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domingo, 2 de setembro de 2012

‘Chico do Prudentão’ é a história viva do estádio de Prudente

Caseiro há 32 anos, Francisco Bastos relembra 'causos' do campo prudentino, mas revela que não torce para nenhum time


Passam os anos, os prefeitos, os times de futebol, mas algo permanece no Prudentão: o caseiro Francisco Bastos, de 62 anos. “Acho que se fosse me candidatar a vereador teria que ser ‘Chico do Prudentão’, porque é como todo mundo me conhece”, brinca. Com 32 anos somente no estádio - inaugurado em 1982 -, ele conta histórias que mesclam sua vida e seu trabalho, o qual declara com franqueza ser seu único fanatismo.
“Quando o prefeito da época subiu no trator para dar início às obras eu vim para cá. Aqui era uma chácara de uva, que tinha um chiqueiro de porco e uma mina”, fala Chico. Ele, que é mais lembrado como caseiro do Prudentão, na verdade é registrado na PRefeitura Municipal como encarregado geral, função pela qual já está inclusive aposentado.
Antes de se tornar funcionário público e chegar ao Prudentão, Chico até jogou futebol. “Fui lateral do América do Jardim Paulista. Naquele tempo a gente levava o calção, a meia e a chuteira. Viajava na carroceria de caminhão. Jogava com base no amor ao esporte. Eu estava na flor da idade, com 16, 17 anos. Mas casei com 19 e logo comecei a trabalhar para a Prefeitura”, relata o caseiro, que tem quatro filhos.
Como um bom brasileiro e ex-jogador de futebol, Chico também entende das regras em campo, até porque já chegou a bandeirar alguns jogos. “Fui bandeira da Liga Prudentina de Futebol da categoria junior, mas a idade vai chegando, o corpo não aguenta. Larguei com 48 anos”, revela.
Mesmo com um histórico forte de envolvimento com o futebol, Chico é determinado quando diz que não é torcedor de nenhum time. “Quando o pessoal da Federação Paulista de Futebol [FPF] vem para cá, eles me dão o colete. A primeira coisa que eles falam é que quando você está dentro do campo não é para torcer para nenhum time. Eu torço para o meu trabalho”, salienta o encarregado.
E se falta um time no coração, sobra espaço para o amor e dedicação ao trabalho. Chico fala que quem chega ao Prudentão para jogar ou assistir jogos, nem imagina todo trabalho que é feito.
“Tem que lavar as cadeiras cativas e as mais de 2 mil de plástico, passar pano nas cabines da imprensa, cortar a grama, riscar o campo, deixar arrumado os vestiários, ver se não tem pedras. Tudo precisa estar conforme as determinações da federação”, descreve.
Chico também já morou em uma casa dentro do Prudentão, onde ficou por 25 anos. “Ficava no meio do vestiário, mas pedi uma casa fora porque um estádio não é lugar para uma família morar. Mas quando deixar meu cargo, vou sair dessa casa”, confessa.
Dentro ou fora, ele já presenciou diversos fatos, mas quando questionado sobre os considerados “marcantes” ele rapidamente recorda de um, que não é a respeito de jogo, mas também é dentro de campo.
“Na época do Doutor Celso Nespoli [que foi presidente do Esporte Clube Corintians de Prudente], ele trouxe um pai de santo de Londrina [SP], mataram um coitado de um bodinho preto e enterraram no meio do campo. Quando foi feito o novo gramado, foram arrancar a grama e acharam a tigela de barro e a cabeça do animal. Aí vieram em cima de mim”, conta Chico, aos risos.
Histórias de brigas ele até se recorda, mas fala que casos de violência extrema acontecem mais na capital. Mas se tem um assunto que ele fala com orgulho é sobre o gramado. “Antes era a [grama] mato grosso. era mais dura. Agora que é a bermuda é macio o campo. Quando os técnicos de time grandes elogiam a grama me dá muita satisfação. É quando me envaideço”, destaca Chico.
Para ele, foi a grama também um dos fatores que levaram a Fifa e o Comitê Organizador Local (COL) a aprovarem o estádio, que faz parte do catálogo da Copa de 2014. “Eles olharam debaixo da grama e acharam excelente”, orgulha-se.
Agora, Chico torce para que o Prudentão seja escolhido como um dos centros de treinamento e garante que será o auge do estádio, além de ser “muito bom para a cidade”. Porém, para ele só vai ter um problema: “A única dificuldade é que eu vou ter que aprender a falar inglês”, brinca Chico, em meio a risadas.
Ele está aposentado e continua trabalhando, mas não sabe até quando. “Se o novo prefeito ainda me quiser aqui eu vou ficar. Eu amo aqui e amo o que faço. Porém, se não me quiserem eu vou pegar meu carrinho e tirar um tempo para passear com minha esposa”, planeja.
Mas, independentemente do futuro, ele já faz parte do passado do estádio, que é composto todos os dias com o trabalho sempre presente de Chico, que diz sorridente: “O Prudentão tem a minha cara”.



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