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sábado, 28 de novembro de 2015

Após fogo em terreiro, DF anuncia delegacia contra intolerância religiosa

Governador visitou local neste sábado e pediu prioridade nas investigações.
Espaço de candomblé recebia 50 pessoas por semana; não houve feridos.


O governador Rodrigo Rollemberg anunciou neste sábado (28) que determinará a criação de uma delegacia para investigar crimes de racismo e intolerância no Distrito Federal. O anúncio foi feito durante visita ao terreiro de candomblé Axé Oyá Bagan, que ficou destruído após incêndio na madrugada de sexta. Há indícios de ação criminosa.
"Não podemos admitir que, na capital da república, tenhamos demonstrações de intolerância religiosa", afirmou Rollemberg.
O governador determinou à Polícia Civil e ao Corpo de Bombeiros que tratem como prioridade a investigação. O laudo da perícia deve sair em até 30 dias. O Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do Ministério Público acompanha a apuração.
O terreiro é conhecido como Casa da Mãe Baiana e fica em uma chácara no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, entre o Paranoá e o Lago Norte. Ele recebia 50 pessoas por semana. O fato foi denunciado por meio do Disque 100, canal da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
O incêndio é investigado pela 6ª Delegacia de Polícia. Até a tarde de sexta, a apuração não tinha esclarecido se o fogo começou por acidente ou se foi provocado. Seis pessoas dormiam no local no momento, mas ninguém ficou ferido. O barracão ficou completamente destruído.
"Chamei os meninos que estavam dormindo e a gente foi pegar água nas caixas d'água para apagar, mas aí o fogo invadiu. Esse fogo foi de fora para dentro. É a intolerância religiosa, mais uma vez, dentro de Brasília e nós precisamos tomar uma providência imediatamente, não podemos deixar mais", diz Adina Santos, a "Mãe Baiana" que administra o terreiro.
Segundo o MP, nenhum caso do tipo foi registrado no DF nos últimos três anos. Em setembro, dois templos de religiões de matriz africana foram incendiados em Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto, no Entorno. Dossiê do GDF aponta 13 casos do tipo neste ano.
"Quando, em outros países, se incendeiam igrejas cristãs e cristãos são degolados, entendemos que isso é inaceitável. Aqui no Entorno os mesmos atos de intolerância religiosa são praticados contra templos de religião de matriz africana. Os recentes atentados terroristas na França possuem a mesma raiz de intolerância religiosa. Não podemos admitir que a intolerância vença a democracia", diz o coordenador do NED e promotor de Justiça Thiago Pierobom.
Incêndio em terreiro de Candomblé, em Brasília (Foto: Polícia Militar/Divulgação)Incêndio em terreiro de Candomblé, em Brasília (Foto: Polícia Militar/Divulgação)
Denúncias sobre atos de intolerância religiosa, racismo, xenofobia e outros tipos de discriminação podem ser encaminhadas à ouvidoria do MPDF, pelos números 127 ou 0800-644-9500, ao Disque 100 ou ao Disque Racismo, no 156, opção 7.

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