Mensagem com dizeres "preta, safada, macaca" foi encontrada no local.
Vítima registrou boletim de ocorrência; caso será investigado.
Alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente, fizeram uma manifestação na noite desta quarta-feira (2), que levou a interrupção de aulas do curso de Geografia. A ação foi uma forma de repúdio a um caso de racismo sofrido pela estudante Taís Evandra de Carvalho Teles dos Santos, de 26 anos, que registrou um boletim de ocorrência de injúria após encontrar, próximo ao banheiro feminino, uma mensagem com os dizeres “Thaís Telles, preta, safada, macaca”.
Os integrantes fizeram uma batucada nos espaços abertos da faculdade, o que atrapalhou e até cancelou algumas aulas da unidade. “Por uma Unesp livre de racismo” e “Com quanto racismo e machismo se faz uma geografia cinco estrelas” eram as frases escritas em faixas espalhadas pelo local.
Conforme Taís, a suspeita é de que a mensagem tenha motivações sociais. “Não tenho nenhum problema pessoal que levaria a isso, porém faço parte de grupos que discutem questões como racismo, política de cotas e implantação de aulas de cultura africana dentro da universidade. Acredito que isto vai além da ofensa. O intuito é ir contra meus posicionamentos”, declara.
A estudante explica que compõe o Coletivo Mãos Negras, criado dentro da instituição em novembro do ano passado, para levantar assuntos sobre a valorização do negro e sua cultura. Ela é natural de São Paulo (SP) e está em Presidente Prudente desde 2011.
“Encontrei a mensagem pela manhã, pouco tempo após o processo eleitoral para o diretório acadêmico. Meus amigos vieram me contar. Depois registrei o boletim de ocorrência como injúria, já que a escrivã informou que não podia ser identificado que era racismo sem comprovar a verdadeira intenção e sem saber quem foi o autor”, diz.
Taís afirma que já participou de reuniões para discutir providências em relação a este caso. “A Unesp já demonstrou solidariedade e apoio, além de informar que vai publicar um posicionamento oficial”, comenta.
Nas redes sociais, colegas da estudante de geografia e entidades criadas dentro da instituição, como a Atlética da Unesp, demonstraram apoio às ações de repúdio ao racismo dentro do local. Em carta aberta, a aluna informa que a mensagem representa “o sentimento de muitos dentro da universidade”. “Essa é apenas uma amostra grátis da sociedade brasileira”, afirma.
O caso foi registrado na Polícia Civil e será investigado pela Delegacia da Mulher de Presidente Prudente.
Em nota enviada ao G1, a Unesp informou que vai instaurar um processo de averiguaçãopreliminar para apurar a situação e que a direção considera “inadmissível a ocorrência de atos dessa natureza, bem como de qualquer tipo de preconceito ou discriminação, no seio da universidade”.
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