Aos 61 anos, atriz garante querer viver sem olhar para trás. Ela, que está lançando seu segundo livro de ficção, 'Lucíola', diz que sabe a idade que tem, nega que sua internação em 2011 tenha sido em função da dependência de drogas e reconhece não viver um grande papel com a personagem Irina, na novela 'Salve Jorge': “Não acrescenta nada”
De quantos momentos da vida de Vera Fischer você se lembra? Eis alguns: a mulher fatal e símbolo sexual que povoou o sonho de várias gerações, encarnando papéis na TV e no cinema nas décadas de 70 e 80. A garota de Blumenau (SC) que, em 1969, aos 17 anos, foi coroada Miss Brasil. A atriz que teve vários romances, mas diz que só amou os pais de seus filhos: o ator Felipe Camargo, com quem teve Gabriel, 19 anos, e o também ator Perry Salles (morto em 2009), pai de Rafaela, 33. A elogiada intérprete da minissérie Desejo (1991) e protagonista das novelas Brilhante (1981), Mandala (1987) e Laços de Família (2000). E a figura polêmica, que já declarou, em entrevista a QUEM em 2009, ter ficado dois anos sem sexo.
Vera não quer esquecer sua biografia, mas agora, aos 61 anos, não valoriza o passado. “O presente é muito mais importante”, diz ela, que não quis entrar em detalhes sobre quando ficou dois meses internada no Núcleo Integrado de Psiquiatria (NIP) no Rio de Janeiro. Em sua cobertura, no Leblon, Vera fala sobre a Irina de Salve Jorge, diz não sentir falta de namorado e revela que não quer “embagulhar”. Seu segundo livro de ficção, Lucíola, tinha lançamento previsto para terça-feira (26). Vera pretende fazer mais livros e mais personagens. Quer viver o presente e o futuro.
QUEM: Você não tinha um personagem fixo em novelas desde Caminho das Índias, em 2009. Como foi essa volta?
VERA FISCHER: Foi uma volta legal, mas não é nada especial. Já fiz tantos papéis maravilhosos e há outros que espero fazer ainda... Sou contratada da TV Globo. Faço a personagem bem direitinho, às vezes ela é simpática, outras é meio dúbia. Mas não acrescenta nada na minha carreira.
VERA FISCHER: Foi uma volta legal, mas não é nada especial. Já fiz tantos papéis maravilhosos e há outros que espero fazer ainda... Sou contratada da TV Globo. Faço a personagem bem direitinho, às vezes ela é simpática, outras é meio dúbia. Mas não acrescenta nada na minha carreira.
QUEM: Comenta-se muito nas redes sociais que você só grava cenas sentada porque estaria se sentindo gorda.QUEM: Como assim?
VF: Não é uma grande personagem, mas acho que, de tudo o que a gente faz, tira alguma coisa.
VF: Não tem nada a ver. Até comentei isso com o diretor e ele falou que é porque a Irina faz contabilidade, então fica atrás do balcão. Quem manda é a autora e o diretor. Reclamo uma vez, não discuto.
QUEM: Você ainda malha?
VF: Às vezes fico dois meses sem malhar, aí malho um mês, mas também acho que tenho que emagrecer um pouco porque engordei. Sou de família alemã, gosto muito de tortas, bolos, biscoitos. Sei que sou mais magra quando não como doce, mas me dei uma permissão. E pensei: se eu malhar, vou endurecer a gordura, não é verdade? Às vezes vou caminhar na orla, mas estou gravando muito, inclusive aos sábados, e aí só sobram os domingos. E domingo tem que ter a família.
VF: Às vezes fico dois meses sem malhar, aí malho um mês, mas também acho que tenho que emagrecer um pouco porque engordei. Sou de família alemã, gosto muito de tortas, bolos, biscoitos. Sei que sou mais magra quando não como doce, mas me dei uma permissão. E pensei: se eu malhar, vou endurecer a gordura, não é verdade? Às vezes vou caminhar na orla, mas estou gravando muito, inclusive aos sábados, e aí só sobram os domingos. E domingo tem que ter a família.
QUEM: Como está a relação com seus filhos?
VF: Eu adoro jantar com a Rafaela, ir ao cinema. A gente foi ver Os Miseráveis e chorou tanto! Estamos amigas, porque antes ela era mais reservada. Ela se enrosca em mim, me abraça, me beija, o que antes não fazia. Já o meu filho é carinhosinho.
