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sábado, 3 de maio de 2014

Bombeira luta por transplante de medula: 'Corrida contra o tempo'

Amigos lançaram campanha na internet para encontrar doador compatível.
Soldado foi diagnosticada com leucemia em março de 2013, em Jataí, GO.


Uma pessoa que sempre salvou vidas agora precisa de ajuda para salvar a própria vida. Essa é uma das mensagens da campanha que circula nas redes sociais para tentar encontrar um doador de medula óssea compatível para a soldado do Corpo de Bombeiros Suzeli Ferreira de Oliveira, de 29 anos, que integra a corporação desde 2010, em Jataí, no sudoeste de Goiás. “É uma corrida contra o tempo”, disse a bombeira ao G1.
Ela foi diagnosticada com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) em março de 2013. De acordo com Suzeli, não houve muitos sintomas aparentes. “Eu apenas me sentia fraca durante as ocorrências e isso foi ficando mais frequente”, relatou.
A doença é provocada por uma produção anormal de leucócitos, células de defesa responsáveis pelo combate e eliminação de estruturas químicas estranhas ao organismo. O tratamento com quimioterapia durou até novembro do ano passado e obteve bons resultados. Desde então, Suzeli fazia apenas acompanhamento médico, além de tomar os medicamentos necessários.
Porém, no início de abril deste ano, a leucemia retornou, e de maneira mais agressiva. Por isso, agora a única esperança de cura é conseguindo um doador de medula óssea compatível. A chance de compatibilidade é de uma a cada 1 milhão de pessoas, segundo a soldado. “É o extremo: antes eu corria para salvar a vida das pessoas que nos chamavam. Hoje eu preciso correr para salvar a minha”, disse Suzeli, sem desanimar.
Bombeiro Suzeli precisa de transplante de medula ósse com urgência, em Jataí, Goiás (Foto: Arquivo Pessoal)Mesmo diante da doença, Suzeli mantem o sorriso e o pensamento positivo (Foto: Arquivo Pessoal)
Não desanimar, aliás, é uma das principais características que todos que convivem com Suzeli ressaltam. “Quem tem a oportunidade de conhecê-la já se encanta imediatamente com o sorriso dela. E em nenhum momento ela se dá por vencida, mesmo com essa doença que ataca o organismo de maneira tão forte”, disse a amiga e também bombeira Nathállya Queiroz.
Campanha
Depois que não foi possível encontrar um doador entre os parentes, os cerca de 50 bombeiros de Jataí se solidarizaram com a causa e todos se cadastraram no banco de doadores de medula óssea. O exemplo está sendo seguido por colegas de Suzeli em várias cidades do estado e ganhou apoio da população. “Membros da corporação em outras cidades também já fizeram o cadastro e estamos contando com o apoio de policiais militares, que estão fazendo o teste de compatibilidade com a soldado Suzeli”, disse o tenente-coronel dos bombeiros Leonardo Rodrigues de Afonseca.

A campanha lançada pelos amigos e familiares também foi atingiu as redes sociais e está tomando proporções que nem a própria soldado imaginava ser possível. “Tem mensagens do país inteiro de pessoas querendo me ajudar, dizendo que já se cadastraram no banco de doadores. A cada mensagem que chega é como se fosse um passo mais próximo da cura. É o que tem me dado ânimo, ver que não estou lutando sozinha”, disse a bombeiro.
Ela se diz feliz ainda porque sabe que quanto maior o número de doares cadastrados no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), maior será a chance de outras pessoas que têm doença também se salvarem. “A campanha foi estruturada em cima da soldado Suzeli, mas também vai beneficiar a todos que precisam de transplante de medula no país, pois estamos ajudando a aumenta o número de candidatos cadastrados”, disse o tenente-coronel Afonseca.
Bombeiro Suzeli precisa de transplante de medula ósse com urgência, em Jataí, Goiás (Foto: Arquivo Pessoal)
"É uma corrida contra o tempo", diz a soldado dos
bombeiros Suzeli Ferreira (Foto: Arquivo Pessoal)
Doação
Suzeli afirma que uma das coisas mais legais de toda essa campanha na internet é difundir informação para o máximo de pessoas e aumentar o número de pessoas cadastradas no banco de doação de medula óssea. “As pessoas não têm muita informação sobre o processo, acham que é como se fosse doar um órgão, que vai fazer falta para elas futuramente, e não tem nada disso”, explicou.

O primeiro passo é realizar o cadastro para saber se o candidato é geneticamente compatível com a pessoa que precisa da doação. Para isso, é preciso ter entre 18 e 54 anos e preencher um formulário com os dados pessoais nos hemocentros municipais. Em Goiás, é possível se cadastrar no Hemocentro de Goiânia, CatalãoCeresRio Verde e Jataí.
Após responder ao formulário, será coletada uma pequena amostra de sangue, entre 5 ml e 10 ml para fazer o teste de compatibilidade. Todo o processo dura cerca de 20 minutos. A partir desse momento, o candidato fará parte do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea e pode ajudar pacientes que precisam do transplante em todo o país.
Em caso de compatibilidade, serão feitos exames complementares e para realizar a doação. No procedimento, a medula óssea é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções e sob anestesia. O doador se recupera em 15 dias e o organismo também repõe a medula doada em poucos dias.
“É um pequeno gesto que mostra que não precisa ser bombeiro, ser graduado ou ser médico para salvar vidas. Qualquer um é capaz”, diz Suzeli.

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