Paul Kagame disse que é impossível 'mudar os fatos'.
Tragédia que matou 800 mil pessoas completa 20 anos.
O presidente de Ruanda, Paul Kagame, discursou nesta segunda-feira (7) em evento que marca os 20 anos do genocídio no país – responsável pela morte de 800 mil pessoas em 100 dias, a maioria da etnia minoritária tutsi –, e atacou a França de maneira velada, ao declarar que é impossível "mudar os fatos".
"A passagem do tempo não deve obscurecer os fatos, diminuir a responsabilidade ou transformar as vítimas em vilões", disse.
"As pessoas não podem ser subornadas ou forçadas a mudar sua história, e não há nenhum país suficientemente poderoso, inclusive quando acreditam que são, para mudar os fatos. Afinal de contas, "les faits sont têtus'' (os fatos são teimosos)", completou Kagame, falando a última frase em francês, o que provocou muitos aplausos.
O aniversário do massacre em Ruanda é marcado por uma polêmica sobre a suposta cumplicidade da França no ocorrido. O presidente do país acusou a França, em entrevista publicada no fim de semana, de ter desempenhado um "papel direto na preparação do genocídio" e de ter "participado de sua execução".
A França, aliada do regime do presidente hutu Juvénal Habyarimana, interveio em Ruanda em junho de 1994 em uma operação militar-humanitária autorizada pela ONU. Segundo o governo de Kigali, essa operação, batizada de "Turquesa", permitiu a fuga de hutus responsáveis pelo genocídio que teve os membros da etnia tutsi como maiores vítimas.
A França sempre negou qualquer cumplicidade no massacre.
Em resposta às novas acusações de Kagame, Paris anulou a participação de um ministro nos atos oficiais, e o embaixador da França foi excluído das cerimônias desta segunda-feira.
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