Indicada ao Oscar e vencedora dos prêmios de melhor atriz do Globo de Ouro e doSindicato dos Atores dos EUA em 2013, a atriz Jennifer Lawrence ainda é humilde para falar sobre sua pessoa pública. "Eu sou a pessoa mais sem graça do mundo", diz. "Nunca que ia querer me ver num filme." A atriz dá a impressão de pensar isso mesmo, mas talvez não devesse ser tão exigente consigo mesma.
Estrelato evidente
Presença imponente com seu 1,74 m de altura, sobre saltos altíssimos, um blazer preto e jeans justo, ela alcançou um nível de estrelato no qual fica difícil atravessar o saguão do hotel sem ter que parar a cada dois passos para dar um autógrafo, tirar uma foto ou trocar algumas palavras com um fã mais afoito.
Em vez de sair correndo, como muitos fazem, ela para e fala com todos ? e quando vê passar um técnico com quem já trabalhou, grita para chamar sua atenção e sai para lhe dar um abraço. Apesar da multidão que começa a se formar à sua volta sempre que para em algum lugar, Jennifer insiste em manter uma conversa rápida com o rapaz.
Sim, ela sabe das especulações da imprensa sobre seu sucesso ter acontecido rápido e cedo demais e sobre não estar preparada para a atenção que o estrelato acarreta ? mas garante que tudo isso é tempestade em copo d'água. "Se você recebe uma promoção, vai dizer: 'Ah, mas foi muito rápido. Prefiro ficar onde estou, obrigado'?", ela diz. "Claro que não, aceita de bom grado. Aconteceu porque eu estava pronta."
Afinal, só tem 22 anos e já é uma das atrizes mais visadas de Hollywood graças a "Jogos Vorazes" (2012), franquia que prevê pelo menos mais dois filmes; já foi indicada ao Oscar como Melhor Atriz aos 20 -- sendo a segunda pessoa mais jovem a ser apontada nessa categoria -- por seu desempenho em "Inverno da Alma" (2010); está namorando outra grande promessa, o ator Nicholas Hoult e, como se não bastasse, está nesse hotel de Beverly Hills para falar de seu novo trabalho, ao lado de Bradley Cooper, na elogiada comédia independente de David O. Russell, "O Lado Bom da Vida", que estreia nos EUA ainda em novembro em circuito limitado.
Talvez o único obstáculo que enfrente seja o peso das expectativas: depois que "Jogos Vorazes" faturou mais de US$ 650 milhões ao redor do mundo e "X-Men: Primeira Classe" (2011), no qual encarna a mutante Mystique, superou os US$ 350 milhões, Hollywood pode esperar que todo filme de que participe seja um sucesso mundial.
Jennifer, porém, garante que não sente nenhuma pressão. "Nunca encarei a coisa dessa forma", garante a nativa de Kentucky. "Sucesso de bilheteria ou não, eu recebo o meu cachê e tenho uma experiência incrível."
Há quem diga que são as pessoas à sua volta é que passam por essas "experiências interessantes" -- como, por exemplo, o roteirista e diretor Russell, cujos créditos incluem "Três Reis" (1999) e "O Vencedor" (2010). "Já tínhamos nossa lista de candidatas", ele conta, em outra entrevista. "Jennifer surgiu na última hora. Ela me contatou através do Skype, da casa dos pais, e a primeira coisa que pensei foi: 'Deus do céu, quem é essa menina?'."
Em "O Lado Bom da Vida" (veja trailer no pé da página), Cooper é Pat, um jovem professor que não sabe bem o que fazer da vida depois de passar oito meses numa instituição psiquiátrica. Após ser liberado, ele volta a morar com os pais (Robert De Niro e Jacki Weaver) enquanto tenta se reconciliar com a ex-mulher -- mas seus planos vão por água abaixo quando conhece Tiffany (Lawrence), uma mulher misteriosa que está tentando resolver seus próprios problemas emocionais.
"Sempre quis trabalhar com David O. Russell", confessa Jennifer. "Ele é um dos meus diretores favoritos, eu tinha que fazer esse filme."
