PM abordou pai da criança. Ele estava sem documentos e andava com criança, que chorava de fome. Pediatra diz que, por questões de saúde, recomendação é não amamentar bebês de outras pessoas.
A gente sai de casa pra trabalhar, não sabe o que vai ter pela frente. Temos que estar dispostos a ajudar”, diz Ana Maria Fernandes de Figueiredo. A soldado da Polícia Militar viveu um dia de serviço inusitado no domingo (4). Durante uma abordagem, ela amamentou um bebê de pouco mais de 20 dias de vida, em Belém. O momento foi registrado e viralizou nas redes sociais.
Segundo a PM, ela estava na viatura de ronda, quando viu um homem carregando um bebê muito pequeno. “Ele não levava nada, nenhuma bolsa. Andava apressado com o bebê, que estava chorando muito”, relata. Os policiais, então, pediram para falar com o homem, que estava sem documentação.
Ele explicou que é lavador de carros, e que a esposa havia saído para buscar dinheiro no local onde trabalhava. “A gente liberou ele, mas como o bebê chorava muito, fomos até um hotel da região para abrigar a criança e averiguar a situação”, conta Ana Maria.
Segundo a PM, o homem mostrou um papel do Conselho Tutelar, que estava em seu bolso. O ofício mostrava que ele já tinha uma filha, que fora levada para um abrigo. “Ele disse que já tinha perdido um filho e não queria perder outro. Nos passou o número da esposa e entramos em contato”.
Mãe de um menino de dois anos, a soldado se sensibilizou com o desconforto da criança. O pai da pequena Luíza disse que a menina sentia fome. A policial, então, ofereceu-se para amamentar a bebê. O pai e o sargento autorizaram, e a criança foi alimentada.
“A gente olha uma criança chorando, numa situação daquela. Temos que suprir as necessidades dela. Quando eu me dispus a amamentar, e o pai autorizou na hora, ele estava agoniado com o choro”, diz. “A gente pensa no nosso filho, mãe é mãe”.
Alerta
Apesar do ato de solidariedade que foi a amamentação da pequena Luíza, a prática não é recomendada pelos médicos. Segundo a pediatra da Santa Casa do Pará, Giselle Toscano, a orientação é que ninguém amamente o filho de outra pessoa.
“A princípio, a recomendação é essa. Porque a pessoa (que amamenta) pode ser portadora de alguma doença contagiosa, ou faça uso de alguma medicação que possa fazer mal ao bebê. Mas se a mulher tiver com a saúde em dia, é outra situação”, diz.
A pediatra explica que, em caso de doação de leite materno, há um processo que garante a segurança alimentar ao bebê que vai consumir o leite de terceiras. “O leite doado à Santa Casa, por exemplo, vai para o Banco de Leite, é pasteurizado, passa por diversas etapas, até que é oferecido aos bebês”.
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