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sábado, 28 de setembro de 2013

Ex-mulher e irmão são condenados por morte de diretor da Friboi


Humberto Magalhães foi assassinado em 2008 na Vila Leopoldina.
Giselma Campos acabou condenada a 22 anos e seis meses de prisão.




Os dois réus julgados pela morte do diretor-executivo da Friboi Humberto Campos Magalhães foram condenados nesta sexta-feira (27). A ex-mulher do executivo, Giselma Carmen Campos, e o irmão dela, Kairon Valter Alves, eram acusados de planejar e contratar os executores do assassinato, ocorrido em dezembro de 2008 em São Paulo.
Giselma foi condenada a 22 anos e seis meses de prisão. Como já ficou mais de um ano presa pelo crime, a pena a ser cumprida ficou em 21 anos e 1 dia de detenção. Apesar da sentença, ela não irá para a prisão agora por causa de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permitiu à ré ficar em liberdade enquanto o processo é julgado. A defesa ainda pode recorrer da decisão desta sexta.
O irmão dela foi condenado a 21 anos de prisão, dos quais já cumpriu quatro anos. Ele voltou para o presídio após o fim dos trabalhos do júri. O julgamento durou quatro dias no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, e sentença foi lida pela juíza Eliana Cassales Tosi de Mello por volta das 19h.
Giselma negou aos jurados ser a mandante do crime, ocorrido em uma rua da Vila Leopoldina. Já Kairon Alves confessou a participação no assassinato e disse que a irmã planejou a morte de Humberto. A ex-mulher do executivo afirmou que o irmão “mentiu” ao apontá-la como mandante.
Os depoimentos dos filhos de Giselma e Humberto marcaram o julgamento. O estudante de administração Carlos Eduardo Magalhães, de 22 anos, disse que a mãe perseguia o pai. O filho mais velho, o estudante de direito Marcus Vinicius Magalhães, defendeu a mãe e afirmou que o irmão fez do júri "um circo".
Durante os debates entre defesa e acusação, o promotor José Carlos Cosenzo buscou convencer os jurados que os irmãos foram responsáveis pela morte do diretor-executivo da Friboi. Ele comparou a forma engenhosa como o crime foi planejado em 2008 com a literatura policial da escritora Agatha Christie. O promotor citou até mesmo o julgamento do mensalão.
Mapa caso Friboi (Foto: Arte/G1)
Cronologia caso Friboi - 24/09 (Foto: Arte/G1)
O promotor disse aos jurados que o assassinato do executivo da Friboi acabou também com a vida dos filhos, dos comparsas e da própria acusada. “Giselma matou dois filhos, Carlos Eduardo e Marcos Vinicius, Giselma matou Kairon, Paulo e Osmar, e depois se matou”, disse.
Os primeiros 30 minutos da sustentação do promotor foram usados para agradecer a presença da família da vítima, vinda de Goiás, dos jurados e da imprensa. Em seguida, ele ressaltou a importância da decisão do Conselho de Sentença na vida da família da vítima. O representante do Ministério Público narrou todo o crime aos jurados. “Essa história parece um romance de Agatha Christie”, afirmou.
Cosenzo lembrou aos jurados que a liminar concedida pelo STF a pedido da defesa da ré foi analisada pelo ministro Celso de Mello. “Sabem quem deu a liminar para a Giselma? Foi aquele ministro do STF, o Celso de Mello, o mesmo do mensalão”, ressaltou, em referência ao voto que acabou levando a um novo julgamento para parte dos reús do caso.
Defensores
A segunda etapa dos debates foi reservada aos defensores dos dois réus. Eles falaram durante duas horas e 35 minutos. A advogada Vitória Nogueira, que defende Kairon, foi a primeira a falar. Ela pediu atenuante de pena pela confissão do réu, e facilitação do trabalho da Justiça.
Durante uma hora de argumentação, ela disse que o réu está se sentindo arrependido e enganado pela irmã. “Mesmo que a pessoa tenha errado e cometido um crime, como tráfico de drogas, não quer dizer que a pessoa não tenha dignidade e caráter”, afirmou. Ela ressaltou que o cliente dela foi manipulado, pois, na última vez que tinha visto a irmã, os dois eram ainda crianças e ela possuía uma índole diferente da atual.
Defensor de Giselma Campos, o advogado Mauro Nacif defendeu a todo momento o direito de absolvição em caso de dúvida, citando os incisos 6 e 7 do artigo 386 do Código Penal. “Se o juiz de direito togado, concursado, pode absolver pela dúvida, o júri também pode, tem o mesmo direito.”
Nacif disse que o Carlos Eduardo Magalhães tem ódio da mãe e que Kairon possui o mesmo sentimento pela irmã, por isso os dois a estão acusando. “Ele diz que não tem ódio da mãe, mas quer jogá-la em um lugar que tem ratos na água”, afirmou, em referência às condições de um presídio.
De acordo com o advogado, além da ganância financeira do jovem, a raiva de problemas na infância também foi outra motivação para o depoimento contra a mãe. “Vamos dar a ela esse crédito de confiança como o Supremo deu”, pediu, citando uma decisão do STF que permitiu que a ré ficasse em liberdade até o julgamento do processo.
Giselma nega
A ré Giselma Carmen Campos negou na quinta-feira a acusação feita pelo irmão, Kairon Valter Alves, de que seria a mandante da morte do ex-marido. "É tudo mentira", disse. Kairon Alves confirmou na tarde desta quinta que a irmã mandou assassinar o ex-marido.
No fim do interrogatório de Giselma, a juíza Eliana Cassales Tosi de Mello colocou os dois irmãos frente a frente. Ela perguntou se Kairon mantinha a versão de que a irmã era mandante do assassinato. Ele disse: "Confirmo". A ex-mulher do executivo voltou a repetir que era "mentira".
Questionado qual seria o motivo de Kairon a incriminar pelo assassinato, Giselma disse que o irmão havia pedido R$ 15 mil a ela para uma cirurgia de um filho, mas ela não tinha o dinheiro naquele momento para dar. Por isso, acredita que o irmão ficou com raiva dela.
O crime
Segundo a polícia e a Promotoria, Giselma passou a planejar o assassinato de Humberto depois da separação informal do casal. Apesar de estarem casados judicialmente, eles estavam separados na época do crime, em dezembro de 2008.
Giselma procurou o irmão Kairo Alves, no Maranhão, que havia saído da prisão, onde passou 18 anos condenado por tráfico de drogas. Segundo a polícia, Kairo veio a São Paulo e contratou dois pistoleiros no Centro de São Paulo. A investigação mostrou que Giselma pagou ao irmão e aos pistoleiros cerca de R$ 30 mil. Os dois foram condenados pelo crime em um julgamento anterior.
No dia da morte, um dos assassinos utilizou o celular do filho mais novo de Humberto, entregue por Giselma, e telefonou para o executivo dizendo que o jovem estava passando mal, no meio da rua. Humberto saiu de casa apressado e foi à rua indicada procurando o filho de casa em casa. Ao voltar para o carro, um motoqueiro se aproximou e depois de uma rápida discussão disparou dois tiros que mataram Humberto.

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