A atriz explica que não teve problemas para encarnar sua personagem."Não fiz pesquisa nenhuma", ela afirma. "Só pensei nela como uma 'cebola' fascinante cujas camadas iam surgindo conforme as filmagens iam se desenrolando."
Jennifer conta que encarou a personagem no contexto de todas as pessoas que se sentem mal compreendidas. "Eu tinha que interpretá-la tendo em mente que o resto das pessoas não a aceita. Ela acha que não há nada de errado, mas os outros acham. É uma coisa muito triste."
Início da carreira
Jennifer foi criada em Louisville e desde pequena já sabia que queria atuar. Aos 14 anos, passou o verão em Nova York procurando trabalho como modelo e fazendo testes. Acabou gravando alguns comerciais para a MTV e a H&M, e seu caminho já estava traçado.
"Eu me lembro bem de quando cheguei a Nova York", ela relembra. "Eu amei. Tinha 14 anos e estava usando minhas botas Forever 21, novinhas. Estava ali, andando por aquelas calçadas, sabendo exatamente para onde ia. Eu me senti em casa."
Quando voltou para Louisville, conseguiu convencer os pais a se mudarem para Los Angeles, onde se formou no ensino médio e já conseguiu um papel no sitcom da TBS, "The Bill Engvall Show" (2007-2009). Pequenas pontas em "The Poker House" (2008) e "Vidas que se Cruzam" (2009) a levaram a estrelar "Inverno da Alma" ? que, por sua vez, lhe rendeu uma indicação ao Oscar e chamou a atenção da Fox, que a contratou para "X-Men", e da Lions Gate, que a escolheu para protagonista de "Jogos Vorazes".
Ela não tem nenhum pudor em confessar que até os astros têm seus momentos de insegurança e estranheza. "Tem uma cena em que eu danço com o Bradley", conta, rindo, "e tive que fazer não sei quantas aulas. Sou péssima dançarina na vida real, ruim mesmo. Ainda bem que meu professor foi superpaciente e conseguiu tirar alguma coisa de mim".
Já a relação com Cooper foi bem mais fácil."O nosso senso de humor é parecido", explica. "Um ficava provocando o outro o tempo todo."
"A química entre eles foi ótima", conta Russell. "O que foi perfeito porque você nunca sabe bem o que vai rolar. Ela ainda estava rodando 'Jogos Vorazes' quando começamos, então não houve tempo de ensaio, nada, mas desde o início os dois ficaram bem à vontade um com o outro, foi bem natural."
Apesar de ser a queridinha da vez em Hollywood, ela confessa que ainda se sente intimidada quando assume um papel novo."O primeiro dia de trabalho, para mim, é sempre uma descarga de adrenalina. É como o primeiro dia de aula. Ainda tenho aquela coisa, tipo: 'Será que o pessoal vai com a minha cara?'."
A verdadeira Jennifer Lawrence, ela acrescenta, não aparece em seus filmes. Ela não é Katniss Everdeen, de "Jogos Vorazes", como também não tem nada a ver com Ree Dolly, de "Inverno da Alma", nem Raven Darkholme, de "X-Men: Primeira Classe" ou Tiffany, de "O Lado Bom da Vida". "Nunca tive muito em comum com as minhas personagens", admite. "Meus amigos dizem que só conseguem ver como eu realmente sou quando saio correndo e gritando: 'Ei!'. Aí, sim, é a minha cara."
Em relação ao futuro, Jennifer está rodando "Jogos Vorazes: Em Chamas", com "X-Men: Days of Future Past" engatilhado na sequência, mas, entre uma franquia e outra, espera poder continuar fazendo independentes como "Um Novo Despertar" (2011), "A Última Casa da Rua" (2012) e "O Lado Bom da Vida". "Não há muitos roteiros bons como esse dando sopa", ela revela. "Com muita sorte, aparece um desses por ano."
"Tenho que admitir que ao ouvir falar que iam transformar o livro em filme, a primeira coisa que pensei foi: 'Ah, que ótimo, mais um livro bom que Hollywood vai estragar'", conta, "mas errei feio porque não só não estragaram como ficou ótimo!".
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