Translate

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Justiça do Rio define se acusados de matar cinegrafista vão a júri popular

Juiz negou pedido para revogar prisão preventiva dos réus e foi vaiado.
Um dos advogados de Fábio e Caio disse ao G1 que deixará o caso.


Juiz negou pedido para revogar prisão preventiva dos réus e foi vaiado.
Um dos advogados de Fábio e Caio disse ao G1 que deixará o caso.

Gabriel Barreira
Do G1 Rio
194 comentários
Caio (de óculos) e Fábio no Tribunal de Justiça do Rio (Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia / Estadão Conteúdo)Caio (de óculos) e Fábio no tribunal (Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia / Estadão Conteúdo)
A 3ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio começou a ouvir, na tarde desta sexta-feira (25), as primeiras testemunhas do caso envolvendo a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade durante protesto, em fevereiro deste ano. Os acusados de provocar a morte são Caio Silva de Souza e Fábio Raposo. Ao todo, 17 testemunhas devem ser ouvidas.
A audiência terminou por volta das 17h30 e quatro testemunhas de acusação foram ouvidas.  Um deles ouvidos foi o delegado da 17ª DP (São Cristóvão), Maurício Luciano, que esteve à frente da investigação. Ele citou o fato de os réus terem se apresentado voluntariamente. Por considerar que Caio e Fábio colaboraram com as investigações, a defesa pediu a revogação da prisão preventiva, o que foi negado pelo juiz Murilo Kieling ao som de vaias das cerca de 50 pessoas na plateia.
O delegado adjunto Fábio Pacífico também testemunhou, seguido de Carlos Henrique da Silva, que trabalhava com Caio em um hospital. Carlos Henrique reforçou o que já havia dito à polícia na época, que no dia da manifestação, 6 de fevereiro, o réu ligou para ele e disse ter feito uma besteira, dizendo que poderia ter matado alguém.
Cinegrafista é atingido por rojão no Rio (Foto: Editoria de Arte/G1)
O último a depor foi o policial do Batalhão de Choque Luis Alexandre de Oliveira Maritos, que estava na frente de Santiago quando o cinegrafista foi atingido. Ele falou sobre a dinâmica dos protestos. Segundo ele, a violência costuma começar pelos manifestantes. A afirmação provocou mais vaias da plateia.
Protestos
Camisas com dizeres contra a Copa e o ex-governador Sérgio Cabral eram vistas entre os presentes no tribunal, a maioria amigos e familiares dos acusados, que não quiseram falar com a imprensa. Em dois momentos, o juíz precisou pedir silêncio depois de os depoimentos do delegado Maurício e do policial serem ironizados. "Havendo persistência (de barulho), vou mandar sair", disse o magistrado.

No total, são 8 de acusação e 9 de defesa, o que pode levar a outras duas audiências. Na última delas, a dupla será interrogada e, por fim, o Ministério Público, que ofereceu a denúncia, e os advogados de defesa farão suas alegações finais. Ao final, o juiz Murilo Kieling, definirá se a dupla irá a júri popular por homicídio doloso triplamente qualificado.
Advogado deixará caso
O advogado Jonas Tadeu informou ao G1 logo após a audiência que vai deixar o caso por discordar da linha de defesa do outro advogado, Wallace Martins. Jonas Tadeu disse que pretendia incluir no processo as pessoas que supostamente "instrumentalizavam" os jovens nas manifestações, dando dinheiro, equipamentos e transporte. Segundo ele, Wallace conseguiu convencer os réus de que essa não seria uma boa estratégia e, por isso, resolveu deixar o caso.

Procurado pela equipe de reportagem, Wallace disse que não tinha sido informado oficialmente, e que soube pela mãe de um dos réus que Jonas Tadeu tinha a intenção de deixar o caso. De acordo com eles, havia algumas diferenças técnicas entre os advogados.
Prisão
A Justiça aceitou em 20 de fevereiro a denúncia do Ministério Público contra os dois acusados. Raposo e Caio também tiveram a prisão temporária convertida em preventiva. Se condenados, eles podem receber pena de até 30 anos de prisão cada um.

A promotora Vera Regina de Almeida, titular da 8ª Promotoria de Investigação Penal, responsável por avaliar o inquérito de 175 páginas, assinou a denúncia aceita pelo TJ. No texto, a promotora afirma que Caio e Fábio atuaram em conjunto, com "divisão de tarefas".
"Na execução do crime, os denunciados agiram detendo o domínio funcional do fato, mantendo entre eles uma divisão de tarefas, com Fábio entregando para Caio o rojão com a finalidade, previamente por ambos acordada, de direcioná-lo ao local onde estava a multidão e os policiais militares e, assim, causar um grande tumulto no local, não se importando se, em decorrência dessa ação, pessoas pudessem vir a se ferir gravemente, ou mesmo morrer, como efetivamente ocorreu", diz o texto.
Risco de matar
Em outro trecho, a promotora Vera Regina de Almeida sustenta que, ao acender o rojão, a dupla assumiu o risco de matar.

"Agindo assim, os denunciados, de forma consciente e voluntária, em comunhão de ações e desígnios, expuseram a perigo a vida e a integridade física das pessoas que se encontravam no local, bem como o patrimônio público, mediante a colocação de artefato explosivo. Da mesma forma, assumiram o risco de causarem a morte de outrem, não se importando com quem estivesse próximo ao local onde o rojão foi acionado, causando, assim, a morte de Santiago Ilidio Andrade, que foi atingido na parte de trás da cabeça", diz o texto.

Fábio foi preso em 9 de fevereiro na casa dos pais, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, e Caio foi detido no dia 12, em uma pousada em Feira de Santana, na Bahia. Eles estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste.

No dia seguinte, 13 de fevereiro, o delegado ouviu os últimos depoimentos do caso. Segundo ele, um colega de Caio do Hospital Rocha Faria, onde o suspeito trabalhava como auxiliar serviços gerais, contou na delegacia que no dia 6, durante o protesto em que o crime ocorreu, Caio telefonou por volta das 19h30, ofegante, dizendo que tinha feito besteira e matado um homem.
No dia 14, o delegado entregou ao MP o inquérito sobre a morte do cinegrafista.
  •  
Justiça do RJ nega liberdade a dupla acusada de matar cinegrafista (Foto: Erbs JR./Frame/Estadão Conteúdo)Justiça nega liberdadou a dupla acusada de matar cinegrafista (Foto: Erbs JR./Frame/Estadão Conteúdo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigado pelo comentário, um grande abraço da equipe Braga Show!!!

Casa Branca confirma morte de filho de Osama bin Laden

Hamza bin Laden, também era conhecido como 'príncipe-herdeiro da Jihad'. Operação que o matou aconteceu entre o Afeganistão e o P...