Eleito com 1.307 votos, ele vendia doces em um cruzamento de Prudente há dez anos
Aos 51 anos, o vendedor ambulante Jailson Nascimento Pereira, mais conhecido como Zé do Gato (PRB), foi eleito vereador de Presidente Prudente com 1.307 votos, provocando duas reações: o entusiasmo das pessoas que se identificam com a "figura" ou a ira de muitos cidadãos, que protestaram nas redes sociais.
Tendo estudado até à quarta série do ensino fundamental, ele reconhece que lhe falta experiência para ocupar uma cadeira do Legislativo. Porém, irá se preparar. “Não sei o que um vereador faz, só que fiscaliza o prefeito”, afirma, completando que não sabe como são os processos do futuro trabalho.
“Mas eu vou me preparar. O partido está contratando um assessor, eu vou aprender para depois ver o que vou fazer como vereador. Vou ver também como os vereadores se comportam, como falam, para eu fazer igual. Na escola, você também não sabe nada e aprende, no serviço também. Depende do esforço de cada um”, argumenta.
E continua: “Muitos prometem e não fazem nada. Eu vou me preparar porque Prudente está parada e eu quero erguer essa cidade. Eu sei que a Câmara não é brinquedo, que é um lugar de responsabilidade. Dentro dela, tem que ter consciência”, diz ele, que se casou pela segunda vez há quatro meses e tem quatro filhos com a primeira esposa.
O valor do salário de um vereador prudentino é outro assunto que Zé do Gato diz desconhecer. Vendendo doces no cruzamento da Rua Rui Barbosa com a Avenida Coronel José Soares Marcondes há dez anos, ele ganhava R$ 80 por dia. “Mas só ficava com a metade, porque tinha que comprar as balas para vender no dia seguinte”, diz.
Copiar políticos da cidade é uma “arma” que Zé do Gato usa desde a campanha. “O Tupã é a minha inspiração. Eu via como ele se portava, como falava com as pessoas e tentei fazer igual”, conta ele, que quer ser chamado pelos outros parlamentares pelo nome e não pelo apelido.
Quanto à propaganda eleitoral, na qual dizia apenas que estava chegando, repetia o número e esganiçava como um gato, a ideia foi dele próprio com a ajuda do partido. “O apelido e a brincadeira com o barulho vêm desde quando eu vendia doces no sinal. Quando eu fiquei desempregado, ia vender os doces, mas ninguém comprava. Então, eu comecei a miar. As pessoas perceberam minha alegria e todo mundo começou a comprar os doces”, relembra.
Jailson decidiu ser político há pouco tempo, quando um jornalista sugeriu que ele se candidatasse. “Eu fiquei pensando nisso e veio o convite do Pérsio [Isaac, presidente do PRB), que me ajudou a organizar os documentos. Eu o conheço faz muitos anos, trabalhei para o pai dele, ajudei a mãe dele, conheci toda a família”, revela.
Estar na Câmara Municipal, a partir do ano que vem, é um sonho. “Eu já sofri demais e quero ser alguém na vida. Tem muita gente precisando de ajuda. Quando eu era do mundo, era humilhado pelas pessoas, mas eu sou um cara trabalhador, quero ter minhas coisas e passar alegria e amor ao coração das pessoas”, fala o futuro vereador, que é evangélico.
Ele ainda afirma que as pessoas podem esperar “coisas boas” dele na Câmara. “Vou mostrar trabalho para representar o eleitor. Vou andar pelos bairros e ver o que o povo precisa”, promete ele, que também pretende voltar a estudar.
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