Três agentes já foram liberados; outros 10 continuam reféns dos rebelados.
Motim, que começou na segunda-feira (13), dura mais de 30 horas.
Mais um agente penitenciário foi liberado na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), na região central do Paraná, por volta das 17h30 desta terça-feira (14). A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato Dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Antony Johnson. O agente liberado apresentava ferimentos leves e foi encaminhado para um hospital, segundo o sindicato. Agora, dez agentes penitenciários continuam reféns dos rebelados, além de detentos.
A rebelião começou no fim da manhã de segunda-feira (13), com 13 agentes reféns. Um foi liberado ainda na segunda-feira, após ser queimado com cola. Outro foi liberado por volta do meio-dia desta terça-feira.
Por volta das 17h30 desta terça, cinco reféns estavam em cima do telhado da penitenciária. De acordo com relatos de familiares, que estão nos arredores do local, alguns deles são agentes penitenciários. Contudo, o presidente do sindicato não soube dizer se os reféns em cima do telhado são agentes ou não.
Conforme a Polícia Militar (PM), a primeira libertação ocorrida nesta terça-feira foi feita em troca de comida para os presos. Segundo a PM e o Sindarspen, ele foi levado para o hospital, mas não aparentava ter ferimentos. Já em relação ao terceiro agente liberado, o sindicato não sabia informar qual tinha sido a negociação. Até as 17h50, a Polícia Militar não havia se pronunciado.
Apesar dos agentes que seguem reféns, o tenente da PM Fábio Zarpellon garantiu, por volta das 14h, que a rebelião estava sob controle. “Estamos progredindo”, disse.
Na manhã desta terça-feira, os presos também entregaram uma lista com reivindicações à equipe de negociação. De acordo com a vice-presidente do Sindarspen, Petruska Sviercoski, os detentos pedem por transferência de presos, progressões de regimes e que não sofram retaliações. “Eles disseram que esta é uma parte das reivindicações. Não sabemos se eles vão pedir mais alguma coisa ou quem sabe encerrar a rebelião”, afirma.
Os rebelados reclamam ainda da administração da penitenciária, da comida e das acomodações. Segundo Zarpellon, eles também pedem por um celular. “Será verificada a possibilidade pela equipe de negociação”, disse o tenente.
Mais cedo, por volta das 9h desta terça-feira, presos vendaram um dos reféns e o amarraram em um pedaço de madeira em cima do telhado. Pouco tempo depois, os rebelados ainda exigiram que a polícia encontrasse um local na sombra para deixar os familiares dos detentos, que aguardam do lado de fora da penitenciária. Como o pedido não foi atendido no momento, os presos penduraram um refém no telhado e ameaçaram matar o homem. Às 14h, foram montadas duas barracas em frente à penitenciária para abrigar as famílias.
A rebelião na PIG
O motim começou próximo às 11h30, quando havia um transporte de presos para um canteiro de trabalho. Treze agentes penitenciários foram rendidos no momento, além de dezenas de presos. Poucas horas depois, um dos reféns foi liberado e hospitalizado após presos terem jogado cola no corpo do agente. No fim da tarde de segunda, cinco detentos também ficaram feridos e foram encaminhados para hospitais da cidade. De acordo com o Samu, quatro deles tiveram ferimentos leves, enquanto um teve traumatismo craniano moderado.
A penitenciária abriga 240 detentos e trabalha com um modelo em que os presos podem estudar e trabalhar no local. Esta é a primeira rebelião na PIG, que foi inaugurada há 15 anos. Conforme a vice-presidente do Sindarspen, a unidade já foi exemplo de penitenciária para o país. "Na PIG, só entravam presos que gostariam de se ressocializar. Existia uma seleção para isso. Hoje, não existem mais critérios. Entram presos perigosos, que participaram de outras rebeliões, e que conseguem disseminar a revolta entre os outros detentos quando algo não os deixam satisfeitos lá dentro", alega.
De acordo com a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) do Paraná, dez presos que participaram da rebelião em Cascavel, em agosto, que resultou na morte de cinco detentos, foram transferidos para a Penitenciária Industrial de Guarapuava. A Seju não soube informar se, entre os rebelados de Guarapuava, estão os transferidos de Cascavel.
Outras rebeliões
O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paranáx. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.
No dia 7 de setembro, foi a vez da Cadeia Pública de Guarapuava, quando 14 detentos renderam três agentes penitenciários. Eles exigiam a transferência de alguns dos presos, já que o local estava com superlotação. O pedido foi atendido e o motim se encerrou após nove horas.
Ainda houve a rebelião na Penitenciária deCruzeiro do Oeste (Peco), no noroeste paranaense, no dia 10 de setembro. A unidade recebeu 124 detentos da Penitenciária de Cascavel, após o motim do fim de agosto. Mesmo assim, não havia superlotação. Segundo a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju), o presídio pode receber até 1.108 presos, mas abriga 844.
Nos dias 16 e 17 de setembro, presos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, realizaram uma rebelião por mais de 24 horas. Os presos renderam os funcionários enquanto eles serviam o café da manhã e dominaram duas galerias do presídio. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns. Uma das reivindicações dos presos era de que fosse construído um muro para que os presos faccionados, que pertencem a facções criminosas, ficassem separados dos demais.
A Seju informou que a construção do muro era inviável, mas disse que reforçou a grade que separa os blocos. Os presos também receberam 50 colchões para repor os que tinham sido queimados na última rebelião, no dia 12 de setembro.
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