VF: Eu adoro jantar com a Rafaela, ir ao cinema. A gente foi ver Os Miseráveis e chorou tanto! Estamos amigas, porque antes ela era mais reservada. Ela se enrosca em mim, me abraça, me beija, o que antes não fazia. Já o meu filho é carinhosinho.
QUEM: Em 2011, você ficou internada dois meses em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. O que houve?
VF: Eu quis ir lá, era um momento em que eu precisava estar longe de todo mundo. Saí ótima, acho que foi uma coisa boa para mim e para os meus filhos. A gente não tem que falar sobre isso porque é uma coisa muito particular minha e da minha família.
VF: Eu quis ir lá, era um momento em que eu precisava estar longe de todo mundo. Saí ótima, acho que foi uma coisa boa para mim e para os meus filhos. A gente não tem que falar sobre isso porque é uma coisa muito particular minha e da minha família.
QUEM: Teve a ver com drogas?
VF: Não, não teve.
VF: Não, não teve.
QUEM: Por que foi para clínica?
VF: É uma coisa da cabeça. Às vezes a gente precisa, tem muita pressão na vida de uma mulher sozinha com dois filhos, às vezes fica difícil (Vera pede educadamente para mudar de assunto).
VF: É uma coisa da cabeça. Às vezes a gente precisa, tem muita pressão na vida de uma mulher sozinha com dois filhos, às vezes fica difícil (Vera pede educadamente para mudar de assunto).
QUEM: Você disse uma vez que, antigamente, vivia rodeada de gente que te sugava e que se aproveitava de você. Quando foi isso?
VF: Disso não me lembro, faz muito tempo. Eu não lembro mais de muita coisa do passado. E também eu faço questão de não lembrar, porque o presente é muito mais importante.
VF: Disso não me lembro, faz muito tempo. Eu não lembro mais de muita coisa do passado. E também eu faço questão de não lembrar, porque o presente é muito mais importante.
QUEM: O estilista Karl Lagerfeld disse em entrevista que sexo é coisa para os jovens. Concorda?
VF: Não concordo. Quando você bate o olho em alguém e alguém bate o olho em você, e você sabe que é uma coisa sexual, vai resolver essa questão. Se essa coisa se desenvolve, vira um namoro, um casamento, é uma história. Se é só uma relação sexual, é só uma relação sexual. E acho que idade não tem nada a ver.
VF: Não concordo. Quando você bate o olho em alguém e alguém bate o olho em você, e você sabe que é uma coisa sexual, vai resolver essa questão. Se essa coisa se desenvolve, vira um namoro, um casamento, é uma história. Se é só uma relação sexual, é só uma relação sexual. E acho que idade não tem nada a ver.
QUEM: Quando foi a última vez que você beijou na boca?
VF: Ah, meu Deus, não posso falar (risos). Foi há duas semanas, mas não posso falar em quem foi. Mas não foi um beijo apaixonado. Da minha parte, foi um beijo de amizade.
VF: Ah, meu Deus, não posso falar (risos). Foi há duas semanas, mas não posso falar em quem foi. Mas não foi um beijo apaixonado. Da minha parte, foi um beijo de amizade.
QUEM: Sente falta de um namorado?
VF: Não. Eu gosto muito da minha casa, da minha cama, do meu jeito e da minha privacidade, está ótimo assim. Quando rola uma coisa como aquela que falei, olho no olho, sexo, ninguém fica sabendo. E é para não saber mesmo.
VF: Não. Eu gosto muito da minha casa, da minha cama, do meu jeito e da minha privacidade, está ótimo assim. Quando rola uma coisa como aquela que falei, olho no olho, sexo, ninguém fica sabendo. E é para não saber mesmo.
QUEM: Você acha que vai ser sempre associada a uma imagem sexual?
VF: Acho que não, isso teve seu tempo. Claro que a pessoa tem que se manter bacana. Eu, aos 61 anos, tenho noção da minha idade, mas também não quero embagulhar. As pessoas, antigamente, ficavam em cima de mim como abelhas no mel...
VF: Acho que não, isso teve seu tempo. Claro que a pessoa tem que se manter bacana. Eu, aos 61 anos, tenho noção da minha idade, mas também não quero embagulhar. As pessoas, antigamente, ficavam em cima de mim como abelhas no mel...
