Julgamento em comissão disciplinar do STJD nesta sexta-feira durou mais de 6 horas
Após mais de seis horas de defesas, acusações e depoimentos, os volantes colorados Wellington e Nilton foram suspensos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por cinco meses na noite desta sexta-feira. Contudo, a pena será retroativa à suspensão preventiva, em 9 de novembro. Portanto, como já cumpriram quase 30 dias até o momento, os atletas terão condições de atuar em abril. O julgamento, que iniciou às 16h e só terminou após as 22h, foi realizado na Quarta Comissão Disciplinar do órgão, no Rio de Janeiro.
Os jogadores colorados corriam o risco de ficar até quatro anos longe dos gramados. Agora, eles ainda podem recorrer da decisão ao Pleno do STJD para pleitear absolvição ou redução da pena e, em hipótese de nova derrota no tribunal, levar o caso para ser analisado na Corte Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça. A Procuradoria também tem direito a entrar com recurso. Os advogados do Inter se reunirão com o departamento jurídico do clube para tomar uma decisão.
Nilton e Wellington testaram positivo para as substâncias hidroclorotiazida e clorotiazida, em três jogos disputados em setembro. As duas substâncias são classificadas como diuréticos, ou seja, provocam o aumento da quantidade de urina e ajudam a expelir mais rapidamente líquidos e outras substâncias do corpo humano. Por isso, servem também para mascarar o uso de outras drogas e são proibidas pelo Regulamento de Controle de Doping da CBF e pela Wada, Agência Mundial Antidoping.
Suspensos preventivamente desde a divulgação do caso, no mês passado, Nilton e Wellington foram ao STJD para se defender. Tiveram uma tarde de muita nervosismo, preocupação e espera. O julgamento dos volantes era prioridade na sessão iniciada às 12h, mas os auditores decidiram inverter a pauta e o caso acabou no fim da fila.
Julgamento ocorreu na Quarta Comissão Disciplinar do STJD (Foto: Jessica Mello/GloboEsporte.com)
A sessão teve início com as alegações dos advogados Daniel Cravo e Rogério Pastl, representantes do Inter, e André Ribeiro, defensor dos atletas. A tese da defesa: doping involuntário, causado pela contaminação de um suplemento ingerido pelos jogadores.
Nilton foi o primeiro a depor. Ao responder os questionamentos dos auditores e dos advogados, disse que sempre ingeriu suplementos alimentares em todos os clubes por que passou e que nunca teve problemas. O volante alegou que a partir de agosto passou a ingerir o suplemento com proteína concentrada, que foi recomendado pela esposa, formada em educação física. E que ficou surpreso ao receber a notícia de que tinha sido flagrado no antidoping.
– Achei que era brincadeira, que estavam de gozação. Sempre tive uma conduta muito correta – afirmou o volante, que chegou a embargar a voz em alguns momentos durante o depoimento. – Se eu tivesse visto de imediato que tinha substância, não teria tomado nada – acrescentou.
Depois foi a vez de Wellington sentar em frente aos auditores para apresentar sua versão. Durante o depoimento, o volante confirmou que ingeriu o mesmo suplemento por indicação de Nilton e que nunca chegou a comprar o produto. O presidente da Comissão de Controle de Doping da CBF, Fernando Solera, e o médico português Luis Horta, especialista em doping, foram interrogados na sequência.
Solera afirmou ter realizado palestras em cerca de 40 clubes de todas as séries do futebol brasileiro nas quais aborda a questão dos suplementos. Segundo ele, o encontro foi oferecido ao Inter, que não teria aceitado.
– Não posso impor – justificou o médico.
Em seguida, a defesa colorada chamou o bioquímico Marco Aurélio Dorneles, que explicou em vídeo o laudo elaborado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para atestar a idoneidade dos jogadores. Ele ressaltou ainda que o uso das substâncias não representou ganho aos atletas. Os advogados do Inter ainda salientaram o fato de que os suplementos protéicos utilizados pelos atletas podem ter sido contaminados por clorotiazida e hidroclorotiazida, possibilidade atestada pelos especialistas.
Por volta das 21h30, o relator Leonardo Andreotti iniciou a explanação dos auditores e sustentou a punição dos jogadores por cinco meses de suspensão retroativa à data da primeira penalidade (9 de novembro). Marcelo Coelho e o presidente da comissão, Wanderley Godoy Júnior, acompanharam o voto de Andreotti, encerrando o julgamento após mais de seis horas.
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