Camilo
Ao lado de Tarabai, é o único que se mantém em atividade no futebol profissional. Camilo tinha apenas 19 anos na época do acesso e do título. Era uma espécie de 12º jogador. Constantemente, saía do banco para colocar fogo nas partidas. Foi assim no duelo que levou o Opec à A3, quando entrou no segundo tempo.
Depois da campanha memorável, o jogador ainda atuou no futebol alagoano antes de começar a carreira internacional. Jogou em Malta, na Coreia do Sul e no Canadá – onde chegou a marcar um gol que concorrou ao Puskas, em 2014 –, até chegar ao clube que está atualmente, o Querétaro, do México. Foi, inclusive, colega de Ronaldinho Gaúcho, no país mexicano.
Dú Catuaba
Dú atuou durante quase toda a partida do acesso. Entrou no começo do jogo, no lugar de Adriano, que saiu contundido. Rodou por alguns times do interior depois daquela conquista e encerrou a carreira dois anos depois, no União São João, de Araras, na Série A2 do Paulista. Atualmente, trabalha como bancário em Prudente.
Val
Jogou pouco naquela campanha, mas teve a oportunidade de participar do jogo do acesso, ao entrar na terceira substituição feita por Juliano Gerlin. O volante encerrou a carreira na Portuguesa, de Londrina, em 2013, e hoje mora em Sandovalina, onde trabalha no almoxarifado de uma usina de cana de açúcar.
Legenda e crédito da foto que abre a reportagem: Oeste Paulista, no jogo de acesso em 2007. Em pé (da esq. para a dir.): Juliano Gerlin, Michael, Itamar, Ramón, Magrão, Victor, Jordy Guerreiro, Nuno e Everton; agachados (da esp. para a dir.): Pedro Henrique, Camilo, Val, Jaime, João Henrique, Dú Catuaba, Tarabai, Adriano Gerlin, Juninho e Thiago Lobó (Foto: João Paulo Tilio / Arquivo Pessoal)
*Colaborou sob a supervisão de João Paulo Tilio
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