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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Lobista preso na Lava Jato e ligado a Dirceu deixa a cadeia em Curitiba

Fernando de Moura foi preso na 17ª fase junto com o ex-ministro José Dirceu.
Ele firmou acordo de colaboração junto ao MPF em setembro.


O lobista Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, preso durante a 17ª fase da Operação Lava Jato, foi solto na manhã nesta segunda-feira (2), por volta das 8h. A informação foi confirmada pela Polícia Federal (PF).

No dia 20 de setembro, a Justiça Federal do Paraná homologou um acordo de colaboração com Moura. Ao ser delator, ele aceitou repassar informações sobre o esquema de propina na Petrobras em troca de redução de pena, caso seja condenado. 

Fernando Moura estava detido desde 3 de agosto. Ele já é réu perante a Justiça e responde por organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O delator estava preso na carceragem da PF, em Curitiba.
O acordo de delação previa três meses de regime fechado e, depois, de 12 a 18 meses em regime semiaberto diferenciado, devendo permanecer em casa das 20h às 6h, além de prestar serviços à comunidade.
Procurado pelo G1, o advogado Pedro Iokoi, resposável pela defesa de Moura, informou que o delator já estava a caminho de casa, em Vinhedo (SP). "Nosso posicionamento é que agora ele vai cumprir as demais determinações do acordo de colaboração e participará de todos os atos processuais determinados", afirmou.
De acordo com o Ministério Público Federal, ele representava o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na Petrobras. Moura também é acusado de receber parte da propina paga pelas empreiteiras por contratos na petrolífera.

Os procuradores ainda afirmam que o nome de Renato Duque para ocupar o cargo de diretor de Serviços da estatal teria sido sugerido por Fernando Moura a Dirceu. O ex-diretor responde a processos na Justiça Federal por ser acusado de receber dinheiro de propina.

Renato Duque e Dirceu estão presos no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana da capital paranaense, acusados de terem sidos beneficiados com o esquema de corrupção, fraudes e desvio de dinheiro na Petrobras. Duque, inclusive, já foi condenado a 20 anos 8 meses de prisão.
Amizade com Dirceu
A proximidade com o Partido dos Trabalhadores (PT) e com o funcionamento da legenda vem de longa data, segundo Moura. O lobista declarou no acordo de delação que é amigo de longa data do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. A amizade entre eles vem desde os anos 1980, quando participou da primeira campanha de Dirceu a deputado estadual em São Paulo. Com o passar dos anos, ele ajudou o ex-ministro a fazer eventos de arrecadação de fundos para as campanhas posteriores.

O lobista declarou, inclusive, que passou a morar em Brasília, em 2002, almejando um cargo junto a Dirceu na Casa Civil. No entanto, teria sugerido a Moura que abrisse uma empresa e, assim, receberia ajuda em nível federal.
Moura disse que seguiu o conselho e conseguiu a ajuda necessária para manter o negócio funcionando. No entanto, quando o escândalo do mensalão estourou, o delator se viu pressionado, embora tenha garantido que não teve nenhuma ligação com os acordos feitos entre o governo e os parlamentares envolvidos no esquema.
Ele disse que foi Dirceu quem o sugeriu a sair do Brasil, "até que a poeira baixasse". Desde então, passou a receber mesadas de R$ 100 mil, para morar fora do país e manter-se quieto.

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