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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

SP vai desviar mais água da Billings para apoiar Guarapiranga e Alto Tietê

Governador Geraldo Alckmin disse que não cogita racionamento.
Cantareira teria acréscimo de até 6% com 3ª cota do volume morto.


O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta quarta-feira (21) que irá retirar mais água da represa Billings, que integra o Sistema Rio Grande, para abastecer os sistemas Guarapiranga e Alto Tietê – que juntos atendem 11 milhões de clientes da Sabesp na Grande São Paulo.
A medida não tem impacto direto para os 6,2 milhões de pessoas que atualmente recebem água do Cantareira. O sistema estava com 5,5% de sua capacidade nesta quarta-feira.
Durante entrevista em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, o governador não detalhou se serão necessárias novas obras para implementar a medida e também não deu prazos.
O Sistema Guarapiranga, que tem capacidade de 171 bilhões de litros, operava com nível de 38,5% nesta quarta. Ele abastece 5,2 milhões de pessoas, parte delas moradores da capital que recebiam água do Cantareira.
Já o Alto Tietê tem capacidade de 520 bilhões de litros e tinha 10,2% do volume disponível. O sistema abastece 4,5 milhões de habitantes – entre eles também há ex-abastecidos pelo Cantareira.
Acho que nós podemos colocar mais um metro cúbico por segundo da Billings para a Guarapiranga e aumentar 4 metros cúbicos por segundo para o Alto Tietê"
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo
"Todo trabalho vai ser em torno da represa Billings, porque a Billings é maior do que o Cantareira, ela tem 1,2 bilhão de metros cúbicos e está com mais de 50% de reservação. Então ela pode ajudar o Guarapiranga e o Alto Tietê", disse Alckmin.
Atualmente, a represa Billings já atende o Guarapiranga através de um braço em Itaquacetuba.
"O que nós vamos é aumentar [a vazão]. Acho que nós podemos colocar mais um metro cúbico por segundo da Billings para a Guarapiranga e aumentar quatro metros cúbicos por segundo para o Alto Tietê", afirmou. O governador não mencionou a data em que a vazão irá aumentar.
arte cantareira vale este (Foto: Editoria de arte/G1)
Alternativas para o Cantareira
Para o início do segundo trimestre do ano, quando as previsões indicam a possibilidade de a água do Cantareira acabar se não chover o esperado, o governador disse que existem alternativas. "Nós temos ainda uma terceira reserva técnica e temos inúmeras obras que estão sendo feitas de interligação do sistema", afirmou Alckmin.

Apesar de citar a terceira reserva técnica, Alckmin disse que o governo não pretende utilizá-la a curto prazo, mesmo com a seca e o baixo volume do reservatório das represas.
Segundo ele, o terceiro volume morto seria capaz de aumentar a reserva do Cantareira "em torno de 5% a 6% do volume global". A Sabesp diz que ele corresponde a 41 bilhões de litros.
Racionamento
Questionado se concorda com a declaração de Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo e vice presidente nacional do PSDB, de que o estado precisa decretar racionamento, Alckmin discordou e disse não cogitar essa hipótese.

"Nós estamos trabalhando para garantir o abastecimento da população, [em] um mês totalmente atípico. A média histórica [chuva] do Cantareira para o mês de janeiro é de 271 milímetros. Nós tivemos até hoje, dia 21, 60 milímetros. A mínima histórica era 110, nós estamos com a metade da mínima histórica e um calor impressionante", argumentou o governador.
Billings: desafio no tratamento
Especialistas em recursos hídricos ouvidos pelo G1 apontam a Billings como uma alternativa, mas ressaltam a péssima qualidade da água por causa da contaminação por esgoto.

“A Billings poderia ser considerada, mas tem níveis de poluição consideráveis, e você precisa desenvolver essa estrutura [de tratamento] que não é feita do dia pra noite”, defendeu o geólogo Pedro Luiz Côrtes, que também é pesquisador da USP e membro do programa de Mestrado em Gestão Ambiental da Uninove.
“Tecnologicamente não há empecilho [para usar essa água], mas há um problema de prazo, e o segundo é o transporte”, explicou o presidente da Sabesp Jerson Kelman.
Outro ponto citado por especialistas é a capacidade de tratamento dos sistemas que absorveriam consumidores do Cantareira. “Seria necessário fazer toda a ampliação de novas estações de tratamento. E isso é uma obra demorada”, afirmou o geólogo Pedro Luiz Côrtes.
O diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, afirmou na semana passada que a substituição do Cantareira por outros sistemas não seria uma possibilidade imediata. "A falta de chuva atinge todos os mananciais. Neste momento, não temos possibilidade de aumentar o remanejamento de vazão”, disse.
Ainda segundo Massato, as possibilidades seriam o Alto Tietê e Alto Cotia, que operam com nível baixo, além do Sistema Guarapiranga, cujas obras ainda estão em andamento. “Existem várias propostas, mas que foram projetadas para um período em que voltaria a chover mais”, afirmou.
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Gráfico mostra o nível de chuva nas represas do Sistema Cantareira nos períodos de outubro e abril de 2013/2014 e de 2014/2015 (Foto: Arte G1)

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