Motim durou 45 horas e foi encerrado na madrugada desta terça-feira (26).
Cinco detentos foram mortos, 25 ficaram feridos e mais de 850 transferidos.
"Houve uma desorganização total" e um "descontrole por parte dos presos" no motim que durou 45 horas na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), segundo o diretor do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Cezinando Paredes. Ele afirmou ao G1 que os detentos fizeram reclamações e não reivindicações e que isto teria dificultado as negociações para o fim do tumulto. Cezinando também relatou que não havia um líder no grupo.
"Duas, três, cinco pessoas falavam ao mesmo tempo", disse Cezinando. A rebelião teve início às 6h30 de domingo (24) e encerrou por volta das 3h30 desta terça-feira (26). Cinco presos foram mortos e pelo menos 25 ficaram feridos. Dois agentes penitenciários também foram feitos reféns durante todo o motim e tiveram ferimentos. Eles precisaram de atendimento médico e foram liberados em seguida.Segundo o Depen, entre as exigências dos rebelados estavam o relaxamento nas visitas, mais diálogo com a direção da unidade e refeições melhores. "Essa rebelião tomou uma proporção muito maior do que eles [os detentos] estavam imaginando", declarou Cezinando, que destacou ainda que os presos envolvidos na rebelião serão investigados e responsabilizados pelos crimes cometidos durante a ação.
A PEC tem capacidade para 1.116 presos e estava com pouco mais de 1.040 quando começou a rebelião. Após as negociações, cerca de 850 foram transferidos para várias unidades prisionais do estado – a maior parte para a Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC). O restante dos presos que ficou na PEC está no bloco 1. Os outros dois blocos da penitenciária ficaram totalmente destruídos pelo incêndio provocado durante a rebelião, segundo o Depen.
Nesta primeira vistoria feita na unidade, logo após o fim do motim, um grupo de policiais e técnicos avaliou a estrutura e recolheu armas artesanais usadas pelos rebelados. Engenheiros serão responsáveis por uma avaliação mais precisa das condições da penitenciária.
"Nesse primeiro momento nós vamos verificar os problemas na parte estrutural da unidade e aguardar um laudo pericial para, inclusive, ter uma ideia de orçamento para recuperar o que foi perdido", acrescentou o diretor. Cezinando Paredes disse ainda que os dois agentes penitenciários feitos reféns terão acompanhamento psicológico fornecido pelo estado. Eles foram feridos e depois de soltos atendidos e liberados.
De acordo com a Secretaria da Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Seju), dos 25 feridos, oito permaneciam internados até a manhã desta terça. O Depen confirmou que dois dos detentos mortos pelos rebelados foram decapitados. Outros dois morreram após serem atirados de cima do telhado da unidade. Não há detalhes sobre a quinta morte. Durante a manhã desta terça, vários familiares de detentos aguardavam por notícias em frente à penitenciária.
As transferências chegaram a ser suspensas na noite de segunda por motivos de segurança, mas foram retomadas e concluídas durante a madrugada. A medida foi tomada devido a um acordo firmado entre os presos e o juiz da Vara de Execuções Penais, Paulo Damas, que intermediou as negociações.
Em nota, a Seju declarou que o "Estado repudia com veemência os atos de violência praticados por presos rebelados no interior do presídio, que cometeram homicídio qualificado, ceifando cinco vidas humanas, de forma cruel, cujos crimes serão objeto de investigação pela polícia e autoridades competentes, na forma e com o rigor da lei."
Como começou a rebelião
De acordo com o advogado dos agentes penitenciários, Jairo Ferreira, a rebelião teve início no momento em que o café da manhã era entregue aos detentos. O trinco de uma das grades estava serrado, o que permitiu aos presos puxarem o agente para dentro e iniciarem a rebelião. Ainda segundo o advogado, apenas dez agentes estavam de plantão no presídio que é ocupado por mais de mil presos.
Os detentos invadiram o telhado da penitenciária, queimaram colchões e hastearam a bandeira de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios no país.
Familiares dos presos fecharam a BR-277 por três vezes desde o domingo, conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF). As duas pistas da rodovia ficaram bloqueadas no km 579, próximo ao trevo de acesso à penitenciária. Filas de veículos se formaram nos dois sentidos.
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