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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Casas de madeira resistem ao tempo e quebram cenário de concreto em PP


Desde 1980 não são mais permitidas edificações com esse material, mas as que existiam ainda 'sobrevivem' na cidade


As casas de madeiras deixaram de ser construídas em 1980 em Presidente Prudente, depois que o código de obras do município proibiu este tipo de edificação. Mas, mesmo depois de 32 anos, dentre os 67.800 domicílios existentes na cidade, conforme o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 4.440 deles ainda são feitos predominantemente de madeira, o que equivale a 6,5% do total de casas.
“Um projeto de casa de madeira não pode ser aprovado atualmente. As residências que ainda existem na cidade são aquelas cujo morador é antigo. Esse tipo de construção persiste nos bairros mais antigos como Vila Marcondes, ali entre a Santa Casa e o Parque do Povo, mas são muito poucas”, explica o secretário de Planejamento de Prudente, Laércio Alcântara.
Ainda de acordo com ele, o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para construções de madeira tem um valor menor. “Esse cálculo é de acordo com o projeto original. Se há a demolição do imóvel para uma nova construção, o registro muda e o valor também”, ressalta Alcântara.
O secretário ainda acredita que daqui a aproximadamente 10 anos esse tipo de construção diminua ainda mais. “Hoje já temos em si um número pouco expressivo e a tendência é chegar a zero”, diz.
Se comparada com cidades do mesmo porte, percebe-se que em Prudente as casas de madeira têm resistido mais. Ainda de acordo com o Censo 2010, na cidade de Bauru tem 109.830 domicílios, dos quais 4.511 são de madeira, ou seja, 4,5% do total. Em Marília esse percentual é ainda menor: 1,9%, sendo de madeira 2.861 das 68.711 casas existentes.
A aposentada Maria Salete Alves Ferreira, de 69 anos e o técnico de som Daniel João Ferreira, de 34 anos, mãe e filho, que vivem em uma casa de madeira na Vila Verinha, em Prudente, contam que a casa nunca foi modificada. “No máximo fizemos uma pintura nova há 18 anos”, conta a mulher.
Paranaense, Maria revela que veio para a cidade ainda criança e a casa onde vive até hoje foi comprada pelos irmãos dela. “A casa é pequena, mas em época de Natal ela parece triplicar de tamanho de tanta gente que vem nos visitar”, conta, salientando ainda que mais de 40 pessoas passam as festas de final de ano em sua residência.
Daniel, filho mais novo de Maria, desde que nasceu morou na casa e apesar de ter vivido oito anos em Manaus, voltou recentemente para ficar com a mãe, já que seu pai faleceu há dois anos. “Gosto muito daqui, do bairro e da casa. Apesar de ser antiga, nunca tivemos problemas com cupim, chuva, de estrutura, nada. O sonho da minha mãe é ter uma casa de material pequena somente para nós dois. Mas por enquanto não temos condições e ficaremos aqui por tempo indeterminado”, diz.
A aposentada Julia Maria dos Santos, 81 anos, vive sozinha há 40 anos em uma casa de madeira alugada na Vila Ocidental. Ela fala que veio de Minas Gerais e sempre morou em casas de madeira.
“O único problema que vejo é com a limpeza. Parece que a madeira, por mais limpinha que casa esteja, aparenta que está suja, talvez por conta do tipo escuro que tenho no chão”, conta.
Ela revela que também tem um sonho de se mudar um dia para uma casa de material, mas que enquanto isso faz o possível para deixar sua casa o mais arrumada possível. “Nunca vi baratas e ratos aqui. Cupim é natural, infelizmente não temos como controlar. Mas apesar de pequena, tento cuidar da minha casinha para receber meus filhos e netos”, fala.
Dona Júlia vive há cerca de 40 anos em uma casa de madeira na Vila Ocidental (Foto: Erika Foglia/iFronteira)

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