Ex-modelo, atleta do Botafogo quer aproveitar chance no time verde-amarelo para ganhar bagagem internacional enquanto sonha com participação olímpica
A silhueta esguia que fez Elize Maia desfilar em passarelas mundo afora agora pode levá-la a novos caminhos no vôlei de praia. Ex-modelo, a capixaba apareceu como a surpresa da lista de convocadas do técnico Marcos Miranda para integrar a recém-criada seleção brasileira feminina da modalidade, concentrada atualmente no CT Aryzão. Sem resultados expressivos ao lado de Renata na última temporada, a jogadora espera usar os períodos de treino em Saquarema para convencer o treinador de que merece estrear no Circuito Mundial neste ano. Por enquanto, a primeira oportunidade de defender o país será no Circuito Sul-Americano, no início de fevereiro.
Elize jogou vôlei de quadra no Espírito Santo, onde nasceu, até receber o primeiro convite para desfilar. Dos 15 aos 19 anos respirou moda e morou em cidades como Hong Kong, Nova York e Paris. De volta a Vitória, em um período de férias, teve o primeiro contato com o vôlei de praia a convite de um antigo técnico do indoor. Gostou, disputou a etapa local do Circuito Brasileiro e foi chamada para integrar o Projeto Renovação da CBV. Passou mais de um ano treinando justamente em Saquarema até mudar-se para o Rio de Janeiro em 2006 e, de lá para cá, jogou ao lado de Taiana, Shaylyn, Ágatha e Izabel até acertar com Renata, quarta colocada nos Jogos de Pequim e aposentada desde dezembro.
A parceria com a atleta olímpica, apesar de promissora, rendeu frutos bem modestos. Na temporada 2012/2013 do Circuito Brasileiro, as duas disputaram apenas o Open de Curitiba devido a um wild card dado pelos organizadores. No Nacional, caíram seguidas vezes na semifinal, ficando sem a classificação para o torneio que reúne a elite, disputado sempre uma semana depois.
- Na minha temporada com a Renata não tivemos resultados expressivos mas, pelo objetivo deles (CBV), que é formar times para 2016, acho que entro no perfil por ser alta. Eu nunca tive a oportunidade de jogar o Circuito Mundial e não sei como vai ser. Mas acho que estão me dando a oportunidade de mostrar que posso fazer a diferença tendo essa experiência. O que me encanta é que a jogadora que joga fora volta com outra vivência. Acho que engrandece a atleta, que ela volta para o Brasil com outra visão de jogo. E ter essa bagagem internacional é importante para quem almeja as Olimpíadas - explicou a atleta do Botafogo.
Para se encaixar neste perfil de duplas altas, a capixaba trocou até de posição. Antes bloqueadora, Elize jogou na defesa em sua última participação no Circuito Brasileiro, em Fortaleza, ao lado de Fernanda Berti. E a tendência é que ela continue na nova função nas próximas competições nacionais e nos eventuais compromissos internacionais defendendo o país.
- Acho que, com o tempo, a altura vai prevalecer mais na praia. Montar times altos é uma tendência que já está acontecendo em países lá fora, e acho que pode dar muito certo aqui também. Como três defensoras pararam agora (Renata, Larissa e Andrezza), parece que faltou gente na função. Surgiu essa opção de jogar atrás, e acabou aumentando a média de altura da dupla. Mas não adianta ser alta de não tiver habilidade e inteligência. Eu tenho esse desejo de seguir na defesa, e é uma motivação a mais para aprender essa função – disse a atleta, noiva do preparador físico da seleção, Vinícius Giorni.
As lições das passarelas
Nos quase cinco anos em que trabalhou como modelo, Elize aprimorou o inglês, aprendeu algumas palavras em japonês e, sobretudo, ganhou jogo de cintura. As viagens constantes e os horários pouco convencionais a deixaram mais safa e independente. Além disso, passou a regular a alimentação e a cuidar do corpo como instrumento de trabalho.
- Nas duas carreiras a rotina muda bastante com as viagens, principalmente com viagens ao exterior, com diferentes fuso-horários. Tanto na moda quanto no esporte você tem que ter disciplina alimentar. Tem que ter uma alimentação bacana, um corpo bacana. Imagino como isso deva ser necessário durante o Circuito Mundial. Se passar meses viajando sem uma alimentação certa deve ficar muito difícil de aguentar a demanda.
A preocupação com a aparência também foi algo que Elize desenvolveu ao trabalhar com fotógrafos e estilistas. Mesmo ressaltando que, em quadra, a beleza não ajuda, a atleta sabe trabalhar sua imagem pode ser um diferencial na hora de fechar acordos de patrocínio, por exemplo.
- Em quadra para jogar importa se você é inteligente e ágil. A beleza não tem qualquer relação. Mas ter uma boa imagem, ser bem apresentável, é algo que ajuda na captação do patrocínio. O resultado é importantíssimo, mas a postura fora de quadra também faz a diferença. É importante ter um pouco de vaidade, mas sem exageros.
O primeiro compromisso de Elize Maia pela seleção brasileira será na segunda etapa do Circuito Sul-Americano 2012/2013, dos dias 8 a 10 de fevereiro, em Viña del Mar, no Chile. A capixaba jogará novamente ao lado de Fernanda Berti, com Maria Clara e Ângela completando o time feminino verde-amarelo. No masculino, o país será representado por Thiago/Álvaro Filho e Evandro/Vitor Felipe.
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