QUEM: Os homens?
VF: Sim, mas hoje em dia não tem mais isso. Tem uma pessoa ou outra que se interessa por mim e eu acho bacana.
VF: Sim, mas hoje em dia não tem mais isso. Tem uma pessoa ou outra que se interessa por mim e eu acho bacana.
QUEM: Você está lançando Lucíola, seu segundo romance de ficção de uma série de dez. No que pensa quando escreve?
VF: Coisas minhas, que vivencio no dia a dia.
VF: Coisas minhas, que vivencio no dia a dia.
QUEM: Por que usar nomes de mulheres em todos os títulos?
VF: São elas que comandam a história, por isso quis dar o nome delas. Depois eu fui ver que todos os quadros que pintei antes de começar a escrever, uns 200, têm cara de mulher. Os olhos, a boca, são figuras femininas. Então eu devo querer buscar um feminino, dentro de mim ou do mundo, que não existe, alguma coisa que falta.
VF: São elas que comandam a história, por isso quis dar o nome delas. Depois eu fui ver que todos os quadros que pintei antes de começar a escrever, uns 200, têm cara de mulher. Os olhos, a boca, são figuras femininas. Então eu devo querer buscar um feminino, dentro de mim ou do mundo, que não existe, alguma coisa que falta.
QUEM: O que seria?
VF: Não sei, porque não é estranho de repente eu perceber que pintei 200 quadros com cara de mulher e escrevi livros com nomes de mulher? Isso não é coincidência, é um sinal de alguma coisa que eu não sei o que é. É algo a se discutir, porque as mulheres realmente não conquistaram o mesmo lugar que os homens no mundo. Já está muito melhor, mas não adianta, é muito machismo. Talvez isso me incomode.
VF: Não sei, porque não é estranho de repente eu perceber que pintei 200 quadros com cara de mulher e escrevi livros com nomes de mulher? Isso não é coincidência, é um sinal de alguma coisa que eu não sei o que é. É algo a se discutir, porque as mulheres realmente não conquistaram o mesmo lugar que os homens no mundo. Já está muito melhor, mas não adianta, é muito machismo. Talvez isso me incomode.
QUEM: Você já disse que suas personagens nunca são só boas ou más. Qual seria o seu lado mau?
VF: Não, não tem isso, falo da luta pela sobrevivência. Se é para te matar, eu te mato para viver, é nesse sentido que falo. Não tenho esse escrúpulo religioso de dizer “ah, vou deixar ela me matar porque sou boazinha”. Tenho uma criação muito alemã, meu pai não me explicava as coisas, eu que me virasse sozinha. Sempre ajo como se estivesse numa selva, como se fosse um bicho.
VF: Não, não tem isso, falo da luta pela sobrevivência. Se é para te matar, eu te mato para viver, é nesse sentido que falo. Não tenho esse escrúpulo religioso de dizer “ah, vou deixar ela me matar porque sou boazinha”. Tenho uma criação muito alemã, meu pai não me explicava as coisas, eu que me virasse sozinha. Sempre ajo como se estivesse numa selva, como se fosse um bicho.
QUEM: O nome Vera significa sincera, verdadeira e franca. E você é assim. Pagou um preço muito caro por isso?
VF: Paguei, mas é assim que eu quero que seja, porque, se você criar sua vida em cima de mentira, vai ser uma atrás da outra. Se você começa com a verdade, paga um preço caro, mas vai ser verdade para sempre e ninguém pode inventar nada a seu respeito.
VF: Paguei, mas é assim que eu quero que seja, porque, se você criar sua vida em cima de mentira, vai ser uma atrás da outra. Se você começa com a verdade, paga um preço caro, mas vai ser verdade para sempre e ninguém pode inventar nada a seu respeito.
QUEM: E qual foi o preço?
VF: O preço é esse: você cai e levanta. A fênix vira cinzas e aí ressurge. É um belo exemplo, eu não devia ser tão metida a besta e dar esse exemplo, mas a verdade é que só existe ele (risos).
VF: O preço é esse: você cai e levanta. A fênix vira cinzas e aí ressurge. É um belo exemplo, eu não devia ser tão metida a besta e dar esse exemplo, mas a verdade é que só existe ele (risos).
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