Sinpol-MS fez vistoria em unidade de Itaquiraí e constatou 'preso ilegal'.
Das 49 delegacias que possuem presos no Estado, todas estão lotadas.
Ao vistoriar a delegacia de Itaquiraí, a 395 quilômetros de Campo Grande, quatro dias após a fuga de cinco detentos do local, integrantes do Sindicato da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (Sinpol-MS) constataram que um suspeito de homicídio está na cela improvisada há um ano de dois meses. Além disso, eles constataram a superlotação em 100% das unidades policiais do estado.
"Dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, 49 possuem presos em delegacias e todas elas estão superlotadas. Estamos elaborando um relatório, mostrando a condição degradante em todas elas. Na unidade de Itaquiraí, onde o policial foi gravemente ferido, continuam 19 presos. Eles devem permanecer o tempo mínimo de ser lavrado o flagrante ou então durante uma prisão temporária, de no máximo cinco dias", afirmou o presidente do sindicato, Giancarlo Miranda.
No caso do homem de 35 anos, suspeito de homicídio, Miranda diz que o poder judiciário têm conhecimento da situação deste preso. No entanto, eles informam que não há vagas em presídios de Mato Grosso do Sul.
"Este preso foi condenado em setembro de 2014 e continua na unidade penal desde então, inclusive com mais 19 presos neste momento. Outros também estão desde abril. Nós encaminhamos ofício para a Covep [Coordenadoria das Varas de Execução Penal de MS], pedindo providências", comentou o presidente.
Além deste preso, o sindicato pede a remoção de todos os outros. "Sabemos que é difícil atender a demanda em 100%, porém, caso de Itaquiraí, o local se tornou inseguro e o reforço do plantão tem que ser, de no mínimo, três policiais. Em outras delegacias, a rotatividade é um pouco melhor. Mas o que está acontecendo, em muitos casos, é que o preso cumpre parte da sua pena na delegacia", explicou o presidente.
Por volta das 17h (de MS), do sábado (21), quando iria ser entregue a refeição dos 21 detentos que estavam no local, o investigador de 38 anos foi surpreendido e gravemente ferido. O caso ocorreu em Itaquiraí, a 395 quilômetros de Campo Grande. Na última quarta-feira (25), em Pedro Gomes, na região norte do estado, um investigador de 37 anos morreu horas após ser agredido por outro preso.
Entrega de chaves
Os casos causaram revolta aos policiais civis, que iniciaram um movimento de '"entrega de chaves". A primeira unidade policial foi a de Chapadão do Sul, em que os investigadores entregaram as chaves das celas. Os presos ficaram sem receber a alimentação e nesta sexta-feira (27), uma assembleia da categoria seria realizada.
Em entrevista ao G1, o presidente disse que os casos resultam em uma "tragédia anunciada" e que faz parte de uma "luta histórica" do sindicato. Ao todo, o presidente disse que investigadores custodiam 800 presos em delegacias do estado.
"A fuga e tentativa de rebelião de presos em delegacias já aconteceu em Água Clara, Ponta Porã, Chapadão do Sul, Ivinhema e diversos outros municípios de Mato Grosso do Sul, somente neste ano. É uma tragédia que estamos anunciando há mais de seis anos, um desvio de função do policial, já que custodiar preso é papel de agente penitenciário. Enquanto isso, eles ficam em celas improvisadas, sem segurança e sem os seus direitos garantidos. Aliás, o preso tem muito mais garantias do que os próprios policiais", finalizou o presidente do Sinpol/MS.
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